RENAN FILHO: 'ALAGOAS SERÁ EXEMPLO EM GESTÃO'

Portal Plantão Brasil
21/3/2015 10:52

RENAN FILHO: 'ALAGOAS SERÁ EXEMPLO EM GESTÃO'

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352 visitas - Fonte: Brasil 247

Mais jovem governador do País, com apenas 35 anos, o economista Renan Filho, de Alagoas, encara os maiores desafios na administração pública. Seu estado aparece em primeiro lugar como o mais violento do País e em último na avaliação do Ideb, que mede os resultados da educação básica. "São duas colocações que nos envergonham e que não serão mais ocupadas por Alagoas no fim do meu mandato", disse Renan Filho, ao 247. Nos dois primeiros meses do ano, Alagoas foi o estado cuja arrecadação mais cresceu: 13%. "Não cobravam, havia uma associação entre a elite do poder econômico e o poder público". Na entrevista, ele falou também sobre o momento nacional: "a decisão tomada na última eleição deve ser respeitada";



Mais jovem governador do País, com apenas 35 anos, Renan Filho, de Alagoas, encara os maiores desafios na administração pública. Seu estado aparece em primeiro lugar como o mais violento do País e em último na avaliação do Ideb, que mede os resultados da educação básica. "São duas colocações que nos envergonham", disse Renan Filho, ao 247.



Formado em economia pela Universidade de Brasília, ele se vê como um político pragmático, disposto a buscar resultados rápidos para a população. "Alagoas é um estado pequeno, mas muita coisa pode ser feita. Um dos tipos mais nefastos de corrupção é o desvio de prioridade, ou seja, dispender recursos públicos com aquilo que não é necessário, ou é menos necessário".



Como exemplo, ele cita que Alagoas chegou a ter 500 policiais lotados no palácio de governo. "Lugar de policial é na rua", diz ele, que manteve apenas a segurança pessoal dos chefes dos poderes. Com mais segurança na rua, alguns resultados que já surgiram foram a redução dos índices de criminalidade e a percepção de segurança pela população. Além disso, Alagoas foi o estado cuja arrecadação mais cresceu nos primeiros meses do ano.



"Não cobravam, havia uma associação entre a elite do poder econômico e o poder público". Leia, abaixo, a íntegra de sua entrevista aos jornalistas Leonardo Attuch e Voney Malta:



247 - Alagoas é hoje com maiores desafios na área social, seja na segurança, na educação ou no desenvolvimento humano. Qual é a capacidade de resposta do estado?

Renan Filho - O momento é muito difícil, pois soma esses maus indicadores sociais com as dificuldades econômicas. No entanto, aqui há também muita ineficiência no uso de recursos. Nos últimos dois anos, por exemplo, o estado teve R$ 1,2 bilhão para investimentos, mas os investimentos que foram feitos não preparam o alagoano para o futuro. Ainda assim, há muito o que pode ser feito para, ao menos, colocar Alagoas na mesma velocidade dos outros estados do Nordeste.



247 - Alagoas foi um retardário no boom econômico do Nordeste?

Renan Filho - Se estivéssemos disputando uma corrida de carro, Alagoas tem um motor mil, enquanto os outros do Nordeste têm motor 2.0. Mas é inegável que o estado de Alagoas se beneficiou de políticas federais, como os programas de renda, de aumento do salário mínimo e de acesso ao crédito e à bancarização. Isso ajudou o estado, mas não garantiu que Alagoas crescesse na velocidade dos vizinhos.



247 - Qual o motivo principal?

Renan Filho - Falta aqui educação. O motor para que o carro vire 2.0 é melhorar a educação e a produtividade do alagoano. Colocar a educação na prioridade 1 é o foco do nosso governo. Todas as demais áreas do governo melhoram, quando a educação melhora. Quando isso acontece, cai a violência, melhora a saúde, aumentam as oportunidades no mercado de trabalho.



247 - Quais as prioridades na educação?

