1120 visitas - Fonte: Tijolaço
Muito interessante essa matéria da Folha, sobre o embate entre Marina e Dilma no interior das classes sociais.
Os dados do Datafolha, cruzados com a evolução sócio-econômica dos últimos anos, comprovam o que todos já identificavam instintivamente. E que temiam há tempos. A nova classe média que emergiu no Brasil tende a emular opiniões políticas das camadas mais altas, até para se diferenciar daquelas classes das quais se afastou há pouco.
O governo, ao não elaborar uma política de comunicação e de cultura voltada para esse setor, beneficiado pelas políticas que ele mesmo implementou, permitiu que a mídia (que é depositária dos valores e interesses da elite) assumisse uma hegemonia política que vinha perdendo naturalmente.
A classe média intermediária, que representava apenas 17% da população em 2002, hoje corresponde a 32%.
É um novo país, que requer uma outra linguagem política.
E uma outra mídia.
RICARDO MENDONÇA, DE SÃO PAULO
É no interior de uma neopreponderante classe média intermediária –a turma bem do meio na escala social– que a briga entre Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB) aparece mais acirrada.
Preponderante porque diz respeito a um exército de eleitores que representa um terço do eleitorado (32%), o maior agrupamento numa escala com cinco subdivisões (dos excluídos à classe alta).
Neo porque o gigantismo desse contingente (pessoas que estão exatamente entre a classe média alta e a classe média baixa) quase dobrou de tamanho desde 2002, o ano em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva venceu sua primeira eleição.
E acirrada porque é o único grupo da escala social em que há empate técnico entre as duas concorrentes mais competitivas no atual cenário da corrida pela Presidência.
Editoria de Arte/Folhapress
No teste de primeiro turno, Dilma tem 35% entre esses eleitores; Marina, 33%. No segundo turno há uma inversão. Marina aparece com uma vantagem um pouco além da margem de erro, que é de dois pontos. A pessebista vai a 49%, a petista atinge 41%.
Essas constatações foram feitas pelo Datafolha, que, com base nos resultados de suas pesquisas, mesclou dados sobre escolaridade, renda e posse de bens para medir o tamanho exato de cada grupo na escala social (leia sobre o método ao lado).
Outro dado que chama a atenção no estudo é o aumento escalonado das intenções de voto em Dilma conforme diminui a classe social do eleitor. Uma escadinha.
Na classe alta, ela tem só 19% das intenções de voto. Sobe para 27% na classe média alta. Vai a 35% na intermediária, 40% na classe média baixa e atinge seu recorde, 49%, entre os excluídos.
Com Marina e o senador Aécio Neves (PSDB) ocorre exatamente o oposto: eles crescem conforme melhora a condição social do eleitor (confira no primeiro gráfico).
Ao aplicar os mesmos critérios para definição de classes em resultados de pesquisas de anos anteriores, é possível enxergar com nitidez a dimensão das transformações sociais ocorridas nos últimos anos.
Além do agigantamento da classe média intermediária, constata-se que o grupo dos excluídos deixou de ser o maior, embora continue grande. Caiu de 33% para 27%.
E a classe média baixa minguou, de 23% para 13%. Parte grande de seus antigos representantes evoluíram para o ponto intermediário.
Com isso, a clássica ideia de pirâmide social –um modelo em que a base era o maior grupo e os demais segmentos ficavam menores conforme evoluíam– foi detonada.
O formato, hoje, não é nada regular. Parece mais sofisticado e menos injusto.
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