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Ex-presidente afirma, em sua página no Facebook, que durante os 12 anos do governo do PT, "a inflação se manteve dentro da meta" e que isso foi feito com aumento de salário mínimo, crescimento do mercado interno e taxa de desemprego baixa; ontem, durante congresso com químicos no litoral paulista, petista alfinetou Fernando Henrique Cardoso: "É muito fácil controlar a inflação demitindo trabalhadores e arrochando salários"; eleições marcam duelo de corpo a corpo entre ex-presidentes, que fazem de tudo para preservar seus legados e nunca tiveram tanta importância para os candidatos de seus partidos
A eleição presidencial de outubro já tem uma marca exclusiva: nunca antes ex-presidentes foram tão influentes nos destinos dos candidatos de seus partidos. A ponto de, muitas vezes, assumirem o protagonismo do debate e ocuparem as manchetes no lugar de quem estará diretamente sob o julgamento das urnas. Em nenhum outro país isso acontece, muito menos na proporção e com a naturalidade com que ocorre no Brasil.
Na manhã desta quarta-feira 23, antes que o tucano Fernando Henrique ocupasse a mídia, o petista Lula já apareceu para tomar o espaço com uma alfinetada ao antecessor tucano. "No Brasil, durante os 12 anos dos governos Lula e Dilma, a inflação se manteve dentro da meta. Isso foi feito com aumento real de salário mínimo, crescimento do mercado interno e uma taxa de desemprego menor que muito países europeus", postou o ex-presidente petista no Facebook.
A mensagem resgata uma frase de Lula dita ontem, durante congresso de químicos na Praia Grande, no litoral paulista. "É muito fácil controlar a inflação demitindo trabalhadores e arrochando salários", disse o ex-presidente, acrescentando na mensagem na rede social: mas o compromisso dos governos Lula e Dilma tem sido o de controlar a inflação melhorando a vida do trabalhador. O link leva para uma publicação do site Muda Mais, que diz: "Inflação cai, mas nem todo mundo viu assim".
Lula também veio hoje com declarações de que a presidente Dilma Rousseff irá superar a rejeição e convencer o eleitorado de São Paulo a dar o voto a ele. A julgar pelo que vem ocorrendo até aqui, ele deverá ser retrucado pelo rival.
Nas últimas semanas, não passou um dia sequer sem que Fernando Henrique ou Lula não tivesse procurado criar fatos políticos um atrás do outro. Chamando o adversário para a briga verbal, o tucano registrou dias atrás que o petista não sabe reconhecer seus próprios erros, preferindo apenas atacar quem o critica. Dando de ombros, Lula devolveu que não lê o que Fernando Henrique. A troca de farpas, sem dúvida, vai continuar cada vez mais certeira até outubro.
Enquanto Fernando Henrique, na eleição, joga a favor do resgate de seu estilo de governo, Lula trabalha pela reeleição da presidente Dilma Rousseff para ele próprio ter um caminho de volta à Presidência da República mais suavizado, com uma aliada no poder. Pela idade, FHC não pensa em voltar, mas o antigo núcleo de sua equipe econômica, com Armínio Fraga à frente, já fala em nome de Aécio e muitos de sus antigos auxiliares em outras áreas ocupam postos chave na campanha. O tesoureiro, por exemplo, é seu ex-ministro e amigo pessoal José Gregori.
A influência de Lula sobre Dilma se dá em outro plano. O ex-presidente tem no jornalista Franklin Martins e no chefe do gabinete presidencial Gilberto Carvalho homens de sua confiança no centro da campanha de reeleição. Lula manterá a posição, se Dilma ganhar a eleição, de principal interlocutor da presidente, saindo como pré-candidato favorito no PT para concorrer em 2018.
Aos 83 anos, Fernando Henrique não alimenta planos de voltar. Mas ele também tem muito a ganhar. A vitória de Aécio, que ele próprio lançou e que não esconde a admiração pelo governo e o estilo pessoal do ex-presidente, seria um espetacular resgate de sua herança política. Depois de ter tido sua gestão defenestrada seguida por Lula, primeiro, e por Dilma, sem seguida, FHC atua fortemente para vencer essa revanche. Ele tem concedido mais entrevistas e não se furta a orientar os passos do candidato.
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