Renan Filho - Destaco três pontos. O primeiro é alfabetizar a criança na idade certa, para que ela abra, com mais facilidade, as próximas portas da vida. A segunda é combater a evasão escolar. Quando o jovem sai da escola ele perde as oportunidades e muitas vezes termina no mundo do crime. Nesse ponto, há uma peculiaridade. Alagoas é o estado com o maior porcentual de 'nem-nem', de pessoas que nem estudam, nem trabalham. É mais de 20%. O terceiro ponto é a escola em tempo integral, profissional, para preparar o jovem alagoano para o mercado de trabalho.



247 - Existem recursos?

Renan Filho - Existem sim. Mas o que importa é priorizar o mais importante. Nosso governo tem três princípios: ética, transparência e proximidade. Trocando isso em miúdos, ética é comprar o que precisa a preço justo. Transparência é mostrar ao cidadão o que o estado está fazendo. Proximidade é governar perto das pessoas. No passado, não eram esses os princípios de Alagoas, que era vítima também de uma forma de corrupção muito danosa: a da falta de prioridade. O que é isso? Você escolher o que não é prioritário para o cidadão.



247 - Por exemplo?

Renan Filho - Tínhamos aqui dois contratos que somam R$ 90 milhões/ano. Um de transporte escolar, um de vigilância armada. Os dois podem ser feitos de forma bem mais barata e o que sobra disso tem que ser aplicado na sala de aula. Alagoas é um estado pequenininho, com bem menos alunos do que o Ceará, e nós gastamos mais com transporte do que eles.



247 - Alagoas é último estado na avaliação do Ideb. Qual a sua meta num horizonte de quatro anos?

Renan Filho - No mínimo, chegar à média dos estados do Nordeste. Há como avançar bastante. Principalmente na educação fundamental, onde o resultado é mais rápido. No ensino médio, já existe um passivo, mas iremos preparar os jovens para o mercado de trabalho. Por exemplo: aqui em Maceió, foi instalada uma empresa de call-center. Saiu do Sudeste e veio para cá em busca de um custo menor. Mas muitos ainda não estão preparados para um serviço simples. O trabalho na educação já começou e estamos inaugurando a primeira escola em tempo integral.



247 - Na criminalidade, por que Alagoas tem indicadores tão piores do que os de outros estados?

Renan Filho - Eu tenho uma tese. Alagoas reúne alguns fatores: alta densidade demográfica, a associação entre pobreza e tráfico de drogas, e o abandono do aparato de repressão policial. Para resolver isso, precisamos de políticas sociais e de valorização do trabalho das polícias. Agora, o nosso trabalho já apresenta resultados. Eu acompanho diariamente a questão da violência. Nesses menos de três meses, já reduzimos todos os indicadores: roubo, furto, latrocínios e homicídios.



247 - Como isso foi feito?

Renan Filho - Um dos principais pontos foi o aumento da presença policial. No ano passado, para cada 40 carros parados, dois motoristas apresentavam sinais de embriaguez. Hoje, para cada 85 veículos, um. A sociedade percebe uma maior presença policial. Isso gera expectativa de segurança. Vamos tirar de Alagoas algo que muito nos envergonha: o título de estado mais violento do País. A partir daí, vamos continuar na busca incessante da paz, porque Alagoas sempre foi um estado, historicamente, tranquilo.



247 - Que medidas foram tomadas?

Renan Filho - Quando eu assumi o governo, não havia um helicóptero voando. Hoje, tem quatro. Dois próprios, um alugado e um da Força Nacional, que está aqui. Em todos os poderes, havia gabinetes militares gigantescos. Este palácio chegou a ter 500 policiais. Quando eu assumi, eram 140. Eu tirei todos os eles, que voltaram para as ruas. Garanti apenas segurança pessoal para os chefes dos poderes. O lugar dos policiais militares é nas ruas. A população aplaudiu a medida. Além disso, houve a mudança de atitude, com mais cobrança e acompanhamento. Outra coisa importante é a redução da impunidade. Havia aqui um fatalismo com o crime, o que o retroalimentava. Estamos combatendo fortemente a impunidade.



