'Desvincular economia e política prejudica desenvolvimento', defende Rafael Correa

Portal Plantão Brasil
16/7/2014 13:32

'Desvincular economia e política prejudica desenvolvimento', defende Rafael Correa

Em São Paulo, presidente do Equador elenca conquistas econômicas e sociais obtidas por seu governo ao desprezar receituário neoliberal: 'Destroçamos a ortodoxia'

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450 visitas - Fonte: Rede Brasil Atual

O presidente do Equador, Rafael Correa, defendeu na noite de ontem (15) durante palestra em São Paulo que os governos latino-americanos não podem “desvincular política e economia” no momento de definir caminhos para melhorar a vida de suas populações. “Temos de ter bem claras as relações de poder quando estudamos desenvolvimento”, anotou, argumentando que as “elites dominantes” são historicamente as maiores responsáveis pela concentração de renda e exclusão social da região.



“Por mais que tentem encará-lo como uma questão simplesmente técnica, o desenvolvimento é um problema político. O maior dano já impingido à economia foi terem-na desvinculado de sua natureza original, que é política”, continuou. “Nos fizeram acreditar que tudo se trata de técnica. Mas, ao não levar em consideração as relações de poder dentro da sociedade, converteram os economistas em funcionários das elites.” De acordo com o presidente, “com ideologias disfarçadas de ciência”, as classes dominantes “justificam o injustificável”: as desigualdades.



O líder equatoriano ofereceu uma longa conferência sobre as conquistas sociais e econômicas de seu governo, com destaque para a educação – o evento ocorreu na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), no Largo São Francisco, centro da capital. Cerca de 700 pessoas lotaram o salão para escutá-lo. Correa discorreu sobre seus feitos durante uma hora e quarenta minutos. Depois, respondeu a quatro perguntas da plateia. Antes de deixar o prédio, foi cercado por apoiadores e admiradores, que lhe pediram autógrafos e fotografias.



A palestra faz parte de uma pequena turnê de dois dias que o líder equatoriano realiza pelo país. Na manhã de ontem, o presidente esteve em São José dos Campos (SP), a 90 quilômetros da capital, para visitar o parque tecnológico da cidade, conhecida por sediar os hangares da Embraer, e firmar convênios de cooperação universitária.



Também almoçou com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e conversou com o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Hoje, em Brasília, participa da cúpula de chefes de Estado da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), Cuba, México e Costa Rica com os líderes dos Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.



Correa, como de costume, se sentiu bastante à vontade na USP. Doutor em Economia e autor de quatro livros, a academia é seu habitat. Antes de vencer as eleições pela primeira vez, em 2006, ganhava a vida como professor da Universidade São Francisco de Quito, capital do país. A intimidade com o ambiente universitário faz com que costume oferecer conferências durante suas visitas internacionais. Apenas em 2014, já palestrou na Universidade da Costa Rica, na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e na Universidade de Barcelona, na Espanha, onde foi agraciado com o título de doutor honoris causa.



Correa traçou um paralelo entre a grave recessão atravessada pelo Equador no final dos anos 1990 e a crise por que passam os países europeus desde 2008. “Meu país foi o exemplo de tudo que é ruim”, reconheceu, “graças ao poder político dos banqueiros, em conluio com a burocracia financeira nacional e internacional.” O presidente lembrou que, em 1999, os equatorianos abdicaram de sua moeda, o sucre, e até hoje utilizam o dólar como unidade de circulação monetária. Também recordou a emigração de dois milhões de cidadãos em busca de uma vida melhor em outros países. E o congelamento de poupanças.



“Passaram o peso da crise para o Estado e para a sociedade”, apontou, lamentando que, apesar do mau exemplo equatoriano, o planeta continua submetido ao sistema financeiro internacional. “Nos Estados Unidos e na Europa, permitiram aos investidores crescer sem qualquer tipo de controle com a especulação. A falta de regulação e supervisão estatal acabou provocando uma das maiores crises econômicas e políticas das últimas décadas.” Por isso, Correa lembra que promoveu “com entusiasmo” intervenções na economia de seu país. “A solução da crise passa pela recuperação do controle do capital pelos cidadãos, e dos mercados pelas sociedades.”



A aplicação dessa receita, segundo Correa, tem trazido bons resultados – e o presidente citou uma série de indicadores para sustentá-los: aumento no Índice de Desenvolvimento Humano, redução da pobreza, desemprego em torno de 4%, aumento do salário mínimo, redução de impostos com mais arrecadação, quatro novas universidades públicas, modernização da infraestrutura etc.



“O melhor indicador da qualidade de desenvolvendo não é a taxa de crescimento, mas a taxa de redução da pobreza”, anotou, lembrando, porém, que o PIB equatoriano também vem mostrando bons desempenhos. “Destroçamos a economia ortodoxa.”



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