465 visitas - Fonte: Tijolaço
Passei algumas horas a levantar um assunto sobre o qual não publiquei nada ainda por tratar-se de algo que, sem certeza absoluta, a gente não fala nem na base do “talvez”.
Foi a partir da coluna de Mônica Bergamo, na Folha, que dá o pontapé inicial num noticiário extremamente pesado.
O da propriedade do avião que vitimou Eduardo Campos.
Não vou fazer juízo de valor, apenas republicar o que a Bergamo divulgou, de manhã.
Um grupo de empresários de Pernambuco deve divulgar uma nota ainda nesta quinta assumindo que estava comprando a aeronave em que o presidenciável Eduardo Campos viajava.
Desde o acidente, na semana passada, em Santos, o nome do operador do avião está envolto em mistério. A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) abriu investigação para descobrir o verdadeiro dono da aeronave.
O avião, de prefixo PR-AFA, está em nome Cessna Finance Export Corporation, mas era operado pelo grupo Andrade, do setor sucroalcooleiro em Ribeirão Preto (SP). Ele foi colocado à venda por cerca de US$ 7 milhões.
Um empresário pernambucano, João Carlos Pessoa de Melo, procurou a corretora que representava a Andrade, em maio, e assinou compromisso de compra do avião.
Ao mesmo tempo, uma outra empresa, a Bandeirantes Companhia de Pneus, assumiu o leasing frente à Cessna. Oito prestações já teriam sido pagas pelo grupo de empresários. O valor seria abatido no final da operação de compra e venda.
O grupo pernambucano não quis falar com a Folha. O advogado Ricardo Tepedino, da Andrade, confirma as informações. E diz que elas já foram encaminhadas à Anac.
A Folha, porém, já foi adiante e em reportagem de Mauro César Carvalho levanta a suspeita:
“O avião pertencia ao grupo Andrade, dono de usinas de açúcar na região de Ribeirão Preto, que está em recuperação judicial, e só poderia ser vendido com autorização judicial”
Daí em diante, o caso vira um embrulho onde se suspeita de uma operação fictícia, destinada a fraudar credores da Andrade.
Mas também na ponta “compradora”, os personagens são nebulosíssimos.
“O avião Cessna foi vendido a João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho e Apolo Santana Vieira, ambos de Pernambuco, segundo documento do grupo Andrade enviado à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e revelado pela coluna Mônica Bergamo, da Folha. Mello Filho é usineiro e era amigo de Campos, segundo a Folha apurou.”
João Paulo Lyra Pessoa de Mello (ou seu filho, como a matéria induz a crer) era um personagem metido em problemas por convênios com o Ministério da Ciência e Tecnologia, que foi ocupado por Eduardo Campos e, depois, por seus indicados do PSB. Foi com um indicado de Campos, Sérgio Resende, que uma ONG ligada a ele firmou dezenas de convênios, segundo o Estadão.
Da mesma forma, um João Paulo Lyra Pessoa de Mello e seu irmão Eduardo, usineiros em Pernambuco, foram condenados em 2011 por assassinar um rapaz, Alexandre dos Santos Correia, numa boate do Recife, crime ocorrido em 1999. Não sei se foram inocentados em segunda instância, após o Tribunal do Júri lhes dar penas de 14 e 15 anos.
Exceto se for o caso de homonímia, o que desde já deixo ressalvado, apesar de incrível, a coisa vai dar panos para manga.
O outro comprador do avião, Apolo Santana Vieira já foi denunciado pelo Ministério Público Federal por fraude na importação de pneus chineses em Pernambuco.
Ramo em que opera também a tal Bandeirantes que teria feito o leasing do avião. A Bandeirantes tem capital registrado de R$ 2 milhões, incompatível com a compra de um jato de US$ 7 milhões.
O caso é tão escabroso que tem cara de ter brotado, como o caso Lunus, de algum “saco de maldades”.
Portanto, é preciso muito cuidado para não acusar quem não pode se defender ou dar explicações.
Mas é também impossível que um acidente com tamanha repercussão não vá ser investigado também no que diz respeito aos donos do avião.
Até porque, dias atrás, a Folha publicou que a própria vítima havia aprovado a operação de compra do avião.
Esperemos para ver aonde vai a apuração da Folha. Peço que, nos comentários, ninguém se precipite ou acuse sem provas.
O melhor, nestas horas, é esperar a verdade sem histeria, com respeito, mas também sem encobrimentos.
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