Guerra e paz no capitalismo contemporâneo

Portal Plantão Brasil
30/6/2014 14:48

Guerra e paz no capitalismo contemporâneo

O tema da guerra e da paz se recoloca hoje mais no plano das condições políticas de intervenções militares, do que no plano da força

0 0 0 0

801 visitas - Fonte: Rede Brasil Atual

O início da Primeira Guerra Mundial, exatamente há um século, marca para o historiador britânico Eric Hobsbawm o fim de um período até ali considerado o melhor para a humanidade e o início – surpreendentemente – de um tempo de guerras.



Os 70 anos anteriores foram de hegemonia britânica – a era vitoriana – depois da vitória sobre a França. Nesse período, marcado pela afirmação do brutal império britânico, não houve guerras e, provavelmente por essa razão, Hobsbawn, de uma geração marcada tão fortemente pelas guerras, a considera uma época favorável para a humanidade.



De repente, depois que as grandes potências tinham, em reunião realizada em Berlim em 1884, terminado a divisão da África entre elas, a conquista de novos territórios só seria possível mediante a guerra. Por isso, Lênin caracterizou o novo período como de guerras interimperialistas.



A previsão se confirmou plenamente, com as duas guerras mundiais. Por meio das suas contradições internas, o capitalismo voltava a apelar a guerras para resolvê-las. Depois daqueles 70 anos veio esse meio século de guerras.



O desenlace das duas grandes guerras conduziu os Estados Unidos a se tornarem potência hegemônica do Ocidente. Porém, outros desdobramentos projetaram um mundo bipolar, com a constituição do campo socialista.



Preparando-se para esse novo campo de enfrentamento, os EUA jogaram bombas atômicas em Hiroshima e em Nagasaki – desnecessárias para a guerra, mas que eram um aceno para a URSS sobre o poder militar norte-americano. Porém, quando a URSS passou a ter seu arsenal atômico, o equilíbrio militar estava dado, inviabilizando que a guerra fosse utilizada para dirimir conflitos mundiais.



Foi esse equilíbrio o responsável pela Guerra Fria, isto é, o respeito pelos acordos de Yalta, estabelecidos no segundo pós-guerra, sobre áreas de influência para cada grande potência. As guerras foram conflitos localizados, em áreas de disputa entre as duas nações-líderes. As duas esquinas da Guerra Fria eram Berlim – dividida ao meio a cidade – e Cuba, que surpreendentemente rompeu os acordos de Yalta, instalando um Estado socialista a 110 quilômetros dos Estados Unidos.



A bipolaridade mundial garantiu décadas de relativa paz no mundo. O fim da Guerra Fria, com a derrota e a desaparição da URSS, reintroduziu o tema da guerra, embora de outra forma. A reaparição de um única potência global, com inquestionável superioridade, sobretudo no plano militar, fez com que os Estados Unidos passassem, sistematicamente, a militarizar os conflitos, plano que os favorecem amplamente.



Funcionou assim no Afeganistão, no Iraque, na Líbia. Porém, as soluções militares supõem condições políticas que as tornam possíveis. Tendo invadido o Iraque – junto com a Grã-Bretanha e sem apoio do Conselho de Segurança da ONU – e tendo participado dos bombardeios da Líbia, com uma interpretação indevida da resolução da ONU, a política norte-americana sofreu desgastes.



Não tendo conseguido reinstaurar nem no Afeganistão, nem no Iraque, um regime minimamente legitimo e estável, tampouco no plano interno os Estados Unidos conseguiram manter apoio para novas ações militares. Foi o que ocorreu na Síria e no Irã, em que o governo Obama foi obrigado a desenvolver negociações políticas em vez de intervenções militares. Da mesma forma, no caso da Ucrânia, não puderam intervir militarmente.



O tema da guerra e da paz se recoloca hoje mais no plano das condições políticas de intervenções militares, do que no plano da força.



APOIE O PLANTÃO BRASIL - Clique aqui!

Se você quer ajudar na luta contra Bolsonaro e a direita fascista, inscreva-se no canal do Plantão Brasil no YouTube.



O Plantão Brasil é um site independente. Se você quer ajudar na luta contra o golpismo e por um Brasil melhor, compartilhe com seus amigos e em grupos de Facebook e WhatsApp. Quanto mais gente tiver acesso às informações, menos poder terá a manipulação da mídia golpista.


Últimas notícias

Notícias do Flamengo Notícias do Corinthians