540 visitas - Fonte: Tijolaço
O Brasil virou o país da desfaçatez.
Duas semanas após a lista apresentada pelo Procurador Geral da República ter gerado a abertura de investigação sobre dezenas de políticos, entre eles o Presidente do Senado, Renan Calheiros, e o da Câmara, Eduardo Cunha, este último diz a empresários paulistas – e depois em entrevista para a grande mídia, que “a corrupção está no Executivo, não no Legislativo”.
“É bom deixar claro que a corrupção não está no Poder Legislativo, a corrupção está no Executivo. Se eventualmente alguém no Poder Legislativo se aproveitou da situação para dar suporte politico em troca de benefícios indevidos é porque esses benefícios existiram pela falta de governança do Poder Executivo”.
Então fica assim: “roubamos porque deixaram roubar”.
Pausa para rir do “se efetivamente alguém do Poder Legislativo se aproveitou”.
Enquanto Cunha, gravado na lista de Janot, bravateia a honestidade dos políticos, o Governo, que não está na lista, gagueja que “vai lançar um pacote anticorrupção” e diz que vai “dialogar”, pela boca do Ministro José Eduardo Cardozo.
Será, senhor Ministro, que alguém parecia ontem disposto a dialogar?
Isso não quer dizer que devam ser tratados abaixo de pau, é evidente, embora se devesse agir, dentro da lei, contra quem prega golpes militares e outras pérolas.
O governo tem é de agir, tanto na administração quanto na política, revigorar sua base de apoio popular, mostrar à sociedade que é o que diz ser e que este movimento é uma extensão espúria do processo eleitoral.
Não impor o ajuste necessário com medidas doces para os grandes empresários – como foi o impacto de uma só vez, sem escalonamentos, das tarifas de energia ou como é a elevação contínua dos juros – enquanto o que é amargo para o povão nem sequer é pactuado.
Como é que as maiorias que elegeram este governo vão entender que é preciso defendê-lo se ele não fala ou, quando fala, titubeia?
Sinceramente, não acredito que o governo, mesmo que o quisesse, poderia a esta altura enfrentar a mídia, ao menos não decididamente, depois de anos e anos de temor – e tremor, melhor dizendo – ante o cogumelo que domina a informação neste país. E mesmo ao que nos resta de mobilização, fazê-lo pouco será senão fornecer mais matéria-prima para a ridícula e até cruel lenga-lenga sobre censura à imprensa, bolivarianismo e outras baboseiras que se propagaram entre os histéricos.
Porque, infelizmente, os controladores da comunicação, hoje, no Brasil, se assemelham ao “protestante” da foto: berram como irracionais.
E tratam gente como Eduardo Cunha como respeitáveis senhores, ao qual dão incontestados microfones para explicar quem rouba e como se rouba no Brasil.
Quem sabe por reconhecer-lhe notório saber, como integrante da seleta e extensa lista do Dr. Janot.
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