853 visitas - Fonte: Jornal GGN
O jornalismo brasileiro produz, na sua ânsia de “ideologizar” o capital e as disputas econômicas mundiais, alguns momentos inesquecíveis.
Hoje, a capa de seu caderno de Economia dedica-se à “ameaça vermelha”: “China exigirá compensação pelo empréstimo de US$ 3,5 bi à Petrobras, dizem especialistas”
Uai, e não é pra querer que paguemos, se estão emprestando?
A reportagem leva exatos 13 parágrafos para deixar Leonardo Valente, professor de relações internacionais da UFRJ, lembrar o obvio: que “nenhum empréstimo é de graça, nem os concedidos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) ou pelas potências ocidentais, nem os concedidos pela China”.
Antes, temos de ler Rubem Barbosa, o gênio diplomático do governo Fernando Henrique na Embaixada brasileira nos EUA, dizer que “as condições do empréstimo para a Petrobras não foram divulgadas, mas devem estar vinculadas ao fornecimento de petróleo e talvez de equipamentos ”
Sério? Não brinca!
E qual é o problema?
A ânsia de dar a entender um “invasão chinesa” chega ao ponto de imaginar que “a contrapartida exigida pela nação asiática são a realização de obras de infraestrutura com máquinas e equipamentos e trabalhadores do país asiático”.
Como assim, “nhonhô”? Igual àqueles filmes de “velho oeste” onde os chineses, de rabinho de cavalo, assentavam trilhos e dormentes das ferrovias dos Estados Unidos?
Vocês não se deram conta de que a China é uma potência mundial? Que é o maior credor dos títulos do tesouro americano? Que é o maor destino das exportações brasileiras?
Os Estados Unidos querem emprestar dinheiro a longo prazo, barato ou pago em mercadorias? Querem investir no petróleo brasileiro, como minoritários, sem o controle das jazidas?
Não tem problema, o Brasil topa.
Mas, se não querem, não venham com essa de que a China “exigirá compensações”…Quem empresta dinheiro sempre exige. Se não exigisse é que seria um escândalo, porque seria subsídio político-ideológico.
O objetivo, tolo, da matéria é esse, tudo, claro, ilustrado com a foto de um “guarda vermelho” (na verdade um segurança do banco deles lá) para deixar bem claro o “perigo comunista”.
Isso é coisa daquele tempo onde parecem andar certas cabecinhas de dinossauro, que viviam falando no tal ouro de Moscou e de Pequim.
Meia página de jornal para escrever um troço destes deveria ser considerado crime ambiental.
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