Investigado, chefe da Bovespa dispara contra o governo

Portal Plantão Brasil
6/5/2014 09:42

Investigado, chefe da Bovespa dispara contra o governo

0 0 0 0

1178 visitas - Fonte: Brasil 247

Alvo de um inquérito por omissão nas fraudes provocadas por Eike Batista, Edemir Pinto, presidente da BM&F Bovespa, decidiu culpar o governo federal pela fragilidade do mercado de ações no Brasil; "confiança está abalada", diz ele; no entanto, o que afugenta investidores são episódios como o de Eike; além disso, ao vender suas próprias ações, a própria Bovespa inflou as perspectivas do mercado acionário



Quantos brasileiros investem diretamente em ações? Segundo números da própria BM&F Bovespa, são apenas 600 mil. Nos Estados Unidos, ao contrário, há 90 milhões de investidores. Ou seja: o mercado brasileiro é um dos mais anêmicos do mundo e uma das explicações é a fragilidade institucional. No Brasil, enquanto pequenos investidores são lesados por espertalhões como Eike Batista, nos Estados Unidos, crimes como uso de informação privilegiada e a divulgação de mentiras aos acionistas são duramente punidos.



Aqui, o próprio presidente da BM&F Bovespa, Edemir Pinto, vem sendo investigado por omissão no caso Eike pelo Ministério Público (leia mais aqui). Além disso, ao vender suas próprias ações, a BM&F Bovespa superestimou o tamanho do mercado brasileiro, informando que, em cinco anos, haveria 5 milhões de investidores – o número continua estacionado em 600 mil.



Em 2010, a Bovespa já tinha em mãos um estudo preparado pela Fundação Getúlio Vargas denominado “Estudo do Perfil dos Investidores para Análise do Potencial de Mercado da Nova Bolsa”, que concluía que “partindo de uma projeção bastante conservadora de crescimento econômico, de 4,1% ao ano entre 2010 e 2020, com expansão da população ao ritmo de 1% ao ano, estima-se que nos próximos 10 anos devem surgir em termos líquidos 325 mil novos investidores”. O estudo acrescentou ao “ao total, projeta-se o surgimento de 658 mil investidores nesse período, possibilitando uma expansão de 529 mil para 1,187 milhão de pessoas com potencial de investir no mercado acionário”. Ou seja: os 5 milhões eram um número midiático – e sem base na realidade.



Agora, quando se vê alvo de um inquérito do Ministério Público e à frente de um mercado que não sai do lugar, Edemir transfere a responsabilidade ao culpado de sempre: o governo. Segundo ele, o mercado de ações passará em branco em 2014, em razão da falta de confiança. "Esperamos que o governo mostre um pouco mais clareza e uma diretriz mais transparente e factível", disse Edemir. "Hoje a confiança está abalada e esperamos que o governo consiga reverter isso."



Leia, abaixo, reportagem da Reuters a respeito:



ENTREVISTA-Mercado de IPO do Brasil em 2014 pode passar em branco, diz BM&FBovespa



Por Rodrigo Viga Gaier



RIO DE JANEIRO (Reuters) - O atual clima de desconfiança dos investidores em relação ao cenário macroeconômico do país pode fazer o mercado brasileiro passar 2014 sem uma única estreia na bolsa, disse nesta segunda-feira o presidente-executivo da BM&FBovespa, Edemir Pinto.



"Se as expectativas mudarem, os IPOs (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) voltam ainda esse ano. Se não, é bem provável que não tenha", disse o executivo à Reuters.



Após 13 operações de abertura de capital que movimentaram cerca de 20 bilhões de reais em 2013, segundo o executivo, a bolsa teve em 2014 o pior início de ano em pelo menos uma década, em meio à combinação de fraco crescimento econômico do país e alta inflação.



A pesquisa semanal do Banco Central com instituições financeiras divulgada nesta manhã apontou nova piora na previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país, a 1,63 por cento. A previsão dos economistas para a inflação medida pelo IPCA ficou em 6,5 por cento, no teto da margem de tolerância da meta do governo, cujo centro é de 4,5 por cento.



Para Edemir, esse clima negativo tem pesado sobretudo na percepção do investidor estrangeiro, responsável atualmente por cerca de 60 por cento do volume diário da Bovespa.



As eleições presidenciais esse ano e o futuro econômico do país ainda pouco transparente aparecem, também pesam sobre as expectativas do mercado, disse ele, avaliando que uma retomada do mercado acionário depende de sinais especialmente na área fiscal, para dar confiança aos investidores.



"Esperamos que o governo mostre um pouco mais clareza e uma diretriz mais transparente e factível", disse Edemir. "Hoje a confiança está abalada e esperamos que o governo consiga reverter isso."



Nesse sentido, um possível aumento de impostos federais para resolver questões pode piorar ainda mais os ânimos do mercado, segundo ele, comentando a entrevista do ministro da Fazenda, Guido Mantega, publicada na véspera pelo jornal "O Globo".



Nela, Mantega disse que o governo pode elevar impostos de bens de consumo para compensar a alta de despesas como o reajuste nos benefícios do Bolsa Família.



"Não é isso o que o mercado espera", disse Edemir.



Nos últimos meses, seis planos de abertura de capital foram registradas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), mas quatro já foram retiradas em razão da conjuntura brasileira.



Edemir calcula que há pelo menos 15 IPOs de grandes empresas represados e à espera de indicações relevantes do governo na área econômica e fiscal, e, inúmeras operações de empresas de pequeno e médio porte em compasso de espera.



APOIE O PLANTÃO BRASIL - Clique aqui!

Se você quer ajudar na luta contra Bolsonaro e a direita fascista, inscreva-se no canal do Plantão Brasil no YouTube.



O Plantão Brasil é um site independente. Se você quer ajudar na luta contra o golpismo e por um Brasil melhor, compartilhe com seus amigos e em grupos de Facebook e WhatsApp. Quanto mais gente tiver acesso às informações, menos poder terá a manipulação da mídia golpista.


Últimas notícias

Notícias do Flamengo Notícias do Corinthians