1472 visitas - Fonte: Jornal GGN
Os condôminos, os mesmos que reclamam de tudo e de todos, poderão sacrificar os síndicos de prédios com a iminente falta d'água em São Paulo.
Mesmo que se diga que o problema é da Sabesp, o administrador do condomínio será o primeiro a ser massacrado sobre o que fazer durante o inevitável racionamento.
Primeiro, o perguntarão se estão economizando água para obter desconto na conta no final do mês - sabe-se que a primeira preocupação do condômino é ter mais por menos; nesse caso, ter menos por menos ainda.
Depois, o questionarão sobre quais medidas estão sendo tomadas, se o zelador deixou de limpar as áreas comuns com água, se as torneiras andam bem fechadas etc.
Óbvio, insistentes avisos para economizar água estão sendo distribuídos desde o primeiro semestre do ano passado (o mesmo período em que o governo do estado disse estar tomando providências para resolver a situação). E, claro, os funcionários estão há quase um ano orientados sobre o uso restrito da água.
Nesse cenário, resta ao síndico dizer aos condôminos, mais uma vez, que devem continuar poupando o precioso líquido, principalmente nos horários e dias em que a famigerada pressão de água diminui - ou passará a nem existir.
É para evitar que a cisterna esvazie no momento de restrição da entrada de água da rua. Agindo assim, automaticamente se terá água na caixa lá em cima do prédio, diminuindo os riscos de falta d´água nos apartamentos.
Mas um brilhante condômino dirá: "Vamos fazer um poço para tirar água". Tudo bem, vai custar pelo menos uns R$ 50 mil ou muito mais para se extrair água potável do lençol freático ainda não contaminado de São Paulo.
E quem vai pagar pela instalação do poço, por que o caixa do condomínio não tem nem um terço do dinheiro para perfurar o solo em busca de água.
Além do mais, é preciso dizer que o recurso disponível estava sendo guardado para outras obras prioritárias no prédio, e também para as inúmeras obrigações condominiais criadas ao longo dos anos para alimentar a indústria do condomínio.
Outra solução para evitar a falta d'água é comprar carro-pipa, mas quanto precisaremos? E, de novo, como se pagará? E até quando? Por muito tempo?
Sem resposta a boa parte das indagações finais do condômino, já que muito dependerá de decisões aprovadas nas famigeradas assembleias de moradores do condomínio, da Sabesp e da indústria da falta d'água (o sertão brasileiro a conhece de longa data), caberá ao síndico se recolher calado ao seu apartamento frente a amoral situação que lhe foi imposta.
Na condição de síndico de meu prédio há quatro anos, só me resta dizer a mim mesmo: "Alckmin, o Sr. está de parabéns!"
Follow @ThiagoResiste
APOIE O PLANTÃO BRASIL - Clique aqui!
Se você quer ajudar na luta contra Bolsonaro e a direita fascista, inscreva-se no canal do Plantão Brasil no YouTube.