Ambulâncias, viagens e filas: a Saúde do Interior de Minas

Portal Plantão Brasil
30/7/2014 02:58

Ambulâncias, viagens e filas: a Saúde do Interior de Minas

Esqueletos de concreto e projetos que nem saíram do papel são a marca de 12 anos de gestão do PSDB e de aliados na área de interiorização do atendimento hospitalar de média e alta complexidade

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Dados do Ministério da Saúde mostram que 52% das internações nos hospitais do SUS em Belo Horizonte são de moradores do interior do Estado. Na cidade de São Paulo, o percentual é de 12%, e no Rio de Janeiro, de 18%. Na chamada área hospitalar da capital mineira, um olhar panorâmico para as placas das ambulâncias estacionadas traduz bem a estatística. A causa é clara. Em três gestões seguidas do PSDB e aliados no governo de Minas, com repetidas promessas em cada ano de eleições, nenhum hospital regional foi entregue à população, a despeito do esforço das prefeituras em contribuir com doações de terrenos e verbas dos seus apertados orçamentos.



No início de fevereiro de 2014, o então governador Antonio Anastasia (PSDB) foi a Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, para anunciar a liberação de recursos para o hospital regional do município. Foi mais um capítulo da série de atrasos e promessas descumpridas nos últimos 12 anos relativas à construção de oito hospitais regionais no Estado.



O próprio Hospital Regional de Teófilo Otoni figurou no Orçamento do Estado em 2013, com R$ 40.095.837 de investimentos previstos para obras, mas nenhum centavo foi desembolsado pelo governo mineiro. Apenas o projeto arquitetônico foi pago, no valor de R$ 1,18 milhão.



Anastasia, já apontado na ocasião pelos correligionários como pré-candidato ao Senado, disse, em discurso, que estava dando ordem de serviço para o maior hospital regional do interior de Minas. Mas, por enquanto, as obras engatinham na terraplenagem e nas fundações.



Também no discurso na cidade do Vale do Mucuri, Anastasia disse que o Hospital Regional de Juiz de Fora estava praticamente pronto e Divinópolis, Sete Lagoas, Uberaba e Governador Valadares estavam com seus hospitais regionais.



Promessas



A realidade, porém, é muito diferente. Dos oito hospitais regionais projetados pelo governo do Estado, o único com chances de inauguração até o fim de 2014 é o de Uberaba. Isso graças ao aporte de R$ 9,3 milhões da Prefeitura nas duas últimas gestões (Anderson Adauto (PRB) e Anderson Adauto (PMDB) e aos R$ 11 milhões pagos pelo governo federal para a compra de equipamentos.



Dando continuidade ao rosário de promessas, o atual governador do Estado, Alberto Pinto Coelho (PP), foi a Montes Claros no último 02 de julho para assinar convênio com a Santa Casa local visando repassar R$ 110 milhões para a construção do Hospital Regional do Trauma. Trata-se de um projeto de 2010, apresentado pela própria Santa Casa ao então governador Anastasia. Só agora a obra, em terreno da Prefeitura, poderá ser licitada.



O Hospital do Trauma é um projeto importantíssimo que já deveria estar servindo à população do Norte de Minas desde 2012. Mas, ao lançar novamente o empreendimento em ano de eleições, o governo do Estado não explica como conseguirá dar conta do passivo na área de hospitais regionais.



Em 2014, no Orçamento do Estado, na rubrica 'Implantação de Hospitais Regionais', com desembolsos previstos de R$ 43,4 milhões até 30 de junho, só foram realizados investimentos de um quarto desse valor: R$ 10,5 milhões. Além disso, os hospitais de Sete Lagoas, Divinópolis e de Juiz de Fora, ao contrário do que informou Anastasia em Teófilo Otoni, além do Hospital Regional de Conselheiro Lafaiete, não passam de esqueletos de concreto, apesar de terem sido iniciados entre 2009 e 2010.



Esqueletos



Esses empreendimentos, por sinal, tiveram seus custos elevados de forma significativa por causa de atrasos nas obras e de erros nos projetos de engenharia.



Em Sete Lagoas, por exemplo, o Hospital Regional Márcio Paulino, começado em 2011, teve o custo elevado de R$ 47 milhões para R$ 80 milhões, segundo o prefeito Márcio Reinaldo (PP). A construção chegou a ficar paralisada por mais de um ano. Segundo o prefeito, o projeto de engenharia de Sete Lagoas seguiu o do Hospital Regional de Juiz de Fora que, posteriormente, mostrou estar repleto de problemas.



Em janeiro de 2014, a construção do Hospital Regional de Juiz de Fora acumulava um atraso de três anos, depois de absorver R$ 92 milhões em recursos do Orçamento do Estado. No início das obras, a inauguração foi prometida para meados de 2012. No entanto, atualmente, a Secretaria de Saúde de Juiz de Fora prevê que, se nada mais der errado, o hospital será concluído no segundo semestre de 2015.



Em Divinópolis, a situação também é grave. As obras do Hospital Público Regional começaram em 2010 e continuam inacabadas. A previsão inicial era de conclusão em 2012, mas a inauguração foi empurrada também para o segundo semestre de 2015.



Auditoria



Em março de 2013, Anastasia visitou Governador Valadares e prometeu celeridade nos investimentos de R$ 83,2 milhões na construção do Hospital Regional local. No entanto, no Orçamento do Estado de 2013, somente R$ 14,6 milhões em investimentos foram empenhados na obra, equivalentes a 63% dos recursos previstos para o ano.



Ainda um esqueleto de concreto, o Hospital Regional de Conselheiro Lafaiete entrou em 2014 sob auditoria e com a construção paralisada. O retrato da situação desse valioso equipamento público para a população do Vale do Paraopeba foi desenhado pelo prefeito Ivar de Almeida Cerqueira Neto (PSB), médico, por sinal, em reunião com o Ministério Público em maio de 2013:



"O hospital regional, em construção, possui seu projeto equivocado, sob responsabilidade da SES/MG (Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais), com previsão apenas de 70 novos leitos, com um andar inteiro destinado para área administrativa... Deveria ter sido criado para uma perspectiva acima de 200 novos leitos. Há problemas graves na construção dessa obra... O próprio município não tem acesso às importantes informações solicitadas junto à construtora, razão pela qual teve que recorrer para o Ministério Público local."



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