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Em editorial, a Folha de S. Paulo, de Otávio Frias Filho, exalta o alto nível da competição e a boa organização do Mundial, mas adverte sobre surpresas negativas que ainda podem acontecer; "Se o país pode se orgulhar da Copa que exibe ao mundo até agora, convém, como o próprio futebol ensina, esperar o apito final para cantar vitória –sobretudo em um torneio tão imprevisível quanto este", diz o texto
A Folha de S. Paulo, do empresário Otávio Frias Filho, publica, neste sábado um editorial em que exalta o alto nível técnico da Copa e reconhece a boa organização do torneio, a despeito de falhas localizadas. No entanto, a Folha faz uma advertência. "Se o país pode se orgulhar da Copa que exibe ao mundo até agora, convém, como o próprio futebol ensina, esperar o apito final para cantar vitória –sobretudo em um torneio tão imprevisível quanto este", diz o texto. Leia abaixo:
Torneio de surpresas
Copa tem sido melhor que o previsto dentro e fora dos campos, com média elevada de gols e incidência localizada de problemas na organização
Já não faltavam motivos para a Copa do Mundo no Brasil ser celebrada como uma das mais empolgantes de todos os tempos, e o próprio presidente da Fifa, Joseph Blatter, afirmou nesta sexta-feira (20) que a qualidade do futebol apresentado na fase de grupos é a melhor da história.
Mas o comentário ainda se viu reforçado pela extraordinária vitória da Costa Rica sobre a Itália. O azarão caribenho havia superado o Uruguai na estreia e foi o primeiro time a classificar-se no chamado grupo da morte, que se completa com a Inglaterra, eliminada. Ninguém apostava nesse cenário.
Num Mundial em que se tornou comum uma seleção começar perdendo e terminar ganhando, a campanha costa-riquenha é apenas a mais inesperada, mas não a única a fugir do script. A Espanha, por exemplo, campeã na África do Sul, em 2010, não avançará nem à segunda fase --seu lugar presumido ficou com o Chile.
Nem só de resultados surpreendentes, contudo, se alimenta o futebol; o entusiasmo que uma partida desperta mantém relação direta com o apetite ofensivo das equipes e sua capacidade de transformá-lo em gols. A Copa, nesses aspectos, tem sido um prato cheio.
A média de gols na primeira rodada (3,06 por partida) é a maior desde 1958. Desde 1994, quando começa a série histórica do Datafolha, este Mundial teve o maior percentual de passes certos (86%) e os menores números de desarmes (216,6), faltas (26,6) e cartões amarelos (2,75) por jogo. Menos ênfase na destruição, mais na construção.
Também fora de campo o saldo é positivo. Claro que a organização deixa a desejar se comparada à da Alemanha (2006), mas seria injusto usar esse parâmetro. No caso do Brasil, tornou-se referência o bordão "imagina na Copa", alusão à possibilidade, que não era desprezível, de a infraestrutura do país não dar conta do evento.
Ao menos por enquanto, nada do caos que se chegou a prever. Exceção feita à invasão de chilenos no Maracanã --estádio onde a segurança já falhara em seu jogo inaugural--, nenhum episódio grave aconteceu nos primeiros dias.
Problemas localizados, é claro, ocorreram. Em Brasília e Fortaleza, formaram-se filas excessivamente grandes; em algumas arenas, torcedores notaram deficiências no sinal de telefonia e 3G; no jogo entre França e Honduras, uma falha no sistema de som impediu a execução dos hinos nacionais.
Longe dos estádios, protestos relacionados à Copa felizmente provocaram poucos transtornos. As manifestações, como seria de esperar, têm atraído cada vez menos pessoas, embora ainda se verifiquem alguns confrontos violentos.
Se o país pode se orgulhar da Copa que exibe ao mundo até agora, convém, como o próprio futebol ensina, esperar o apito final para cantar vitória –sobretudo em um torneio tão imprevisível quanto este.
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