Absolutismo tucano em São Paulo

Portal Plantão Brasil
26/1/2016 15:18

Absolutismo tucano em São Paulo

O conceito da separação dos poderes é um modelo de governar cuja criação é datada da antiga Grécia e a essência desta teoria se firma no princípio de que os três poderes que formam o Estado (legislativo, executivo e judiciário) devem atuar de forma separada, independente e harmônica, mantendo, no entanto, as características do poder de ser uno, indivisível e indelegável

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Por Pedro Maciel



Absolutismo tucano em São Paulo Absolutismo tucano em São Paulo

"(...) tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo corpo dos principais ou dos nobres, ou do povo, exercesse esses três poderes: o de fazer leis, o de executar as resoluções públicas, e o de julgar os crimes ou as divergências dos indivíduos". (Montesquieu)



O objetivo dessa separação é evitar que o poder concentre-se nas mãos de uma única pessoa, para que não haja abuso, como o ocorrido no Estado Absolutista, por exemplo, em que todo o poder concentrava-se na mão do monarca. A passagem do Estado Absolutista para o Estado Liberal caracterizou-se justamente pela separação de Poderes, denominada Tripartição dos Poderes Políticos.



No Estado de São Paulo a uma subversão dessa teoria, pois o Secretário de Segurança Pública do Estado, nomeado pelo governador, é Alexandre de Moraes, Promotor de Justiça provavelmente licenciado de suas atribuições, pois vem ocupando outras funções desde 2002. Merece registro que seu antecessor Fernando Grella Vieira é também membro destacado do Ministério Público do Estado. Fato é que a presença de membros no MP no governo tucano não é novidade, na mesma secretaria podemos lembrar ainda de Marco Vinicio Petreluzzi e Saulo de Castro Abreu Filho.



Evidentemente o MP não é um Poder, mas o Ministério Público e a figura do Promotor Público representa a comunidade através do Poder constituído, sempre tendo presente o interesse coletivo, no âmbito da União, dos Estados Membros e Municípios, por isso creio que há, em tese, um conflito de interesses insuperável para situações como essa.



Agora o Governador convidou o Desembargador Renato Nalini, ex-presidente do Tribunal de Justiça do Estado, para desempenhar as funções de Secretário Estadual de Educação, o convite foi aceito. Não estou a discutir aqui as qualidades de Renato Nalini, afinal ele é membro da Academia Paulista de Letras e professor universitário. O ponto aqui é outro.



O que me inquieta é essa evidente hiper proximidade de Geraldo Alckmin no Ministério Público e Judiciário paulistas e a possível influência do PSDB no Poder Judiciário e no Ministério Público.



A não observância da separação dos poderes e a não independência do MP podem trazer consequências muito ruins para a democracia.



Bem, vamos a um exemplo concreto de problemas... Foi deflagrada a Operação Alba Branca, e nas investigações, que envolvem fraude em contratos entre a Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar e a prefeituras do estado, fraudes na compra de produtos agrícolas, vendidos pela Coaf, destinados à merenda escolar de prefeituras e do Governo de São Paulo. Parabéns ao MP!



A investigação também cita como supostos envolvidos o presidente da Assembléia Legislativa de São Paulo, deputado Fernando Capez (PSDB), o presidente estadual do PMDB, deputado federal Baleia Rossi e o ex-chefe de gabinete da Casa Civil do governo Geraldo Alckmin (PSDB), Luiz Roberto dos Santos.



Vejam só que beleza...



Por ser presidente da Assembléia, Fernando Capez só pode ser investigado pelo Procurador Geral do Estado, Márcio Elias Rosa, colega de profissão do próprio Capez e também colega de Alexandre de Moraes, secretário de segurança pública do estado e também membro do MP.



A assessora direta do Procurador Geral e nomeada para cargo de confiança por ele é a esposa de Fernando Capez, Valéria Palermo Capez . Valéria é responsável por receber as citações, notificações e intimações dirigidas ao Ministério Público e ao Procurador Geral.



E não é só. Em 2013, Geraldo Alckmin nomeou a mulher de Márcio, Carla Elias Rosa, para trabalhar na Casa Civil como assessora jurídica do governo.



E o Judiciário que vai futuramente julgar tudo isso foi presidido "até ontem" por Renato Nalini, atual Secretário de Educação do Estado.



Espetacular!



O conflito de interesses é absolutamente claro. Mas talvez valha a máxima de Jorge Pozzobom, do PSDB do Rio Grande do Sul, que depois de um bate boca no Twitter afirmou confiante: "Por não ser petista não corro o risco de ser preso".



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