Brasil caminha À recessão, o que eles propõem

Portal Plantão Brasil
19/7/2014 11:14

Brasil caminha À recessão, o que eles propõem

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845 visitas - Fonte: Brasil 247

Geração de empregos cai, indústria desacelera e projeções apontam para PIB negativo em 2014; mas, até agora, candidatos não abrem o jogo sobre o que, exatamente, pretendem fazer para reverter quadro que se anuncia de recessão; aposta da presidente Dilma Rousseff é manutenção de política de incentivos setoriais e ao consumo; senador Aécio Neves afirma que confiança será resgatada com alternância no poder; ex-governador Eduardo Campos acredita que desate de nós tributários pode devolver impulso perdido; eleitor pode ficar sem detalhamento de programas econômicos até o dia da eleição



Os ingredientes de um coquetel de recessão estão se juntando no caldeirão da economia brasileira. A partir de uma continuada queda nas vendas de automóveis, a indústria automobilística passou a produzir menos e, com ela, diferentes cadeias produtivas passaram a sofrer as consequências. Ao mesmo tempo, o setor exportador apanha com as dificuldades do mercado externo. Cruzados os problemas, o emprego começa a ser seriamente afetado, com férias coletivas e cortes de vagas crescendo, em junho, em todos os 12 setores industriais pesquisados pelo IBGE. Pesquisas que apuram os índices de confiança na sociedade atingem, em consequência, os níveis mais baixos dos últimos anos.



O que fazer?



Até agora, essa pergunta não está sendo respondida, em detalhes, pelos três principais candidatos a presidente nas eleições de outubro.



Sabe-se que a presidente Dilma Rousseff acredita que incentivos fiscais a empresas e estímulos ao consumo podem seguir dando bons resultados como política anticíclica à crise internacional. O senador Aécio Neves, por seu turno, divulga que a simples alternância no poder será capaz de reverter expectativas e tornar o pessimismo de hoje no otimismo de amanhã. Em suas palestras a empresários, o ex-governador Eduardo Campos anuncia uma reforma tributária por etapas como forma de animar investimentos e promover o crescimento.



Nenhum dos candidatos, até agora, explicitou qualquer tipo de decisão dura que poderá tomar ao chegar ao poder. Pela oposição, Aécio chegou a admitir estar pronto a tomar as chamadas 'medidas amargas' para tirar o País da crise que se anuncia, mas ainda não explicou – e nem pretende – como e o que, precisamente, ele vai fazer. Seu homem forte na área econômica é o ex-presidente do BC Armínio Fraga, e essa é a grande pista que o presidenciável tucano mostra sobre seus planos. Já é mais do que apresenta o ex-governador de Pernambuco, de quem pouco se conhece sobre nomes preferidos para compor sua equipe. Dilma, com os cuidados de quem tem de gerenciar a situação, não admite fazer grandes mudanças de rota ou em seu time.



O horário político que terá início em agosto é o espaço ideal para os candidatos mostrarem o que planejam para resgatar a pujança econômica. Caso eles entendam que o eleitor está maduro para participar de um debate econômico verdadeiro, todo o processo eleitoral sairá ganhando. Se, ao contrário, temerem dizer o que realmente pensam fazer, o Brasil irá votar num programa econômico surpresa para ser adotado a partir de 2014.



Abaixo, notícia da Agência Brasil a respeito da retração na indústria:



Produção industrial cai em junho, aponta CNI



Mariana Branco - Repórter da Agência Brasil



A produção industrial registrou queda em junho, ficando em 39,6 pontos, contra 48,4 pontos em maio deste ano e 46 pontos no mesmo mês de 2013. O patamar é o menor desde o início da medição do índice, em 2010. O dado está na Sondagem Industrial divulgada hoje (18) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Além do recuo na atividade, a pesquisa aponta redução no número de empregados e na utilização da capacidade instalada e elevação nos estoques. Para a CNI, houve influência da Copa do Mundo, mas outros fatores também contribuíram para as quedas. A CNI avalia que há aprofundamento de um quadro negativo.



O número de empregados na indústria em junho ficou em 45,2 pontos, contra 46,8 em maio e 48,1 em junho do ano passado. A metodologia da CNI trabalha com uma linha divisória de 50 pontos. Quando indicadores como produção e emprego se afastam desse patamar, o cenário é negativo. A utilização da capacidade instalada, por sua vez, atingiu 68% contra 71% no último mês e 72% no mesmo período de 2013. O resultado também foi o menor desde o início da série mensal do índice.



"O que nos chamou bastante a atenção foi a intensidade da queda [da produção]. O indicador ficou bem abaixo da linha divisória, com queda intensa e disseminada pela indústria. No número de empregados, a leitura é semelhante", avaliou Marcelo Azevedo, economista da CNI. Segundo ele, há temor de que o cenário cause um impacto global. "A transmissão dessa dificuldade da indústria, via emprego, vai se passando para a economia como um todo", comenta.



Para Renato da Fonseca, gerente de Pesquisa e Competitividade da CNI, "a Copa do Mundo teve seu efeito na demanda [pela produção industrial], mas o desempenho da indústria vem dando sinais de deterioração durante todo o ano". Segundo ele, não é possível definir quanto o desempenho ruim é relacionado ao Mundial, que teve vários feriados e cujo incremento na demanda beneficiou somente alguns setores.



