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Duas semanas depois de Dilma Rousseff receber apoio de dirigentes de cinco centrais, sendo quatro presidentes, hoje (19) foi a vez de Aécio Neves ser saudado por sindicalistas de três centrais, tendo à frente o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (Solidariedade-SP), presidente licenciado da Força Sindical. Sem citar o nome de Marina Silva, com quem rivaliza na segunda posição da disputa eleitoral, o tucano assegurou que passará pelo primeiro turno. "Eleição tem muito de especulação. Eu não sei com quem eu vou, mas garanto que estarei no segundo turno", disse no final de ato realizado na Casa de Portugal, na Liberdade, região central de São Paulo.
A única referência explícita a Marina veio do próprio Paulinho, que lembrou ter sido o primeiro a manifestar apoio a Aécio, até antes do próprio PSDB. Para ele, a disputa agora se dará contra uma "candidata inexperiente, que não se sabe o que pode dar no futuro", e outra "que a gente já conhece, que trouxe de volta a inflação e o desemprego". As taxas de desemprego seguem em níveis baixos, mas o deputado citou alguns setores da economia e acusou o governo de ser "voltado para o setor financeiro".
Entre os dirigentes sindicais presentes, apenas um era presidente de central: Miguel Torres, da própria Força. Mas participaram dirigentes da UGT como Francisco Pereira de Sousa Filho, o Chiquinho, do PPS, e Enílson Simões de Moura, o Alemão, um ex-metalúrgico do ABC que no início dos anos 1980 organizou uma chapa contra o grupo de Luiz Inácio Lula da Silva. Em seu discurso, Alemão, vice da UGT, afirmou que ali estavam presentes "dirigentes sindicais mais esclarecidos deste país, que não se propõem a ser guarda pretoriana de um governo que está conduzindo o país para a recessão". E acrescentou: "Não queremos os exemplos da Venezuela, da Argentina. Queremos o exemplo dos grandes países desenvolvidos".
O secretário-geral da Força, João Carlos Gonçalves, o Juruna, apoia a reeleição de Dilma, assim como o presidente da UGT, Ricardo Patah. Secretário de Organização e Políticas Sindicais, atualmente licenciado, Chiquinho diz que isso pode ser salutar. "A unidade maior é em torno das questões comuns, da pauta sindical. No caso da UGT, essa discussão foi feita, à medida que as vontades das pessoas foram se expressando", afirmou. Ele garantiu que a maioria da central está com Aécio.
O sindicalista e candidato a deputado acredita que o cenário presidencial ficará mais claro dentro de aproximadamente 15 dias. "Tem de esperar baixar um pouco a poeira", comentou. Segundo Chiquinho, os dados da última pesquisa Datafolha ainda refletiram um momento de comoção. "Marina parte basicamente do percentual que tinha quando disputou a última eleição. Aécio tem uma candidatura com um processo mais lento de crescimento e acho que vai continuar crescendo. Dilma está vivendo um momento em que o PT passa por turbulência e com a economia sem crescer. Com pé no chão, acho que tende a estacionar um pouco e até cair nas pesquisas."
O auditório da Casa de Portugal estava lotado, com muita gente também do lado de fora, na avenida Liberdade, o que causou algum tumulto quando o candidato do PSDB chegou, praticamente empurrado para dentro. Alguns candidatos proporcionais levaram correligionários uniformizados, e em alguns momentos a organização fez apelos para que parte das pessoas saísse do palco.
O deputado estadual Antônio de Sousa Ramalho, originário do sindicalismo da construção civil, lembrou que o mesmo local abrigou a criação do Núcleo Sindical do PSDB, que ele comanda, e ali também foi lançada a candidatura Aécio. "Muita gente acha que o movimento sindical não tem força política. Até no nosso partido tem disso", afirmou, após chamar o líder tucano de "presidente dos trabalhadores do Brasil".
Diálogo
Antes de entregar uma pauta de reivindicações ao candidato do PSDB, o presidente da Força Sindical disse que a agenda trabalhista não andou no atual governo. "Os trabalhadores foram enganados por uma mulher de um passado de luta, mas que na hora de governar esqueceu suas promessas", afirmou Torres. Na entrega do documento, garantiu apoio a Aécio, mas prometeu cobrá-lo. "Temos certeza de que o senhor vai chamar os trabalhadores para discutir essa pauta." O secretário de Relações Sindicais da central, Geraldino dos Santos, disse estar seguro de que o tucano "vai ter as portas abertas para negociar com os movimentos sociais" e observou que depois (da eleição) "o diálogo será com todos os segmentos do movimento sindical, inclusive a CUT".
Com 19 itens, a pauta é semelhante à que foi entregue a Dilma. Inclui pontos como redução da jornada, combate à inflação, regulamentação das convenções 151 e 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), sobre negociação coletiva no setor público e contra dispensa imotivada, combate à terceirização (sem referência ao Projeto de Lei 4.330), correção permanente da tabela do Imposto de Renda, fim do fator previdenciário e renovação da política de valorização do salário mínimo.
Aécio disse que seu governo será "de respeito ao diálogo" e que a prioridade, sem o que as reivindicações não conseguirão ser contempladas, será a retomada do crescimento econômico. "Não governarei de costas (para os trabalhadores)", afirmou. "Serei o presidente do emprego e do crescimento", acrescentou o tucano, criticando a "leniência de um governo que esqueceu seus compromissos com os trabalhadores".
Também garantiu que manterá a política de reajustes do salário mínimo e prometeu a correção da tabela do Imposto de Renda. "O Brasil não pode continuar a ser governado por um grupo político que se apequenou ao chegar ao poder." O secretário da Casa Civil do governo paulista, Edson Aparecido, que representou o governador Geraldo Alckmin, disse que participavam do ato "políticos que são capazes de andar na rua de cabeça erguida".
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