6/8/2014 21:28

Governo de Minas abandona Santa Casa

Só 4% do financiamento do hospital filantrópico, que mantém 1.085 leitos do SUS, vêm dos cofres estaduais, ao passo que o governo federal contribui com 90%

1823 visitas - Fonte: Pautando Minas

A direção da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte entregou nesta quarta-feira, 06, ao candidato a governador Fernando Pimentel (PT), um documento com demandas da instituição. A carta reclama da irregularidade nos repasses do programa estadual Pro-Hosp e do incentivo financeiro do estado à instituição, que atualmente é de apenas 4% do total. Em estados como São Paulo, Paraná e Alagoas o percentual do estado chega a 50%.



O provedor interino da Santa Casa, Roberto Otto Augusto de Lima, que liderou a recepção ao candidato da Coligação Minas Pra Você, resumiu as dificuldades do hospital. "A gente vem lutando para buscar a sustentabilidade da Santa Casa, mas ainda não conseguimos. Os hospitais filantrópicos não podem mais arcar com os custos da saúde no país em troca de dívida, em troca do seu patrimônio", disse



Fernando Pimentel garantiu que vai recuperar a instituição e lutar contra o fechamento da maternidade, que trabalha hoje com prejuízo anual de R$ 10 milhões. Durante a gestão do petista, a Prefeitura de Belo Horizonte fez um grande esforço que resultou na reestruturação o hospital.



A Santa Casa é considerada hospital de referência no estado e atende 22% das internações de média e alta complexidade da região metropolitana da capital e mais de 500 municípios mineiros.



"De cada R$ 100 de custeio da Santa Casa, R$ 90 são pagos pelo governo federal e apenas R$ 4 pelo governo de Minas. Há um ano o hospital não recebe recursos do Estado, que está se omitindo e agravando a situação da entidade. No caso da maternidade, tem dinheiro federal para receber. Esse dinheiro já foi repassado para o governo do estado, que é o dinheiro da Rede Cegonha, mas não chegou à Santa Casa", afirmou Pimentel.



Segundo o documento entregue ao candidato, 65% das internações públicas feitas em Minas são realizadas em hospitais filantrópicos. A carta reivindica a criação de uma linha de financiamento específica para essas instituições no Banco de Desenvolvimento do Estado de Minas Gerais.



Ajuda federal



Esta semana, a Santa Casa de Belo Horizonte recebeu socorro do governo federal. O Ministério da Saúde aprovou a entrada da instituição no Programa de Fortalecimento das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos (PROSUS). Graças a isso, a entidade poderá renegociar sua dívida tributária com a União, estimada em R$ 200 milhões, o que permitirá o acesso a novos financiamentos. Um deles já está em negociação com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do governo federal.



A Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte é responsável por 8% dos partos em gestação de alto risco do estado e 29% deste tipo de procedimento na capital mineira. O tratamento dialítico em pediatria da instituição responde por 21% do total de Minas Gerais e 57% de BH. No ano passado, a instituição realizou 38.642 internações e 1,27 milhão de procedimentos ambulatoriais. O hospital possui 1.085 leitos do SUS.





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