"Certamente, [a CNI] não esperava uma queda forte como esta, ou os estoques não estariam crescendo. A indústria começou 2014 esperando um ano melhor. Em junho, fica difícil separar o que é efeito da Copa e o que é um acirramento natural [das dificuldades que a indústria já enfrentava]".



A Sondagem Industrial de junho mostrou que os estoques efetivos da indústria em relação aos planejados cresceram. Em junho deste ano, o indicador somou 52,1 pontos, contra 51 em maio e 51,4 em junho do último ano. De acordo com a entidade, o índice é o maior desde julho de 2012.



Como principais problemas enfrentados pela indústria no segundo trimestre, os empresários ouvidos para a pesquisa apontaram a elevada carga tributária (citada por 54,5%), a falta de demanda (40,7%), a competição acirrada no mercado (31,3%), o custo da matéria-prima (25,4%) e a falta de trabalhador qualificado (22,6%).



Apesar dos resultados ruins, a expectativa com relação à alta na demanda para os próximos seis meses ficou moderada, em 55,2 pontos. Já a expectativa de quantidade exportada para o período ficou em 49,7 pontos.



Abaixo, notícia da Agência Reuters:



EXCLUSIVO - "É muito cedo" para redução do juro básico, diz fonte da área econômica



Por Luciana Otoni e Alonso Soto



BRASÍLIA (Reuters) - Ainda é cedo para redução da taxa básica de juro Selic no Brasil, disse à Reuters uma fonte da equipe econômica que não tem poder de decisão sobre política monetária, acrescentando que o governo federal já avalia a possibilidade de buscar fontes alternativas de receitas para garantir o cumprimento da meta de superávit primário deste ano.



"É muito cedo para se falar em corte de juros", disse. "O Banco Central acabou de encerrar um ciclo de aperto monetário", lembrou a fonte, que falou sob condição de anonimato.



Na quarta-feira, o BC manteve a Selic em 11 por cento ao ano, como era esperado, mas repetiu no comunicado que isso ocorria "neste momento", deixando em aberto todas as possibilidades para o futuro da política monetária num cenário de atividade fraca e inflação elevada.[nL2N0PS01B]



O BC tirou a Selic da mínima histórica de 7,25 por cento em abril do ano passado, num ciclo de aperto que durou um ano e levou a taxa ao atual patamar. O objetivo era domar a inflação, mas ela ainda continua elevada, apesar de a economia estar perdendo fôlego.



O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) tem rondado há tempos o teto da meta do governo --de 4,5 por cento, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos-- e, na avaliação de especialistas, uma das causas é a atual política fiscal considerada mais expansionista, que tem poder de pressionar os preços.



Em 12 meses até maio, a economia feita pelo governo para o pagamento dos juros estava em 1,52 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), aquém do objetivo estipulado para este ano, de 99 bilhões de reais, ou 1,9 por cento do PIB. Nesse cenário, o governo já fala em buscar mais receitas extraordinárias. [ID:nL2N0PB102]



"Ou as receitas se recuperam ou as despesas terão que ser ajustadas", comentou a fonte ouvida pela Reuters, destacando que a economia fria afetou o recolhimento de tributos.



"Mas sempre há receitas que podem ser buscadas", acrescentou, sem revelar quais alternativas poderiam ser usadas para melhorar a receita e defendendo que o governo está empenhado em cumprir primário deste ano.



"Cumprir a meta de superávit é uma necessidade. Isso está relacionado à credibilidade, à estabilização da dívida e ajuda na inflação", disse.



Entre maio e dezembro deste ano, o governo projeta que as receitas extraordinárias somarão 24,338 bilhões de reais. Entre as medidas já adotadas para elevar a arrecadação está o Refis da Crise.[nL1N0O821B]



Com a política restritiva em ação, crédito escasso, indústria debilitada e menor oferta de emprego no país, a fonte salientou que o desempenho do PIB do segundo trimestre dependerá do setor serviços, mas descartou a possibilidade de recessão técnica.



"É precipitado falar em recessão técnica, o segundo semestre é historicamente melhor que o primeiro, haverá menos feriados e teremos um terceiro e quatro trimestres no campo positivo", previu a fonte.



Pesquisa Focus do BC com economistas de instituições financeiras mostra que a mediana das projeções é de que o PIB brasileiro crescerá 1,05 por cento neste ano, bem abaixo dos 2,5 por cento no ano passado.



INFLAÇÃO



Nos 12 meses encerrados em junho, o IPCA ficou em 6,52 por cento, acima do teto da meta.



A fonte projeta que a inflação de julho ficará próxima de zero, ou até mesmo que possa ficar negativa, argumentando que houve redução nos preços das passagens aéreas e de outros serviços, como hotéis e alimentação.



Para o integrante da equipe econômica, a inflação mensal deve ceder também em agosto. Em 12 meses, no entanto, continuará elevada, recuando apenas mais no fim do ano para terminar 2014 abaixo do teto da meta.



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