575 visitas - Fonte: jornalGGN
A Operação Lava Jato e o ajuste fiscal têm creditado em sua esteira milhares de demissões. A matéria é do jornal Estado de S.Paulo assinada por Renée Pereira. Segundo apurado, o setor de construção civil já fechou 241.580 postos de trabaho desde setembro do ano passado, quando a Polícia Federal intensificou investigações, de acordo com dados do Caged. Além disso, o governo atrasa pagamentos para as construtoras, que estão descapitalizadas.
Lava Jato e pacote de ajuste fiscal do Ministério da Fazenda, juntos, além de burocracia e brigas contratuais, segundo o jornal, fez com que muitas obras fossem paralisadas, ou caminhem muito lentamente, pelo Brasil.
O Estadão sondou sindicatos do setor de construção pesada e levantou quase 30 grandes projetos estão em ritmo extremamente lento e muitos com demissões em massa.
Nos primeiros dois meses deste ano, mais de 35 mil vagas no setor de construção civil foram fechadas, ainda de acordo com o Caged - o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho e Emprego. Voltando a setembro de 2014, quando as investigações da Lava Jato ficaram mais intensas, o número sobe para 241.580, em cenário oposto ao início de 2014, quando o país vivia o chamado 'apagão' da mão de obra.
No começo de 2014, com muitos projetos, as empresas precisavam se virar para preencher as vagas. No primeiro bimestre do ano passado, foram abertas mais de 63 mil vagas. Mas com o desempenho mais fraco da economia, o fim das obras da Copa e a Operação Lava Jato fizeram o setor amargar.
O PIB (Produto Interno Bruto) da construção civil, um dos motores de crescimento do país, caiu 5,6% em 2014, e pode cair o mesmo tanto este ano, segundo cálculos da GO Associados a pedido da Associação Paulista dos Empresários de Obras Públicas (Apeop). A maior preocupação está em continuar os atrasos de pagamentos do governo federal aos construtores.
Segundo noticia o Estadão, desde o ano passado o governo vem atrasando pagamentos como instrumento para fechar suas contas e manteve a prática no início deste ano com a demora na votação da Lei Orçamentária e por causa do ajuste fiscal proposto pela Fazenda. Em situação normal, as empresas até conseguiriam suportar atrasos com empréstimos bancários, afirma a Apeop.
Os bancos, por seu turno, fecharam os cofres para novos créditos às empreiteiras com o escândalo de corrupção nos contratos da Petrobras. Sem dinheiro, empreiteiras optaram pelas demissões e mantiveram poucos trabalhadores nos canteiros de obras para não terem contratos rompidos.
Na linha de tiro estão grandes proejtos estruturantes, ou seja, aqueles que têm capacidade para desenvolver regiões e empregar grande quantidade de pessoas. Na lista temos trechos da transposição do Rio São Francisco, Ferrovia da Integração Oeste-Leste (Fiol), Cinturão das Águas do Ceará e Rodoanel Norte de São Paulo, além dos grande projetos da Petrobrás que estão em ritmo lento. "O Brasil está parado. As obras não avançam", reclama o presidente do Instituto de Engenharia, Camil Eid.
O que deveria se tornar locomotiva de desenvolvimento se transformou em pesadelo, diz a matéria. "Nas cidades onde estão grandes projetos, os pequenos empresários que investiram em restaurantes, hotéis e empresas de transporte estão endividados e sem dinheiro para pagar os bancos", afirma Irailson Warneaux, do Sindicato dos Trabalhadores nas indústrias da Construção da Bahia (Sintepav-BA).
Do lado dos trabalhadores, a situação é grave. Muitos estão desempregados e sem receber as indenizações que teriam direito. O representante do Sintepav-CE, Evandro Pinheiro, conta que as obras do Cinturão das Águas estão praticamente paradas. De dezembro pra cá, diz o sindicalista, cerca de 4,5 mil trabalhadores foram demitidos no projeto, que pretende atender 93% do Estado por meio de canais e túneis.
"O problema é que os consórcios subcontrataram outras empresas, que foram embora e não pagaram 13.º salário nem FGTS dos funcionários. Muitos continuam sem receber as indenizações e estão em situação delicada." A paralisia do projeto deve-se à redução do ritmo de repasses do governo federal ao Estado, diz a Secretaria de Recursos Hídricos do Ceará.
Em nota, o Ministério da Integração Nacional afirmou que fez repasse de recursos neste mês. Responsável pelas obras, o órgão garante que o fluxo de pagamento às empreiteiras do projeto continua normal, apesar das demissões que ocorrem.
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