A ESTRANHA HISTÓRIA DO LIVRO QUE MORO PREFACIOU

Portal Plantão Brasil
9/6/2015 11:41

A ESTRANHA HISTÓRIA DO LIVRO QUE MORO PREFACIOU

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Helena Leardini não ficou feliz com o livro











O livro da Vana Lopes era ideia de outra pessoa?



Sim. A ideia foi da Teresa Cordioli, uma vítima que foi abusada pelo Roger Abdelmassih nos anos 70. Eu a acompanhei quando foi ouvida, a gente se emocionou e ficou muito amiga. Fui passar férias em Santa Catarina e lá ela falou do livro pra mim, em fevereiro de 2011. Já escrevia poesia e eu perguntei se ela queria mesmo escrever sobre isso. Ela estava travada no texto e eu a ajudei a ter calma, oferecendo ajuda. Achei legal a ideia e chamamos mais vítimas para montar todo o livro.



Para ser sincera, eu não tenho tempo pra cuidar dessa campanha contra o Roger de internet. A Tereza também não faz tanto isso. A Vana fica o tempo todo na internet e cobrando as pessoas por telefone. Eu sei disso porque era muito próxima dela e dava caronas de carro. A Vana Lopes pegou o papel de pessoa para contar a verdade diante do público.



Quer um exemplo? A gente estava criando a associação das vítimas. Ela disse que seria a líder e eu disse que não podia ser assim. Seria então mais justo uma votação. Acabei votando na Teresa, a vítima mais antiga. Eu fiquei como vice.



Mesmo não sendo líder, quando a revista Veja soltou um texto que nos expunha, a Vana Lopes decidiu agir. Enquanto a Teresa ficou com medo de ser perseguida, a Vana entrou em contato com a Veja para colocar que ela era a responsável pelos documentos que expunham a Teresa.



Ela sempre pedia várias coisas, inclusive para ajudar com a comunidade das vítimas. A Vana ligava pedindo para escanear documentos. Antes de assumir o livro, já tinha um jeito todo jogado que tentava conseguir sempre o que ela queria.



Como ela tomou conta da narrativa?



Ela nos mandou o contrato do livro em setembro do ano passado. A filha da Teresa Cordiolli, a Rafaela, que é advogada, viu no papel que os direitos autorais seriam todos dela. Achei que algo estava errado. Antes disso, a Vana disse que tudo seria dividido entre as vítimas. A própria Teresa cobrou que o livro saísse no nome de todas nós.



A conversa que confirmou minhas suspeitas aconteceu dentro do meu carro. Numa carona, a Vana disse abertamente que o livro seria sua aposentadoria. Falei pra ela cair na real. Eu disse: “Você acha que vai ficar rica, mas isso não vai vender nada. O povo não lê nem gibi”.



A verdade é que ela queria ser a querida da mídia. Ali caiu a ficha para ela. Achou que devia fazer o livro sozinha. Como eu era a mais próxima dela, passei a ver as máscaras caindo. Ela ligava pro portal G1, prometendo uma reportagem exclusiva. E ligava em seguida pra Veja, prometendo a mesma coisa. Puxei a orelha dela, porque a Vana falava e ainda se expressa em nome de todas as vítimas.



Como entrou o Claudio Tognolli, biógrafo do Lobão, na história? E como ela conseguiu o prefácio do juiz Sérgio Moro, da Operação Lava Jato?



A Vana Lopes sempre teve um contato com a editora Matrix, que acabou lançando o livro. Mas era outro cara que ia escrever o livro. No entanto, ela tinha o contato do Romeu Tuma Jr. [que lançou “Assassinato de Reputações” com Tognolli]. Acredito que ele tenha facilitado a entrada do Tognolli.



Quanto ao Moro, a Vana o conheceu quando foi indicada a página Vítimas Unidas para concorrer ao prêmio do jornal O Globo, o “Faz Diferença”. Ela concorria à mesma categoria do Sérgio Moro, mas ele acabou como “personalidade do ano”. Acredito que ela tenha conseguido o prefácio do livro ali.



Todo esse envolvimento da Vana Lopes com a mídia afetou as investigações do Roger Abdelmassih?



Sim. Acho melhor eu te explicar como foi a história da captura dele no Paraguai, em agosto de 2014.



O grande responsável pela captura do Roger foi o repórter Leandro Sant’Ana, da Record. O Leandro entrou nessa depois de uma reportagem da revista Poder, da Joyce Pascowitch. O jornalista mandou email para a Vana e para outras vítimas. A resposta veio imediatamente. Era um cara de TV e ela viu uma oportunidade para se expor ali.



A Vana Lopes falava direto com a imprensa e isso irritou o Leandro Sant’Ana. Ele então tentou pregar uma peça nela. Divulgou que estava em outra cidade, fora do Paraguai, e não deu mais informações. Quando Leandro conseguiu denunciar o Roger para a Polícia Federal, ele avisou a TV Record.



E então ligou para a Vana e pediu para ela não conversar com ninguém além das vítimas porque ele daria a notícia. O furo era dele.



A Vana ligou, novamente, prometendo uma exclusiva para a Veja, conversando com a jornalista Bela Megale. E ainda deu a informação errada de que o Roger Abdelmassih tinha sido preso no Brasil. A prisão ocorreu no Paraguai e o Leandro omitiu isso de propósito. A reportagem da Record então foi ao ar com os dados corretos.



A Vana Lopes sacaneou as vítimas e o repórter que mais bem acompanhava o caso e que efetivamente nos ajudou a encontrar aquele monstro.



Quanto ela e Tognolli distorceram a história real no livro?



Eu não li o livro inteiro ainda. O Leandro está preparando o dele e aponta diversos erros e fatos fictícios. Nós estamos ajudando.



As pessoas vêem o lançamento do livro dela com o Sergio Moro e dão credibilidade pois não conhecem os fatos. Essa história não é só a da Vana.





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