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Começou por volta de 10h30 a sessão da CPI da Petrobras convocada para ouvir o depoimento do ex-diretor da estatal Renato Duque. O depoente, no entanto, disse que exercerá o direito de permanecer em silêncio. Ele disse que vai responder ao Judiciário todas as acusações feitas contra ele.
O ex-diretor da Petrobras é mencionado como destinatário do pagamento de propinas por pelo menos cinco delatores da Operação Lava Jato: o ex-gerente de Tecnologia da estatal Pedro Barusco, o ex-diretor Paulo Roberto Costa, o doleiro Alberto Youssef e os empresários Júlio Camargo e Augusto Mendonça Neto. Ele nega as acusações.
Em liberdade desde dezembro do ano passado, Duque foi detido novamente a pedido do Ministério Público, que o acusa de ter movimentado recursos no exterior mesmo depois de deflagrada a Operação Lava Jato.
O presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), assinou, na quarta-feira 18, uma suspensão ao ato da Mesa Diretoria, número 82, de 12 de julho de 2006, que proíbe que detentos sejam ouvidos em depoimento na Câmara dos Deputados. A decisão vale apenas para que seja tomado o depoimento de Renato Duque.
Segundo as investigações, Duque transferiu 20 milhões de euros (R$ 70 milhões) da Suíça para Mônaco. Além de Duque, membros da CPI da Petrobras devem ouvir o executivo Julio Faerman, representante da holandesa SBM no Brasil. Faerman é apontado pela Polícia e pela Justiça Federal como lobista responsável por intermediar pagamentos de propina de pelo menos US$ 30 milhões a funcionários da Petrobras.
O presidente da CPI da Petrobras, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), explica em que condição Duque será ouvido pelos deputados: "Na condição de investigado. Ele é réu no processo. Nós temos a expectativa de que possa ajudar nas investigações".
Depoimento de Vaccari
Na terça-feira da semana que vem, depois do interrogatório de Duque, a CPI vai se reunir para votar novos requerimentos de audiência. Vários deles pedem que seja ouvido o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.
O depoimento é defendido por parlamentares da oposição, como explica o deputado Antonio Imbassahy (PSDB-BA): "Acho fundamental que o tesoureiro do PT, o João Vaccari, que foi denunciado, seja convocado para prestar seus esclarecimentos".
A convocação de Vaccari é dada como certa na CPI. O relator da comissão, deputado Luís Sérgio (PT-RJ), já admite o interrogatório do tesoureiro do PT: "No momento oportuno, este requerimento será avaliado. Na minha avaliação, ele virá à CPI para prestar os esclarecimentos que deve à sociedade brasileira".
Propina de R$ 10 mi
Vaccari também foi apontado pelo vice-presidente da empreiteira Camargo Corrêa, Eduardo Leite, como destinatário de uma propina de R$ 10 milhões na forma de doação oficial ao PT.
Essa linha de investigação lança suspeitas sobre doações oficiais de campanha feitas aos partidos, como explica o deputado Ivan Valente (Psol-SP): "A situação se misturou tanto que 60% dos parlamentares receberam doações das empresas implicadas diretamente no processo da Lava Jato. As pessoas não sabem nem o que é propina nem o que é dinheiro oficial para os partidos ou para os mandatos. Isso é muito grave".
Outros depoimentos
A CPI da Petrobras já decidiu a ordem dos próximos depoimentos. Depois de Renato Duque, serão ouvidos o empresário Júlio Faerman, ex-representante da SBM Offshore (dia 26/03); Glauco Legati, gerente da refinaria Abreu e Lima (dia 31/03); e Hugo Repsold, diretor de Gás e Energia da Petrobras (dia 07/04).
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