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Ao comentar pesquisa Datafolha que legitima a aprovação da Copa do Mundo no Brasil entre os estrangeiros, jornal de Otavio Frias prioriza ‘descumprimento do cronograma’, embora reconheça que “sucesso do Mundial, dentro e fora de campo, pode fazer fluxo de turistas aumentar ainda mais”
Em editorial desta quarta-feira, a ‘Folha de S. Paulo’ introduz pesquisa Datafolha que legitima a aprovação da Copa do Mundo entre os estrangeiros com uma análise negativa sobre o “legado do evento”.
Embora reconheça o sucesso do Mundial, dentro e fora e campo, diz que, além do “descumprimento do cronograma, afora melhorias em aeroportos –que dificilmente ocorreriam de outra maneira– e ampliação do sistema de mobilidade em algumas cidades-sede, muito do legado limita-se a intervenções destinadas a facilitar a vida de quem vai aos estádios”.
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Editorial: Copa do mundo
Dois fatores são sempre mencionados quando se trata de defender a realização de um grande evento esportivo, como a Copa do Mundo: o estímulo para melhorar a infraestrutura do país e a oportunidade de expandir o turismo.
No caso brasileiro, como se sabe, o primeiro desses aspectos deixou a desejar. Das 167 obras prometidas, apenas 88 foram concluídas a tempo, enquanto 45 foram entregues incompletas, segundo levantamento desta Folha. Outras 23 ficaram para depois do Mundial, e 11 terminaram abandonadas.
O descumprimento do cronograma não é o único problema. Afora melhorias em aeroportos –que dificilmente ocorreriam de outra maneira– e ampliação do sistema de mobilidade em algumas cidades-sede, muito do legado limita-se a intervenções destinadas a facilitar a vida de quem vai aos estádios.
Ou seja, se os gastos governamentais chegam a R$ 29,3 bilhões, nem por isso o brasileiro verá investimentos dessa monta no setor de infraestrutura propriamente dita. Basta lembrar que as arenas, muitas das quais terão pouca serventia, custaram R$ 8,5 bilhões.
A situação é muito mais alvissareira no campo do turismo. Segundo pesquisa Datafolha, a imagem que os estrangeiros levam do Brasil é das melhores possíveis.
O levantamento realizado em seis capitais (Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo) constatou que, aos olhos desses hóspedes, os anfitriões da Copa são vistos como simpáticos (para 98%) e receptivos (95%); 95% consideraram ótima ou boa a hospitalidade dos brasileiros, e 84% fizeram esse juízo acerca de nossas atrações turísticas.
Sobraram elogios até para a segurança e o transporte, mas o custo de vida, os preços dos hotéis e a qualidade do ambiente urbano despertaram menos entusiasmo.
Ainda que o universo da pesquisa não represente o total de estrangeiros no país durante a Copa, a resposta dos entrevistados é sinal inequívoco de que o Brasil passou com folga nesse teste: a organização do Mundial foi bem avaliada por 83% deles, e 51% viram a realidade superar suas expectativas.
É preciso explorar esse sentimento. Pelas contas do governo, 1 milhão de estrangeiros de 203 nacionalidades visitaram o país na Copa –e, na pesquisa Datafolha, 61% disseram vir pela primeira vez.
A cifra é expressiva; representa, em apenas 30 dias, um sexto do total registrado em 2013. Melhor ainda, os meses de junho e julho costumam estar entre os que contabilizam menos estrangeiros, em torno de 350 mil cada um.
A entrada de turistas de outros países já vinha crescendo nos últimos anos. O sucesso da Copa, dentro e fora de campo, pode fazer esse fluxo aumentar ainda mais. Espera-se que o governo esteja atento a esse legado imaterial.
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