2015, O ANO QUE PODE SURPREENDER

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28/12/2014 22:19

2015, O ANO QUE PODE SURPREENDER

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2015, O ANO QUE PODE SURPREENDER

Uma frente de esquerda, formada pelos principais movimentos sociais, liderada, entre outros, pelo dirigente do MTST, Guilherme Boulos, está em construção.

Por Saul Leblon, na Carta Maior.



A palavra incerteza comanda a passagem de 2014 para o Brasil de 2015, mas o chão mole do calendário político registra agora uma auspiciosa pavimentação de terra firme que pode surpreender.

Uma frente de esquerda formada pelos principais movimentos sociais brasileiros, tendo à frente, entre outros, o dirigente do MTST, Guilherme Boulos, está em formação no país.



Não é ainda a alavanca capaz de reverter a ofensiva conservadora em marcha batida na sociedade. Mas tem potência para isso.

Tem, sobretudo, capacidade para sacudir uma correlação de forças na qual as elites mastigam a margem de manobra do segundo governo Dilma entre os dentes da fatalidade econômica e do engessamento político.



A iniciativa dos movimento sociais, apoiada por partidos de esquerda, conta com um incentivo sintomático da gravidade dos dias que correm: o do ex-presidente Lula e, portanto, de uma parte significativa do PT.

Tem, ademais, um precedente revelador.



Ela vem se somar a uma mobilização equivalente, iniciada há cerca de um mês, para reaproximar intelectuais de esquerda e construir um contraponto de ideias progressistas ao agendamento conservador da sociedade, martelado diuturnamente pelo jogral midiático.



Trata-se de uma usina de respostas à espiral regressiva; uma caixa de ressonância de intelectuais cidadãos.

Esse polo de debate e combate foi oficializado no dia 15 de dezembro, em evento em São Paulo, com o nome de Fórum 21.

A primeira assembleia, no Sindicato dos Engenheiros, elegeu como uma de suas vértebras a luta pela democratização dos meios de comunicação.



Presente no lançamento, o secretário de Cultura da Prefeitura de São Paulo, Juca Ferreira, afirmou que os meios de comunicação são o principal obstáculo ao debate crítico dos reais desafios brasileiros.



‘Precisamos iniciar uma reconstrução programática que supere nosso próprio desgaste, mas essa tarefa requer um ambiente midiático oposto ao atual, concentrado e carente de regras democráticas’, disse Ferreira. (leia ‘Para Juca Ferreira, falta de democracia da mídia substituiu censura do regime militar’, nesta pág).



A colisão entre esse improviso de poder popular e o diretório midiático gerou entre nós alguns capítulos pedagógicos.

O suicídio de Vargas foi um deles.



O criador da igualmente por isso maldita Petrobras apertou o gatilho para não ceder à pressão insuportável do denuncismo lacerdista, que exigia sua renúncia em emissões sistemáticas através da rádio Globo, dirigida então pelo jovem udenista Roberto Marinho.



O Brasil era descrito como um mar de lama.



É dispensável enfatizar as semelhanças com a pauta e os métodos abraçados agora pelos grandes veículos de mídia em sintonia com a oposição conservadora ao governo Dilma, ao PT e ao ‘lulopopulismo’ econômico.

O Fórum dos intelectuais e a frente de movimentos sociais emergem como o contraponto mais importante a isso, desde a vitória de Dilma em 26 de outubro.



O conservadorismo atordoa o discernimento da sociedade desde então com uma escalada vertiginosa de iniciativas.

Habilidosamente, equipara-se combate à corrupção à demonização do polo progressista, no qual se espeta o selo da degeneração política, associada a práticas econômicas ‘intervencionistas’.



A ideia de uma salubridade externa à história, tomada como referência limpa e boa na construção da sociedade, é um daqueles mantras aos quais se agarram os interesses dominantes de todos os tempos.





Ou ainda encarnar no monopólio de um dispositivo midiático que se avoca a prerrogativa de um Bonaparte, a emitir interditos e sanções em defesa dos interesses particulares apresentados como os de toda a nação.



Hoje, o objetivo desse aluvião é o impeachment de Dilma ou o sangramento irreversível de seu governo, e das forças que o apoiam, bem como das ideias que as expressam. Até o seu sepultamento histórico em 2018.



Semanas após a vitória progressista nas urnas, quando o governo parecia hipnotizado pelo serpentário golpista que havia subestimado, e por isso não se preparado para defender o escrutínio popular, Carta Maior indagava:



‘O que se pergunta ansiosamente é se Lula já conversou sobre isso com Boulos, do MTST; se Boulos já conversou com Luciana Genro; se Luciana Genro já conversou com a CUT ; se a CUT já conversou com Stédile; se todos já se deram conta de que passa da hora de uma conversa limada de sectarismos e protelações, mas encharcada das providencias que a urgência revela quando se pensa grande. Se ainda não se aperceberam da contagem regressiva que ameaça o nascimento de um Brasil emancipado e progressista poderão ser avisados de forma desastrosa quando o tique taque se esgotar’.



A boa nova na praça é que a conversa começou.



Essa resistência criou um dos maiores mercados de massa do planeta em uma demografia de 202 milhões de habitantes.

O assoalho macroeconômico range e ruge sob o peso da inadequação entre a emergência dessa nova força motriz e as estruturas rigidamente pensadas para exclui-la do mercado e da cidadania.



A solução da ‘agenda técnica’ é higienizar a sujeira do intervencionismo público em todas as frentes, devolvendo o mando do jogo à faxina autorreguladora dos mercados.





Não era apenas uma disputa presidencial. Mas um capítulo do embate inconcluso pelo comando do desenvolvimento brasileiro.

Daí a ilusão de se supor que concessões pontuais vão saciar o agendamento derrotado nas urnas.



Embora o martelete midiático tenha disseminado a bandeira do antipetismo bélico, a ponto de hoje contagiar setores amplos da classe média, o fato é que esse trunfo conservador ainda não reúne a energia necessária para inaugurar uma nova ordem.

O pântano, por enquanto, o satisfaz.



Ele desarma a sociedade e exaspera a cidadania.

Dissemina um sentimento de impotência diante das urgências de uma transição de ciclo econômico marcada por uma correlação de forças instável, desprovida de aderência institucional , ademais de submetida à determinação de um capitalismo global avesso a qualquer outro ordenamento que não o vale tudo dos mercados.



A força e o consentimento necessários para conduzir esse ciclo em uma chave que não seja a do arrocho requisitam o salto de articulação social que agora se ensaia.

O caminho oposto é o da treva.





É esse o significado encorajador da nascente frente de esquerda dos movimentos sociais e da usina de intelectuais cidadãos reunidos no Fórum 21.



São sinais de um aggiornamento em curso na vida política nacional.

Mas que já extrapolam a mera formalidade da travessia gregoriana, para emprestar a 2015 a dimensão e o desassombro de uma verdadeira renovação histórica.



Que assim seja um bom ano novo, são os votos que Carta Maior tem a certeza de compartilhar com seus leitores e com a imensa maioria do povo brasileiro.



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