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Quando vierem a público os 40 nomes que serão investigados pelo Supremo Tribunal Federal, a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o Brasil estará diante de uma realidade distinta daquela que foi traçada pela narrativa dos meios de comunicação tradicionais; ao contrário de uma 'corrupção sistêmica', a serviço de um 'projeto de poder', o País descobrirá que políticos de todos os partidos, inclusive da oposição, podem ter se beneficiado de doações legais e ilegais das empreiteiras nos últimos anos; revelação de que presidentes de três partidos – Eduardo Campos, do PSB, Sérgio Guerra, do PSDB, e Ciro Nogueira, do PSB – foram citados nas delações premiadas dilui responsabilidades e revela a urgência de se coibir o financiamento privado à política
Nos últimos meses, a opinião pública brasileira foi bombardeada por uma narrativa construída por alguns meios de comunicação. Nos governos Lula e Dilma, o PT teria engendrado um modelo de corrupção sistêmica na Petrobras, com o objetivo de perpetuar um 'projeto de poder'.
A expectativa dos que alimentaram esse discurso era a repetição da Ação Penal 470, com a apresentação de uma denúncia gigantesca pelo Ministério Público Federal, com a identificação dos núcleos político, financeiro e operacional do chamado 'petrolão'.
Nesta terça-feira, quando o procurador-geral Rodrigo Janot apresentar seus pedidos de inquérito, tudo indica que uma outra história será escrita. A começar pela própria decisão de Janot de pedir novas investigações, ao invés de já denunciar os políticos mencionados nas delações. "Estamos no começo e quem tiver de pagar, vai pagar", disse ele ontem. Trata-se de um sinal concreto de que, para Janot, as provas levantadas nas delações do Paraná, não permitem, ainda, denunciar os políticos.
Além disso, depois de meses de bombardeio ao PT e a seu tesoureiro João Vaccari, a imprensa finalmente noticiou, ainda que sem grande destaque, que presidentes de três partidos foram citados nas delações premiadas: Ciro Nogueira, do PP, e os já falecidos Sergio Guerra, do PSDB, e Eduardo Campos, do PSB.
No primeiro caso, pode-se argumentar que o PP, orbitando ao redor do PT, faria parte do suposto 'projeto de poder'. Mas o que dizer de Eduardo Campos, que como candidato à presidência da República, tinha seu próprio projeto de poder, e de Sergio Guerra, ferrenho oposicionista?
Segundo a denúncia de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, Campos teria sido beneficiado pela Odebrecht para não atrapalhar as obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Guerra teria sido corrompido pela Queiroz Galvão para silenciar uma CPI sobre a Petrobras, no Congresso.
Com isso, fica claro que o esquema das empreiteiras é ecumênico e pluripartidário no País, por mais que se tente, no Paraná, confinar as investigações à Petrobras e a obras executadas por essas empresas para o governo federal, como a usina de Belo Monte.
Após a revelação da lista de Janot, a presidente Dilma Rousseff terá, também, um benefício colateral. Como o foco migrará do Executivo para o Legislativo, ela poderá sair, ainda que temporariamente, da linha de tiro.
E, com tantos políticos citados, haverá a oportunidade para se atacar a raiz de todos os escândalos, que é o financiamento privado à política.
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