1267 visitas - Fonte: Tijolaço
Meu bom amigo Hayle Gadelha, publicitário e especialista em marketing eleitoral, em seu blog, publica uma análise bastante serena e inteligente do que pode ser a migração dos votos com a mudança do cenário eleitoral.
Insisto que qualquer grande mudança imediata nos números só representará duas coisas: o desejo de produzir uma “virada” num quadro eleitoral que se apresentava muito estável e os compreensíveis efeitos da comoção e do espetáculo de mídia em torno do acidente.
Gadelha também observa os efeitos da “comoção” em sua análise e só não o reconhece quem a produz com objetivos eleitorais.
Vale a pena acompanhar seu raciocínio.
Quem perde mais – Aécio ou o Não-Voto?
Hayle Gadelha
Na última pesquisa Ibope, agora em agosto, Dilma tinha 38% e a soma dos outros candidatos também era 38%. O Não-Voto (eleitores que não têm intenção de votar em qualquer que seja o candidato) tinha, portanto, 24% (no primeiro turno de 2010, o Não-Voto foi 8,64%). No histórico, desde junho, Dilma estava absolutamente estável, enquanto os outros candidatos perdiam 4 pontos para o Não-Voto. Aécio crescia, mas sem conseguir tirar nem de Dilma nem do Não-Voto. Com a saída repentina – e lamentável para política brasileira – de Eduardo Campos, a interrogação é a melhor resposta. Mas não custa imaginar.
Marina certamente será a candidata do PSB. Até aqui, os seus antigos votos, aqueles quase 17,66% dos votos (considerando o total do comparecimento) que ela teve em 2010, estavam indo mais para o Não-Voto do que para Eduardo Campos. Alguns talvez tenham migrado para Everaldo. Outros para Aécio. Com a sua candidatura, ela poderá conquistar alguma coisinha do que seria para Eduardo, outra coisinha do que seria de Everaldo, mais um pouquinho de Aécio e boa parte do Não-Voto. Ainda assim, o segundo turno não estará garantido.
Dilma com certeza crescerá ainda mais no Nordeste e também crescerá naquele Não-Voto que simplesmente estava dando tempo ao tempo para votar sem risco de errar. É bom lembrar que, hoje, Dilma de certa forma está em situação melhor do que no primeiro turno de 2010. As pesquisas indicam que ela tem 50% dos votos válidos, contra 46,91% que teve há quatro anos. Se considerarmos o total do eleitorado que compareceu, no primeiro turno de 2010 ela teve 42,85% e hoje já tem 38% – ou seja, uma diferença bem pequena, facilmente superável com a televisão.
A situação de Aécio é mais complicada. Com a provável subida de Marina, ele poderá perder, como lembra meu amigo Fábio, o chamado voto útil, daquele eleitor que poderia deixar de lado tanto o Eduardo Campos quanto o Não-Voto para tentar eleger Aécio. O item “comoção”, pode até inverter isso, conduzindo o voto útil para Marina. Mas acredito que no final o eleitor vai preferir o certo ao duvidoso, preferindo Dilma a ter que arriscar na inexperiência administrativa de Marina.
No frigir dos ovos, tanto Aécio quanto o Não-Voto é que serão os grandes perdedores.
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