247 - Como é hoje a situação fiscal de Alagoas?

Renan Filho - Eu encontrei o estado com a situação muito abalada. Já recebemos o estado com o limite máximo da Lei de Responsabilidade Fiscal estourado, com mais de 49% da receita com a folha. O governo anterior recebeu com menos de 45%. Além disso, temos outro problema: 15% da receita destinado a pagamento de dívida, dos quais R$ 2 bilhões contraídos nos últimos anos. Temos mais 11% para financiar o déficit da previdência. A situação é dura, mas Alagoas foi, em janeiro, o estado que mais cresceu em arrecadação de ICMS no mês de janeiro, com alta de 13%.



247 - O que explica esas alta?

Renan Filho - Não cobravam, havia uma associação entre a elite do poder econômico e o poder público, que todo o Brasil conhece.



247 - Quais são hoje as principais oportunidades econômicas para o estado?

Renan Filho - Alagoas tem força na agricultura, por conta do setor sucroalcooleiro, que vive uma crise, mas uma crise que vem sendo mitigada. Essa é uma vertente. Essa crise deve nos motivar a buscar uma diversificação maior. Várias outras cadeias produtivas podem ser potencializadas, como as do químico e do plástico. Temos aqui uma grande planta industrial e precisamos atrair novas empresas. Outro setor importante é o da cerâmica. Uma vantagem comparativa considerável é o fato de sermos grandes produtores de gás, com preço determinado aqui e não pelo presidente boliviano Evo Morales. Ou seja: todas as indústrias gás intensivas devem levar Alagoas em consideração.



247 - E o turismo?

Renan Filho - Alagoas já vem galgando degraus, mas vamos correr mais rápido com isso. Já somos novamente o terceiro destino turístico do Nordeste, mas ainda podemos crescer mais.



247 - Qual é, na sua opinião, a imagem de Alagoas, fora do estado?

Renan Filho - Do ponto de vista de belezas naturais, fantástica. Mas é também visto como um estado de muita contradição. É um estado com poucos milionários e muita gente em dificuldade. O turismo no Nordeste, no entanto, está vinculado a sol e praia. E Alagoas é, sem dúvida, o pedacinho mais bonito do Brasil. De um lado banhado pelo Atlântico, com água quente. Do outro lado, pelo São Francisco, com paisagens também belíssimas. Além disso, temos cidades históricos como Penedo, Marechal Deodoro. E Maceió, ao contrário de outras capitais, tem uma orla limpa. No litoral, Maragogi já vem se tornando um dos grandes destinos do País. E estamos batalhando para construir um apartamento regional. Com aeroporto, vai disputar com Porto Seguro, Porto de Galinhas.



247 - Qual será o trabalho de imagem para vender Alagoas?

Renan Filho - Sim. Vamos trabalhar duro nisso. A imagem dialoga com tudo, não só com o turismo, mas também com segurança, com credibilidade e com auto-estima. Nossa narrativa vai resgatar a auto-estima do alagoano e vai melhorar a imagem de Alagoas fora do estado. Alagoas precisa colocar entrar de vez no século 21. Muitas coisas aqui ainda estão no século 20 e há práticas do século 19.



247 - Como o sr. vê o momento político nacional?

Renan Filho - O Brasil vive um momento difícil, porque alia uma crise econômica a uma crise política. O importante é que as instituições funcionem. O governo tem de governar e a oposição tem de ser oposição. Mas com uma ressalva: é preciso aguardar chegar a próxima eleição. A força institucional que o Brasil tem hoje não pode ser colocada em xeque. Eu sou sempre contra a qualquer tipo de golpe. A decisão tomada na última eleição deve ser respeitada.



247 - Há um terceiro turno?

Renan Filho - Na cabeça de alguns personagens, talvez. Mas não vejo isso como um sentimento majoritário. Grandes lideranças da oposição respeitam a legitimidade do mandato da presidente Dilma e querem se preparar para 2018, não para qualquer tipo de atalho.





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