Dilma, entre o mercado, o Congresso e ela mesma

Portal Plantão Brasil
18/11/2014 10:11

Dilma, entre o mercado, o Congresso e ela mesma

0 0 0 0

591 visitas - Fonte: Tijolaço

Depois de uma semana, entre ida, volta e a participação da reunião do G-20 na Austrália, Dilma Rousseff está de volta ao Brasil.



Óbvio que as primeiras horas, além de reacertar o fuso horário, serão dedicadas a ouvir e refletir.



Mas, agora, chegou a hora de decidir ou, melhor dizendo, tornar públicas as decisões que já tomou.



A primeira delas é evidente: a de quem será o Ministro da Fazenda.



Será uma imensa surpresa se a escolha recair sobre Henrique Meirelles, porque, como observa com imensa crueza e não menor veracidade o jornalista Luiz Sérgio Guimarães em seu artigo no jornal Brasil Econômico, seria para Dilma começar seu mandato com um gesto lido como de fraqueza:



A sagração de Meirelles estaria ornada de um simbolismo capaz de euforizar os mercados. Significaria que a presidente voluntariamente abriu mão do controle direto da economia. Mais: interventor de Lula, Meirelles seria irremovível. É claro que a vitória do mercado no terceiro turno não seria completa se Dilma mantivesse Tombini no BC e colocasse Barbosa no Planejamento. Com isso, a presidente ainda deteria o controle do Conselho Monetário Nacional (CMN), a troica formada pelos ministros da Fazenda e do Planejamento mais o presidente do BC que, entre outras atribuições, decide miudezas como a meta de inflação e a TJLP.



A escolha de Dilma, é mais provável, deve ser neste caso por alguém que sinalize boa vontade ao diálogo com o o mundo das finanças e a indústria mas, ao mesmo tempo, que reafirme o óbvio: a condução da economia do país é de quem foi eleito para isso pela população, não pelo “mercado”.



O segundo ponto a exigir decisão presidencial é a articulação política. O novo (embora velhíssimo nas práticas e ambições) Congresso está aí, a exigir que se componha maiorias, referências e, mais que tudo, uma condução das casas legislativas que não seja uma permanente armadilha e fonte de “golpetes” contra o Executivo.



Ter Eduardo Cunha na presidência da Câmara é entregar o comando do Legislativo a alguém que, como diz hoje Paulo Nogueira no Diário do Centro do Mundo, “no A a Z da malandragem preenche virtualmente todas as letras”.



Dilma não tem um articulador político e precisa de alguém com autoridade suficiente para dialogar – inclusive com o prório PT – e assumir compromissos em nome dela. Mesmo que informalmente, porque ainda tem um mês de governo na Bahia, a delegação deste papel a Jaques Wagner, que parece provável, pode ajudar na travessia até a eleição da Mesa da Câmara, no início de fevereiro.



O terceiro ponto é o mais vital: as decisões que Dilma tem de tomar em relação a si mesma.



A esta altura, ela sabe que não pode seguir o roteiro de seu primeiro mandato, com a ilusão de que ceder às pressões da mídia vá render-lhe algum nível de tolerância e civilidade na forma com que vai ser tratada.



Não vai.



Já assistimos, mesmo poucos dias depois da vitória nas urnas, um tratamento a ela que atropela até mesmo as mínimas regras, até, da boa educação.



O enfrentamento com estes grupos, portanto, nada lhe vai tirar mas, de outro lado, muito pode lhe dar, à medida em que a população perceba claramente a razão e as formas de solução dos impasses da vida nacional.



Como agora, por exemplo, neste espetáculo que é dantesco como tantos outros que se encobriu, ao longo de várias décadas e vários governos, mas que, por exibido, cria as condições para uma reforma eleitoral cuja necessidade já não é possível recusar.



A terceira questão, que não necessariamente domina as duas decisões imediatas é a decisão que Dilma tomou em relação ao que significa este seu segundo mandato.



É evidente que não é – e os quatro primeiros anos o demonstraram – na base da “competência gerencial” apenas que se sustentará sua imagem final diante do povo brasileiro, com já não foi nisso que se sustentou sua eleição.



Ao contrário, Dilma tem consciência de que aquilo que a reelegeu foi o sentimento majoritário deste país de que é preciso justiça social, oportunidades, desenvolvimento econômico, oportunidades. E que, para que existam, é preciso confrontar as forças e estruturas que nos querem manter como colônia.



Não se fará isso sem uma comunicação direta da líder deste Governo com a população.



A Presidenta deve ter entendido, na campanha, que isso não se terceiriza.



APOIE O PLANTÃO BRASIL - Clique aqui!

Se você quer ajudar na luta contra Bolsonaro e a direita fascista, inscreva-se no canal do Plantão Brasil no YouTube.



O Plantão Brasil é um site independente. Se você quer ajudar na luta contra o golpismo e por um Brasil melhor, compartilhe com seus amigos e em grupos de Facebook e WhatsApp. Quanto mais gente tiver acesso às informações, menos poder terá a manipulação da mídia golpista.


Últimas notícias

Notícias do Flamengo Notícias do Corinthians