1469 visitas - Fonte: Jornal GGN
Um dos enigmas da economia brasileira é a razão da queda da taxa de investimento no país. Os financiamentos do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) batem recordes, as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e da Copa são expressivas, houve um aumento na construção civil.
Qual a razão dos índices não refletiram esse cenário?
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Especialista em contas públicas, o economista Fernando Nogueira da Costa, professor do Instituto de Economia da Unicamp, tem uma tese instigante: apesar do investimento ter crescido acima do PIB (Produto Interno Bruto), a taxa de investimento (relação investimentos x PIB) não aumentou substancialmente devido à redução dos preços relativos dos bens investimento.
Mal comparando, se o consumidor A paga R$ 20 mil em um carro e o B paga R$ 25 mil para o mesmo carro, pela metodologia das contas nacionais, o B tem uma taxa de investimento maior que o A.
Segundo ele, a apreciação cambial e as desonerações tributárias reduziram o custo do investimento. Se fosse calculado em preços correntes de 2002, teria havido um aumento de 4,5 pontos do PIB desde 2002. Calculado por preços correntes, a taxa de investimento de 2013 seria de 18,9% do PIB; a preços constantes, de 20,9%.
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Um dos motivos para esse salto, foi a mudança do perfil da poupança interna, uma revolução pouco notada diz ele.
Em dezembro de 2002, a relação crédito/PIB era de 21,8% do PIB, com saldo de R$ 378,3 bilhões. Doze anos depois saltoiu para 57,3% do PIB, com saldo der R$ 2,9 trilhões.
Mais relevante: em dezembro de 2002, o financiamento total do SFN (dívida mobiliária federal + crédito) correspondia a 82,5% do PIB. Só que, desse total, 60,6% do PIB ia para o financiamento da dívida pública; e apenas 21,8% para os financiamentos bancários.
Com a redução da relação dívida/PIB a partir de 2003, em 2014 o financiamento total da economia saltou para 97,5% do PIB (15 pontos a mais). Só que, apenas 40,2% foram para financiar a dívida mobiliária pública. Os 57,3% do PIB passaram a financiar os empréstimos bancários.
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Esse quadro mostra um enorme potencial de “funding” (recursos para financiamento) de ativos de pessoas e empresas.
Nos anos 70, Itaipu foi financiado com empréstimos externos, correspondendo a 15% da dívida externa brasileira. Agora, Belo Monte foi financiado exclusivamente com poupança externa. Reside aí um avanço estrutural nas condições da economia brasileira, que irá se completar nos próximos anos, quando o pré-sal estiver a pleno vapor.
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Hoje em dia, há 644 mil pessoas físicas com poupança de até R$ 300 mil; 221 mil com poupança até R$ 700 mil; 130 mil com poupança acima de R$ 1 milhão; e 3.902 com poupança até R$ 20 milhões.
Somem-se a ela, 98 milhões de depositantes de poupança, 9 milhões de fundos de investimento, 2,3 milhões de fundos de pensão fechados e 572 mil de clubes de ações e se terá um universo maiúsculo para financiar a próxima etapa de investimentos.
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Segundo Nogueira da Costa, nos próximos cinco estimam-se investimentos de R$ 920 bilhões em infraestrutura; R$ 200 bilhões dos quais destinados a transportes. Poupança interna, mais capital externo garantirão tranquilamente o financiamento da nova etapa.
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