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A morte lenta e gradual do jornalismo impresso, uma tendência que se observa no mundo inteiro, agora atinge, no Brasil, os profissionais mais experientes e com os maiores salários.
Neste domingo, em texto sobre a demissão dos jornalistas Fernando Rodrigues e Eliane Cantanhêde, a ombudsman Vera Guimarães Martins expõe, de forma nua e crua, a motivação da degola. Leia abaixo:
"Os dois colunistas foram demitidos na sexta (7), no desfecho de um corte que ceifou 14 jornalistas e 17 vagas. Na linguagem empresarial, foi um ajuste para adequar os custos inflados por Copa e eleições, os mesmos fatores que, aliados à economia minguante, provocaram queda da receita. No jargão irreverente das Redações, esses cortes, que se tornaram periódicos, são chamados de "passaralho" -porque passam como aves de arribação e provocam revoada em bando.
A lógica que levou à dispensa de dois nomes de primeira grandeza é simples, crua: após sucessivos enxugamentos, as Redações não têm mais gordura para cortar, e a mira se volta para os maiores salários, dos quadros com cargos superiores e/ou maior tempo de casa. Na frieza da planilha, a dispensa de um profissional antigo pode poupar meia dúzia (ou mais) de vagas.
Fernando estava na empresa havia 27 anos; Eliane, havia 17. Numa equipe com mais de 120 colunistas em permanente mutação, eram grifes enraizadas, que formavam o "core" do colunismo da casa. Nomes profundamente identificados com a cara do jornal e com seu leitorado, numa relação de mão dupla que não foi plenamente compreendida nem devidamente tratada."
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