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Na primeira semana após a vitória de Dilma Rousseff nas eleições presidenciais, o País viveu a sensação de que o maior partido da base aliada, o PMDB, migrou para a oposição. Seus principais líderes, na Câmara e no Senado, derrubaram projetos, enviaram recados ameaçadores e conchavaram com a oposição. Para fechar, ainda se uniram em torno da candidatura do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), persona non grata no Palácio do Planalto, para a presidência da Câmara.
Como diria Freud, afinal, o que querem os peemedebistas? Mais cargos na máquina pública? Demarcar território é sempre importante, mas isso não explica o tamanho da crise no Congresso. Por mais que o PMDB sonhe em manter seus espaços nas Minas e Energia, na Petrobras, no Turismo e na Caixa Econômica Federal, entre outros tantos nacos do Estado, a rebelião tem outro motivo. Desta vez, o que exaspera algumas lideranças do partido é a necessidade de proteção.
Sim, o PMDB, ao que tudo indica, será um dos principais alvos da Operação Lava Jato, quando a denúncia chegar de vez ao ministro Teori Zavascki, relator do caso no Supremo Tribunal Federal para os réus com direito ao foro privilegiado. E numa de suas primeiras entrevistas Dilma afirmou que a eventual prisão de corruptos e corruptores não causará nenhum tipo de instabilidade no País. Mais: disse que o que causará transtornos é a eventual permanência da impunidade.
Dilma parece não ter escolha, a não ser retomar o papel de "faxineira", em sua versão 2.0. No entanto, muitos aliados a pressionarão para que ela busque uma espécie de acordão, alegando que a continuidade da Lava Jato fará o país parar e virar de cabeça para baixo. Tanto no Congresso, com a crise política que se avizinha, como na economia, uma vez que diversas empreiteiras, com sua extensa cadeia de fornecedores, também serão atingidas.
No entanto, mesmo que Dilma quisesse compor com seus aliados, o que ela poderia fazer para conter a máquina independente das instituições? Nesta semana, por exemplo, foi aberto inquérito para investigar as atividades do lobista Fernando Baiano – o que causa arrepios em diversos líderes do PMDB. Nesse contexto, a costura de um acordo é quase impossível. A dificuldade será construir uma nova base política, incluindo aliados recém-chegados, como o PSD, de Gilberto Kassab, e o Pros, dos irmãos Ciro e Cid Gomes, nesse mar revolto.
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