O maior lobista da República

Portal Plantão Brasil
18/11/2014 08:50

O maior lobista da República

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Fernando Henrique Cardoso mandava-o buscar no Rio de Janeiro para jantares no Alvorada. Jorge Serpa ia de táxi, por temer avião. No jantar, FHC indagava:



Jorge, quem foi maior: Juscelino ou eu?



E Jorge respondia:



Você, Fernando!



Depois, morria de rir, contando essa história no restaurante Mosteiro, no Rio, que ele frequentava até alguns anos atrás.



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Jorge Serpa foi o maior lobista da história e testemunha ocular de um longo período, que vai de Dutra a Lula.



Cearense, tornou-se a síntese perfeita das duas maiores escolas do lobby carioca dos anos 50: o de Augusto Frederico Schmidt e San Thiago Dantas.



Foi influente no governo JK. Chegou a ocupar cargo financeiro na Manesmann, onde se enrolou até a raiz do cabelo com a emissão de papéis, na sua primeira e última atuação pública.



No governo Jango, é de sua autoria o famoso e trágico discurso do presidente no comício da Central do Brasil.



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Depois do golpe de 64, virou alvo preferencial de Carlos Lacerda, que conseguiu sua prisão, em função do escândalo Manesmann. Provavelmente sofreu torturas na cadeia. Mas, através de Bartolomeu Santos – outro personagem intrigante da história, chefe de gabinete de Agamenon Magalhães e, posteriormente, membro do influente grupo de lobby de Negrão de Lima – aproximou-se do SNI (Serviço Nacional de Investigações) e da linha dura do Exército.



Recuperou prestígio no governo Médici. É considerada de sua autoria o primeiro grande discurso de Médici, empossado presidente.



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Até a morte de Roberto Marinho, foi seu homem de confiança.



Segundo as lendas da época, foi o grande estrategista da Operação Monte Carlo, primeira grande tentativa de internacionalização da Globo (não confundir com a Operação recente da Polícia Federal), além de grandes operações no mercado internacional de títulos.



Pura lenda! Conforme me contou Walther Moreira Salles, Serpa jamais saiu do país, tinha pavor de aviões, dominava apenas o idioma português e sempre foi péssimo planejador de negócios.



Seu prazer era manobrar os carretéis do poder. Sempre foi descuidado com sua própria condição financeira. Periodicamente, grandes empreiteiros se cotizavam para auxiliá-lo na vida pessoal, mesmo tendo-se tornado homem de confiança e autor dos editoriais pessoais de Roberto Marinho no jornal O Globo.



Nas eleições de 1989, coube a ele – a pedido de Marinho - cunhar o tal “choque de capitalismo” para Mário Covas.







Sou testemunha do temor que infundia em Evandro Carlos de Andrade, o principal jornalista da história do grupo Globo.



Com a morte de Marinho, seus filhos trataram de se afastar de Serpa.



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Mas ele continuou influente, mantendo seu papel de espécie de hub, fazendo o meio-campo entre sucessivos presidentes, grandes empreiteiras e os operadores da máquina – os funcionários de carreira que conheciam as engrenagens e se ofereciam para qualquer senhor.



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Provavelmente foi em sua fonte que veio beber José Dirceu, para suprir a falta de experiência e de operadores no início do governo Lula. Paulo Roberto Costa era frequentador habitual de sua casa. Foi através dele que Eduardo Campos conseguiu se aproximar de Costa.



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Já bastante idoso, Serpa pouco sai de casa. Mas continua sendo bastante visitado.



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