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Jogo vira a favor da presidente; com três cartas sobre a mesa, Dilma Rousseff barrou as apostas contra; investidores mandam sinais de aprovação tanto para Luiz Carlos Trabuco, Nelson Barbosa e Henrique Meirelles; presidente do Bradesco, ex-secretário-executivo da Fazenda e ex-presidente do BC são craques no jogo do mercado financeiro; eles conhecem atalhos para atrair investimentos, gostam de controlar despesas e tem vocação para o crescimento; conheça as chances de cada um
Um jogo que parecia perdido está virando a favor da presidente Dilma Rousseff. Até o final da semana passada, antes de conseguir a reeleição, tudo o que Dilma fazia ou dizia atentava contra ele própria no chamado mercado. Pesquisas a favor da presidente correspondiam a quedas nos principais índices econômicos, especialmente na Bolsa de Valores de São Paulo e no câmbio. Quando perdia terreno para Aécio Neves, os investidores e especuladores soltavam foguetes e a marcas subiam na mesma velocidade. Ao crescer, Dilma derrubava as expectativas. Para os analistas montados em espaços da mídia tradicional, a presidente, no final das contas, só errava.
A partir do pronunciamento das urnas, porém, a partida ganhou uma feição bem direfente. Com rapidez, Dilma retomou a iniciativa, discursou pela união e pelo diálogo nacional, assumiu que havia se distanciado mais do que desejava das forças produtivas e, melhor de tudo, deixou correr a versão, verdadeira, de quem está fixada na escolha de um entre três nomes para o comando do Ministério da Fazenda – a saber, o verdadeiro fiador da política econômica.
Após uma segunda-feira 27 de ressaca das eleições, a Bovespa só fez subir nos dias seguintes. Na base do crescimento do valor das ações das companhias brasileiros estão os chamados rumores positivos. A presidente deixou circular, sem nenhum sinal de desmentido, que o ministro Guido Mantega encerrará seu período na Fazenda com tranquilidade. Acrescentou que ela própria não tem toda a pressa do mundo em anunciar o sucessor dele, o que deverá acontecer ao longo do mês de novembro. E, numa jogada de mestra, fixou-se em três em três nomes que agradaram em cheio aos investidores.
Na primeira deixa, o governo lançou, informalmente, o nome do presidente-executivo do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi. Foi um estorou. Tanta na mídia quanto empresas privadas e consultorias financeiras, o nome de Trabuco foi saudado como uma grande solução de mercado. À frente do banco de maior capilaridade do País, Trabuco vai realizando um trabalho que soma lucros para os acionistas e inclusão bancária para populações mais carentes. Na classe média, ele é reconhecido com o líder de uma instituição sólida, antiga e que dá atenção para pequenos poupadores e empresários de todos os portes, inclusive os pequenos.
Formado em Filosofia, com uma história de sucesso dentro do banco, no qual entrou como contínuo, em 1969, Trabuco tem um sotaque interiorano que é o mesmo de grande parte da população. Sem exibicionismo, ele tem colecionado resultados a cada trimestre melhores no Bradesco. Nesta quinta-feira, o lucro reportado pelo banco nos nove primeiros meses do ano foi nada menos que 25% maior no período anterior. As despesas da instituição ficaram abaixo da inflação e os ativos administrados chegaram bem perto de R$ 1 trilhão. Resultado: as ações do banco dispararam em alta na Bovespa.
Ex-secretário-executivo da Fazenda, o economista Nelson Barbosa deixou a equipe de Guido Mantega com divergências sobre a política econômicas, mas não perdeu a confiança da presidente. Ele se tornou, desde então, um dos principais conselheiros dela, com a grande vantagem de saber onde estão os nós e os laços das contas públicas. Dilma acostumou-se a convocar Barbosa para ter uma segunda opinião. Ele, por sua vez, não saiu atirando, foi extremamente econômico em entrevistas e, assim, poupou sua imagem para, agora, ter chances reais de ser o nome capaz de encarnar o binômio continuidade com mudança.
- A presidente confia em Barbosa. Ele sabe os pontos em que ela é turrona, e ele conhece os pontos que ela não negocia. Se entendem muito bem, contou uma fonte palaciana.
Para completar a trinca de ases, a presidente tem ainda um nome considerado acima do bem e do mal pelo mercado financeiro: Henrique Meirelles. O ex-presidente do Bank Boston e do Banco Central da era Lula, é simplesmente o cara que formou as bases para as atuais reservas de mais de US$ 300 bilhões que o Brasil possui. Com Meirelles, discreto mas que, quando quer, sabe aparecer, a inflação nunca fugiu da meta, permanecendo em seu centro.
Entre auxiliares de Dilma, os três nomes estão vivos. A presidente está descansando na Bahia, e de lá mesmo poderá fazer os contatos necessários para definir sua escolha.
Trabuco precisará ser convencido a deixar o comando do Bradesco, o que não é tão simples assim. Porém, o fato de ele não ter reclamado da inclusão de seu nome na lista da presidente já é visto como um sinal de que, bem convidado, ele aceitaria a missão.
Para Barbosa, o movimento é mais simples. Ele já é das relações de Dilma, tem todo o conhecimento da máquina e faria uma transição natural com Mantega. Nesta medida, é, neste momento, o favorito.
Quanto a Meirelles, ocorreram diferenças com Dilma durante o governo Lula. Mas o próprio Lula, agora, recomenda a sua parceira a superação das pequenas rusgas para a inauguração de uma novo relacionamento. Pode, assim, ser ele o nome.
O fato comum é que, com qualquer um dos três, Dilma fez o que de melhor poderia ter feito nessa fase de articulações: preencheu o vácuo, expôs preferencias e agradou o mercado. Quer mais?
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