FAZER ALIANÇAS É NECESSÁRIO, DESASTROSO É PERDER A IDENTIDADE

Portal Plantão Brasil
18/3/2015 14:15

FAZER ALIANÇAS É NECESSÁRIO, DESASTROSO É PERDER A IDENTIDADE

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425 visitas - Fonte: Tijolaço

Muitas vezes os leitores, talvez levados pelo tom com que a blogosfera – que não é toda igual, também erra e tem como diferencial essencial a sinceridade com que se expressa -, acreditam que se está a exigir uma “radicalização” do Governo Dilma.



É possível que muitos o pretendam.



De minha parte, digo que não.



O que se espera do Governo Dilma é mudança,na política e na economia, sem o que qualquer “ação de comunicação” – daqui a pouco escrevo sobre o tal “documento interno do Planalto” que vazou e sobre o Datafolha – está fadada ao fracasso.



Governo se toca – e nenhum líder de esquerda pode fechar os olhos às experiências históricas – com alianças e, sim, com concessões. Desde que não seja nos princípios e na ideia central que norteia aquele que o voto popular levou ao Governo, ao contrário de representar um deslize, é uma virtude e, mais importante, um facilitador para a consecução dos compromissos que se firmou com a população.



Vivi isso, pela primeira vez, pouco tempo depois da vitória avassaladora de Leonel Brizola, no Rio de Janeiro, quando ele teve, para governar, de fazer uma aliança com o PMDB que derrotara nas urnas, sem o que não governaria. Houve, é certo, incompreensões, a maior delas de Jamil Haddad, que viria a refundar o PSB. Mas isso não fez do Governo senão mais forte para fazer o que foi eleito para fazer.



O resultado das eleições, já no primeiro turno, mostrava a fratura da base parlamentar e, com isso, das próprias condições de governabilidade, portanto, o caminho da política era o das alianças.



Da mesma forma em que, nos dois turnos da eleição de Presidente, indicou que, mais uma vez, o caminho da comunicação com a população era o de o Governo mostrar-se diferenciado de tudo o que caracterizou nosso inferno neoliberal dos anos 90.



O Governo Dilma, em sua fase inicial – supondo que ele se reinventa, agora – errou em ambos os campos.



É verdade que o campo de formação de alianças de governo ficou dificultado pelo fato de o PMDB ter posto à proa do barco a carranca de Eduardo Cunha, mas faltou ver ao Governo que o combate político a Cunha é da política, não o da participação do PMDB no governo, aliás no qual tem o vice-presidente.



Mas no campo da comunicação com a população errou mais, muito mais.



O primeiro e mais fundamental engano foi o de confundir os ajustes necessários na economia com uma demonstração de que o Governo se apressava em atender aquilo que a oposição conservadora exigia dele: aumentos de preços e tarifas e cortes nas políticas sociais, mais “publicitários” que reais, porque são questões antigas e que depois de serem empurradas com a barriga durante anos, foram apresentados como um “pacote”.



Na questão dos preços, então, a coisa foi terrível. Deu-se carne aos leões como se isto fosse apascentá-los. Ignorou-se o que já se experimentara em 2013 e 2014, o abalo inflacionário do “tripé macroeconômico” do povão: batata, tomate e carne. E correu-se a demonstrar “ao mercado” que o Governo lhe seria sensível, como se fez à empresas elétricas, como se fez aos rentistas da Selic, como se fez a todos os que se opuseram, sabotaram e deram suporte aos derrotados das eleições.



Aos vencedores, nem as batatas, que chegaram a estratosféricos R$ 6 por quilo, quase o triplo do preço anterior.



A presidente não falou aos seus eleitores e, mesmo sem falar por quase dois meses, seu governo falou à oposição, na esperança de acalmá-la.



O resultado é este que se vê: a direita ensandecida por conseguir uma mobilização que nunca teve, mas que cria uma nova realidade para ela, que já não precisa se abrigar na sofisticação do tucanato e que vai desembocar na formação de outro ramo político, porque as forças históricas do PSDB não estão nem podem estar à testa disso.



E a esquerda, perplexa, querendo reagir mas impedida de fazê-lo, porque seu governo está (ou estava, espero) inerte.



Se não foi a origem disso, porque a Dilma cabe a responsabilidade de comandar seu governo, “ajudou muito” a “cozinha” do Planalto, que se encheu de amadores, que acham que vão conduzir acordos políticos com “vazamentos” na Folha e no Estadão e tornarem-se importantes ajudando a manietá-la com a perda de sua liderança e afastando-a ainda mais de Lula. Não duvido que pretendessem até receber elogios dos mervais da vida por sua “sabedoria política” e “elegância” , bem diferentes da “ralé lulista”.



O “sacode” que o Governo tomou vai ser difícil de reverter, mas serve, ao menos, para que se disponham a reverter.



É muito melhor para Dilma fazer a composição na política e a busca de suas próprias forças e sua legitimidade entre aqueles que a elegeram do que tentar um impossível agrado àqueles que vão à Avenida Paulista.



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