424 visitas - Fonte: Rede Brasil Atual
Após o diretório do PT em São Paulo expulsar, na sexta-feira (1° de agosto), o deputado Luiz Moura, os dirigentes petistas esperam uma decisão da Justiça Eleitoral que impeça definitivamente a candidatura que o parlamentar tenta conseguir no Judiciário. Antes da expulsão, desde o início de junho a legenda havia suspendido os direitos partidários de Moura, que teria sido flagrado pela Polícia Civil, no mês de março, em reunião de membros de cooperativas de lotações da capital, supostamente com a presença de integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC).
Apesar de ter sido aberto um espaço para que o parlamentar apresentasse argumentos em sua defesa, a suspensão impediu o parlamentar de participar da convenção partidária que definiu as candidaturas da legenda no estado, e barrou sua tentativa de se reeleger em outubro. Moura reagiu, procurou a Justiça para poder registrar sua candidatura. O partido entrou com recurso alegando que a decisão cabe à Justiça eleitoral.
A decisão de expulsar Moura foi unânime por parte dos 41 membros do diretório com direito a voto que compareceram à reunião de sexta-feira, a legenda espera superar esse processo na Justiça Eleitoral. “Nós entramos com vários pedidos, em várias esferas. O agravo, no TJ, que não é na Justiça Eleitoral, foi negado, mas os outros, que tramitam na Justiça Eleitoral, esses é que vão valer”, explica o presidente estadual do PT, Emidio de Souza, ex-prefeito de Osasco.
Para Emidio de Souza, o episódio foi um “aprendizado” para o PT. “O importante é que, quando você descobre alguma conduta errada de algum filiado, você tem que tomar providências. O partido não pode compactuar com esse tipo de coisa sob pena de ele mesmo se contaminar”, disse, em entrevista à RBA.
O dirigente também comenta as eleições para o governo do estado de São Paulo e diz que o verdadeiro adversário do PT é o tucano Geraldo Alckmin. “Padilha é o melhor candidato e o Alckmin é o candidato a ser derrotado”, afirma.
Na quarta-feira (30) o Tribunal de Justiça de São Paulo negou recurso do PT para excluir o deputado Luiz Moura das eleições de outubro. Como fica a questão, já que o partido expulsou o parlamentar?
O juiz (de primeira instância) deu aquela liminar dando o direito a ele (dia 5 de julho, sábado), num fim de semana, um juiz de plantão, que não é do TRE, é um juiz criminal. Quase uma semana depois essa decisão foi cassada por outro juiz, o juiz titular. Mas esse agravo (julgado pelo TJ no dia 30) não tem importância jurídica. Não tem decisão, ainda. Ele está tentando vender essa imagem de que é candidato, mas não é. Nós entramos com vários pedidos, em várias esferas. Esse agravo no TJ, que não é na Justiça Eleitoral, foi negado, mas os outros, que tramitam na Justiça Eleitoral, esses é que vão valer. O que vai valer é a opinião do TRE, não a do TJ.
A liminar na Justiça no início de julho chegou a ameaçar a convenção do partido?
Ele está tentando ganhar o direito de ser candidato. Não chegou a ameaçar, não. O problema é que um juiz, não do TRE, mas um juiz criminal deu uma liminar sem fundamento nenhum dizendo que a convenção podia ser invalidada, mas essa liminar caiu logo na sequência (dia 11).
Esse episódio não expõe uma falta de critério do PT ao admitir certos quadros no partido? Por que se aceitou Luiz Moura no PT?
O PT sempre foi muito criterioso no seu processo de filiação. Mas evidente que sempre há critérios a serem aperfeiçoados, e nós vamos fazer isso, estamos fazendo. O importante é que, quando você descobre alguma conduta errada de algum filiado, você tem de tomar providência, o partido não pode compactuar com esse tipo de coisa, sob pena de ele mesmo se contaminar. O importante é o PT ter tomado providências. Acho que tem de haver filtros para os filiados e filtro maior ainda para quem vai ser candidato, porque é representante do partido, da sociedade.
Mas não se tinha conhecimento de ligações de Moura com esse suposto esquema?
Não, não se comentava sobre isso. Ele era uma liderança importante, ligada a uma categoria, estava trabalhando, era uma liderança comunitária, quis vir para o PT, o irmão (vereador Senival Moura) já tinha atividades com o PT, e ele veio.
Luiz Moura não seria um símbolo do afastamento do PT das bases, num processo pelo qual o PT foi se tornando mais pragmático na busca de votos?
O excesso de pragmatismo não é bom para nenhum partido, às vezes em determinadas fases históricas você é levado a isso, a ser mais pragmático, aceitar mais gente, ampliar demais. Acho que é bom de vez em quando retornar e dizer: “Nosso caminho é esse aqui, é por aqui que temos que seguir”. Então, acho que esse episódio pode ser um aprendizado para o PT.
O Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians, por exemplo (candidato a deputado federal pelo PT), sabe-se que vai trazer votos. Mas, lá na frente, ele não pode se tornar futuramente um problema?
