EM ENTREVISTA A JOVEM PAN, HADDAD "MASSACRA" RACHEL SHEHERAZADE E MARCO ANTÔNIO VILLA

Portal Plantão Brasil
23/2/2015 10:58

EM ENTREVISTA A JOVEM PAN, HADDAD "MASSACRA" RACHEL SHEHERAZADE E MARCO ANTÔNIO VILLA

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1505 visitas - Fonte: Jornal GGN

A entrevista que o prefeito Fernando Haddad concedeu à Jovem Pan alcançou grande repercussão e, invariavelmente, foi classificada pela maioria dos analistas como um “massacre”, uma “surra” aos entrevistadores Rachel Sheherazade e Marco Antônio Villa. A entrevista, de fato, pode ser considerada histórica por três motivos: 1) Pela coragem, mérito, lucidez e competência política e técnica do prefeito Haddad; 2) Pelo despreparado dos entrevistadores e, 3) Por expor com crueza o caráter anticívico e anticidadania de setores da imprensa.



Quem ouviu a entrevista não tem dúvida acerca do preparo e da competência política e técnica de Haddad. Além disso, enfrentou com coragem, sem concessões e sem tergiversações, a hostilidade dos entrevistadores. Normalmente, no Brasil, muitos políticos capitulam ao embate franco, sincero e transparente de ideias e posições. Outras vezes, quanto apertados, eles buscam argumentos mentirosos para sustentar o insustentável. Para ser autêntico, algo que deveria ser um dever, no Brasil, dado o grau de degradação da política, requer coragem. Ao invés de buscar autojustificações, algo de moralidade duvidosa, o prefeito teve a humildade de reconhecer as razões e as circunstâncias que fazem com que parte dos paulistanos não aprove a sua administração.



Mas Haddad vem mostrando coragem singular também nas suas atitudes práticas como prefeito. Ele faz aquilo que precisa ser feito, sem considerar as consequências eleitorais de suas ações e medidas, mas o bem coletivo que elas podem produzir para o presente e para o futuro da cidade. No Brasil, infelizmente, o interesse e o cálculo eleitoral e o proveito pessoal passaram a comandar as atitudes de muitos políticos e dos governantes. Decorre daí a crise de governança e a corrupção. Ampliar os corredores de ônibus e as faixas exclusivas, implantar as ciclovias e as ciclofaixas, criar o programa Braços Abertos e viabilizar o programa Transcidadania, entre outras ações, requereu coragem política para enfrentar críticas, incompreensões e preconceitos vindos de várias direções.



Que essas críticas, incompreensões e preconceitos venham do senso comum, é compreensível. Mas que venham de jornalistas, historiadores, setores da imprensa e pessoas bem formadas e informadas, é injustificável. Injustificável, porque esses programas têm um sentido civilizador e humanizador da cidade, que vive brutalizada por tantas atitudes anticívicas e anticidadania promovidas por um capitalismo predador e pela especulação inescrupulosa de muitos que preferem o ganho egoísta e rápido a qualquer custo do que uma cidade mais civilizada e com pessoas mais felizes. O fato é que se perdeu uma dimensão que era cara ao pensamento político grego antigo: uma cidade só será justa se souber combinar a prosperidade material com os bens morais.



Haddad teve que enfrentar com um silêncio perseverante e militante várias vicissitudes. Já no início de seu governo eclodiu a crise das manifestações de 2013. Mas o pior foi a ação persecutória do Tribunal de Justiça (inédita no Brasil), que adiou por um ano a atualização da Planta Genérica de Valores do IPTU, prejudicando vários serviços públicos da cidade e a implantação de novas creches. A cidade e seus cidadãos foram prejudicados por um Tribunal que deveria ser o guardião da Lei, justamente porque Haddad cumpriu a lei e fez o que ela manda.



Haddad também cumpre a lei quando amplia os corredores e faixas exclusivas para os ônibus e implanta as ciclovias e as ciclofaixas, pois são determinações do Estatuto das Cidades e do Plano Nacional de Mobilidade Urbana. Por cumprir a lei, por adotar medidas que tornam a cidade melhor, sofre a incompreensão de muitos e a ação persecutória implacável de setores da imprensa, como ficou evidenciado na entrevista da Jovem Pan.



Imprensa Anticívica



O despreparo dos entrevistadores de Haddad não se deveu a uma mera falta de inteligência ou de capacidade. Deveu-se a uma determinação má, informada pela intensão de destruir aquilo que o prefeito representa. Ser contra as ciclovias, à prioridade ao transporte público e aos programas humanizadores são aspectos de algo mais amplo que se incorporou à prática de uma fúria destruidora e selvagem de setores da imprensa.



Não resta dúvida de que os maus políticos devem ser criticados e de que os corruptos devem ser combatidos. As defasagens e os déficits de cidadania da sociedade brasileira têm como seus principais responsáveis os partidos e os políticos. Mas o negativismo destrutivo de setores da imprensa em nada contribui para melhorar as nossas instituições democráticas. Essa constatação foi feita por um representante da grande imprensa que contribuiu com o debate público acerca da relação entre imprensa e democracia.



Em artigo publicado no Estadão, Fernão Lara Mesquita escreveu o seguinte: “Se um órgão de imprensa terceiriza a orientação política de sua cobertura para o segundo escalão e não tem, nem como exemplo, o que propor nesse debate; se se limita a repassar pensamentos e declarações alheias até quando denuncia ‘malfeitos’ a que lhe ‘dão acesso’, uns para atingirem os outros, os atores desse jogo de poder viciado a que ficou reduzida nossa vida política; se se restringe a uma crítica ‘moral’ dos atores do nosso drama político, mas se mostra incapaz de uma crítica técnica e propositiva das instituições que, uns como vítimas outros como agentes, inevitavelmente os entorta a todos; ele se estará condenando a ser conduzido por suas fontes, em vez de conduzir seus leitores, e acabará sendo confundido com elas. É o que explica por que a imprensa, parteira de reformas, tem ficado cada vez mais entre os apedrejados nas manifestações de seus potenciais leitores quando estes vão às ruas exigir reformas contra tudo quanto, no debate político nacional, ‘não os representa’".



O sentido geral das observações de Mesquita está correto. Questionou-se, no entanto, a pretensão de atribuir à imprensa o papel de “conduzir seus leitores”. O sentido que esta expressão adquire no artigo não está muito claro. Mas, não sejamos mais realistas que o rei. Toda a imprensa, hoje, seja a grande imprensa ou as mídias alternativas, de alguma forma, quer participar da formação da opinião pública, o que pode ser entendido como “conduzir seus leitores”. Portanto, toda a imprensa está, de uma forma ou de outra, enredada inapelavelmente com determinados compromissos e direcionamentos. Ou seja: não há imprensa neutra.



A informação é também formação ou deformação. A questão então se desloca para dois outros pontos: 1) Para a falta de imparcialidade e para a manipulação que setores da imprensa produzem. Parece ser legítimo que um determinado veiculo de imprensa possa não ser neutro, mas precisa ser imparcial no fornecimento da informação ao público, não podendo valer-se da manipulação; 2) Para os compromissos com a democracia, com o Estado de Direito e com os Direitos Humanos que a imprensa deve expressar. Com efeito, nas sociedades democráticas é inconcebível que a imprensa não assuma compromissos com esses valores e princípios. Em relação à gestão do prefeito Haddad, o que mais se vê é a falta de imparcialidade e a manipulação, ações que, como se deduz das observações de Mesquita, mais contribuem para a destruição da institucionalidade democrática da cidade do que para a boa informação.



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