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Fato novo provoca "outra reviravolta no cenário" eleitoral, avalia o colunista em seu blog; para Ricardo Kotscho, com a delação premiada do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, "candidatura tucana sai da UTI e vai à luta novamente"
A candidatura do tucano Aécio Neves "sai da UTI" após as denúncias feitas pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que atingem a presidente Dilma Rousseff (PT) e candidata do PSB, Marina Silva. A observação é do jornalista Ricardo Kotscho, que notou que o presidenciável, isolado na terceira posição nas pesquisas depois da entrada de Marina na disputa, estava "outra pessoa" no sábado, partindo para o ataque sem pensar duas vezes. Leia abaixo o post publicado em seu blog:
Delação premiada dá sobrevida e Aécio vai à luta
Conseguiram. A quatro semanas da eleição, quando tudo parecia caminhar para uma disputa acirrada entre Dilma e Marina no segundo turno, com Aécio fora do jogo, sendo abandonado até pelos aliados, um fato novo provocou outra reviravolta no cenário. Com isso, a candidatura tucana sai da UTI e vai à luta novamente.
Desde sexta-feira, quando saíram as primeiras revelações nos portais, não se fala de outra coisa no país: quais serão as consequências na campanha presidencial da delação premiada feita por Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, que está preso em Curitiba, no Paraná?
Os três candidatos reagiram de formas bem diferentes à nova configuração do quadro, que desde já coloca as denúncias de corrupção na Petrobras no centro do debate nesta reta final de campanha.
Embora até aqui não tenham sido apresentadas provas de nada contra o ministro Edison Lobão, os ex-governadores Sergio Cabral e Eduardo Campos, a atual governadora Roseana Sarney, e os presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves, e do Senado, Renan Calheiros, além de uma penca de parlamentares da base aliada do governo Dilma, só a volta do tema da Petrobras às manchetes já causam mudanças nas campanhas dos presidenciáveis.
Num primeiro momento, a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, sabendo que vai ser o principal alvo dos ataques, fechou seu time na defesa e só disse que está esperando "dados oficiais" para tomar "todas as providências cabíveis, mas não posso fazer isso com base apenas em especulações". Surpreendida mais uma vez, a presidente pediu informações ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e convocou uma reunião de emergência ainda na noite de sexta-feira.
Marina Silva preferiu ficar no meio de campo trocando passes: com o nome de Eduardo Campos também na lista dos beneficiários, a candidata do PSB espera o melhor momento de atacar sua principal adversária, sem saber ainda quais novas revelações serão feitas nos próximos dias. "Não queremos ver o Eduardo morrer duas vezes", limitou-se a dizer. Aliados de Marina alegam que o envolvimento de Eduardo no caso não tem fundamento.
Já Aécio Neves, que não tinha mais nada a perder, quase 20 pontos atrás de suas duas adversárias, parecia outra pessoa no sábado. Revigorado pela delação premiada, aguardada ansiosamente, junto com os colunistas amigos, que há dias soltavam notinhas ameaçadoras, o ex-governador mineiro foi logo ao ataque sem pensar duas vezes. "O Brasil acordou perplexo com as mais graves denúncias de corrupção da nossa história recente. Está aí o mensalão 2", foi logo comemorando. Sem bandeiras e sem rumo, sem mais ter o que falar ou propor, Aécio agora ganhou de bandeja pelo menos um discurso.
O curioso é que, até agora, como costuma acontecer nestes casos, só foram publicados nomes de possíveis corrompidos denunciados pelo ex-diretor, mas nenhum de empresas, as prováveis corruptoras e seus dirigentes, já que não há quem se venda se não houver alguém que compre. Como o processo corre em segredo de Justiça e as gravações de áudio e vídeo dos interrogatórios feitos com Paulo Roberto Costa estão guardadas num cofre forte, para saber o que realmente existe e quem tem culpa no cartório, vamos ter que esperar pela análise do ministro Teori Zavascki, do STF, que poderá ou não aceitar a delação premiada.
Aconteça o que acontecer, é disso que vamos ficar falando até o dia 5 de outubro, deixando em segundo plano os projetos de governo e as discussões sobre o futuro do país. Pobre país.
Vida que segue.
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