Os problemas às vezes vêm de onde você não imagina. Não há certeza com nada. No caso do Andrés, ele já vem de uma militância no PT. Entrou no PT em 2010, já tem uma simpatia antiga pelo PT, é um colaborador de campanhas. Não é um novato aqui, ajudou o presidente Lula na ideia da construção da Arena Corinthians. É alguém preocupado com a reformulação da CBF, é alguém que já tem um estofo, já tem o que dizer.
Sobre as eleições, existe algum temor de que o nome de Alexandre Padilha não decole para fazer frente à força do PMDB e do PSDB no estado?
Não temos temor nenhum de o Padilha não decolar. A média histórica do PT tem sido em torno de 30% nas três últimas eleições de governador e a nossa perspectiva agora também é essa, o PT ir atrás desse patrimônio eleitoral que já tinha acumulado. Achamos natural candidaturas como a do PMDB, mas alternativa de mudança pra valer em São Paulo é o Padilha.
O candidato Paulo Skaf (PMDB) disse na semana passada que não "enxerga" palanque duplo para Dilma em São Paulo, que para ele o palanque da presidenta é Padilha. Também já disse que para ele PT e PSDB são adversários iguais...
Nós do PT não consideramos o Skaf como adversário, inimigo nosso. Adversário para nós, o inimigo a ser derrotado é o PSDB. Esse esquema, esse grupo político que há 20 anos comanda o estado para nós é o que tem de ser derrotado. O Skaf, se alguém tem de explicar isso, é ele, porque todos os partidos que fazem parte da coligação dele integram a base de apoio da Dilma. Todos, inclusive o dele, o PMDB, que indicou o vice-presidente, o Temer. Mas o PSD do Kassab integra, o PDT, o PROS, o PP. O que ele está falando nem a coligação dele reconhece, ela está firme e forte com a Dilma presidente.
Ainda como prefeito de Osasco, antes da eleição de 2010, o senhor estava otimista sobre vencer o eleitorado conservador do interior de São Paulo com a candidatura de Aloizio Mercadante, mas Alckmin venceu no primeiro turno. Mudou alguma coisa de lá para cá?
Mudou e mudou para melhor. Mesmo em 2010 não fomos para o segundo turno por meio por cento. Em segundo lugar, conquistamos a prefeitura de São Paulo, conquistamos o ABC, reconquistamos Osasco, reconquistamos Mauá, ganhamos, junto com o PCdoB, Jundiaí, São José dos Campos.
Segundo avaliações do PMDB, Alckmin está focando muito sua campanha nas pequenas cidades do interior, e o PMDB historicamente teria ainda muita “capilaridade” no interior paulista...
Esse negócio do PMDB é verdade no tempo do Quércia, hoje não. O PT tem muito mais presença nas cidades, mais vereadores, mais deputados, mais prefeitos, então, em termos de capilaridade, nós não tememos. A grande questão é que São Paulo de vez em quando percebe que governos conservadores não apontam soluções estruturais para a população. O estado nunca deu a vitória para o PT, mas já deu vitória em prefeituras importantes e vitórias parlamentares importantes também. As pessoas percebem. O governo federal, o PT, têm presença no estado todo. Se for na Baixada Santista, por conta do Porto, do pré-sal. Também onde se expandiram universidades. As prefeituras têm apoio do PT. O Minha Casa Minha Vida está no estado inteiro. O ProUni está no estado inteiro. A presença do PT, as pessoas começam a reconhecer como alternativa capaz de enfrentar os problemas que elas têm.
Padilha disse que nunca viu o PT tão forte. O que evidencia isso?
O veio conservador de São Paulo nós não desconhecemos, sabemos que existe uma mídia muito enraizada e conservadora. Uma parte do eleitorado é muito conservadora. Agora, as pessoas aprenderam o que o PT é. O problema é que hoje as pessoas olham para o governo do estado, onde há 20 anos está o mesmo grupo. E o que mudou em educação, transportes, o que alterou na segurança pública, transporte público em São Paulo? Estamos à beira de uma crise monstruosa de abastecimento de água. Vai ficando evidente a insuficiência desse modelo do PSDB. As pessoas vão percebendo.
A intenção de atrair setores mais conservadores do estado para a candidatura de Padilha, como o agronegócio, acabou não vingando; o vice acabou sendo do PCdoB (o ex-deputado Nivaldo Santana). A coligação PT, PCdoB e PR acabou ficando mais frágil do que o PT gostaria?
Não é fraca, não. Os tempos de TV em São Paulo estão muito parecidos. Quando você monta uma aliança você nem sempre monta a que quer, monta a que é possível montar. O importante é que o Padilha vai oferecer para o estado um programa de governo renovador, que tem coisas novas a dizer, que não vai ser a repetição da mesmice. A gente fica pensando o que o Alckmin vai dizer para São Paulo, em termos de programa. Ele prometeu entregar 30 quilômetros de metrô, entregou seis nos últimos quatro anos. A crise de água era anunciada há mais de dez anos, e ele não tomou nenhuma providência para aumentar a capacidade de reservação no estado. Então, está evidente que o mais importante agora não é o tamanho da aliança, mas a capacidade dessa aliança de botar em prática um programa que mude de verdade este estado.
Há quem avalie que a principal prioridade hoje é derrotar Alckmin. Na sua opinião, Skaf seria melhor do que Alckmin?
Padilha é o melhor candidato e o Alckmin é o candidato a ser derrotado.
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