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Rubens Barbosa atribui o que chama de paralisia da diplomacia brasileira no caso da disputa de território entre a Ucrânia e a Rússia, entre outras coisas, à política do governo Dilma Rousseff de não participação na cena internacional; segundo ele, o Brasil deve restabelecer a voz e a presença no exterior
residente do Conselho de Comércio Exterior da Fiesp, Rubens Barbosa, provável chanceler do presidenciável tucano Aécio Neves, defende uma nova política externa.
Ele cita a postura do Brasil diante do conflito entre a Ucrânia e a Rússia, após a deposição do presidente Viktor Yanukovich, que chama de paralisia diplomática por conta da política do governo Dilma Rousseff de não participação na cena internacional.
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O Brasil no governo Lula se associou à Ucrânia para a cessão de espaço para lançamento de satélites comerciais do Centro de Lançamento de Satélites em Alcântara (CLA). Para isso, foi assinado acordo de cooperação e criada a empresa mista, Alcântara Cyclone Space (ACS), formada em partes iguais, que já consumiu US$ 918 milhões do lado brasileiro, tendo sido metade aportada em meados de 2013, sob a forma de aumento de capital, sem qualquer resultado concreto até aqui.
O programa espacial brasileiro de desenvolvimento de Veículos Lançadores de Satélites (VLS) e de aproveitamento comercial da Base de Alcântara colocaria o Brasil no mercado global, dominado em mais de 85% por lançamentos de satélites de comunicação de empresas americanas. Para viabilizar a entrada do Brasil nesse mercado, o governo FH negociou acordo de salvaguarda tecnológica com os EUA. Por questões ideológicas, o PT, na oposição e depois no governo, ficou contra o acordo que, paralisado no Congresso, foi abandonado. O governo Lula, no entanto, para viabilizar a cooperação com a Ucrânia, teve de assinar um acordo de salvaguardas tecnológicas com Kiev. O acordo com a Ucrânia, traduzido quase literalmente do firmado com os EUA, foi rapidamente aprovado pelo Congresso com o apoio entusiasmado do PT. Essa condição é importante porque o foguete ucraniano incorpora peças e componentes americanos e, por isso, o VLS Ciclone só poderia ser lançado de Alcântara se o acordo Brasil-EUA estivesse em vigor.
A negociação com a Ucrânia teve como motivação evitar a dependência dos EUA. A maneira desastrada como todo o processo foi operado é mais um exemplo de um equívoco cometido por considerações político-partidárias.
O acordo de salvaguarda tecnológica com os EUA está paralisado, como tudo o que é realmente importante na relação com os EUA. A decisão da presidente Dilma de só normalizar as relações bilaterais depois de um eventual pedido de desculpas de Obama pelo monitoramento indevido da Agência Nacional de Segurança (NSA) dificulta o desenlace da crise entre os dois países. Como o pedido dificilmente será atendido, este e outros temas de interesse brasileiro dormem nos escaninhos da burocracia “itamaratiana”.
Críticos cobram um posicionamento da política externa outrora tão ativa e altiva em relação aos graves acontecimentos que culminaram com a anexação da Crimeia à Rússia e com os distúrbios em diversas cidades ucranianas. A paralisia da diplomacia brasileira pode ser explicada pelo fato de o Brasil ser membro do Brics, pelo imbróglio em que nos metemos com o acordo de cooperação com a Ucrânia, e pela deliberada política do governo Dilma de encolhimento da política externa e da não participação do Brasil na cena internacional.
Fica cada vez mais evidente a necessidade de uma nova política externa que restaure a influência do Itamaraty, para evitar situações como a da Ucrânia, e restabeleça a voz e a presença do Brasil no exterior.
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