1546 visitas - Fonte: Valor Econômico
A economia mundial está na fase final de recuperação da crise econômica iniciada em 2008, com a bolha financeira nos Estados Unidos. O diagnóstico foi dado nesta sexta-feira pelo Ministro da Fazenda, Guido Mantega, durante aula magna sobre economia brasileira a alunos da Fundação Getulio Vargas (FGV), realizada em São Paulo.
O ministro vê a economia mundial “no limiar de um novo ciclo de expansão para os próximos anos”. O crescimento do PIB global deste ano deverá ser maior do que o ano passado que, por sua vez, foi maior do que 2012.
A crise, segundo Mantega, foi fruto do fim de um ciclo de alto crescimento da economia mundial puxado pelos emergentes entre 2000 e 2007. “Houve uma expansão dos emergentes, de 2,5% ao ano, acima do resultado das economias desenvolvidas. Foram os emergentes que puxaram o ciclo até vir 2008 e derrubar todo mundo”, disse.
O início de um novo ciclo de expansão da economia global, contudo, acontecerá de forma gradual. O prognóstico de Mantega é que o crescimento ocorra de forma mais lenta, mas consistente, nos próximos anos. “Existem problemas de graduação na recuperação, mas existe luz no fim do túnel.”
O ministro afirmou que a crise de 2008 foi tão forte quanto a crise de 1929, mas durou menos tempo que aquela e foi menos “virulenta” porque houve uma estratégia econômica diferente para combatê-la. “O Fed dirigido por [Ben] Bernanke, que também era um professor, começou a combater a crise com muita expansão monetária. Foi a maior intervenção monetária que já assisti”, disse.
Segundo ele, a crise de 1929 foi combatida com uma abordagem mais conservadora, quando o banco central americano elevou as taxas de juros e o governo subiu impostos para sanear as contas públicas. Essa política, disse Mantega, durou de 1929 a 1933, quando o PIB americano recuou 26% e o desemprego dos EUA alcançou a taxa recorde de 25%. Essa situação, segundo o ministro, durou até a chegada do presidente Franklin Roosevelt ao poder, que colocou em prática o New Deal, que é uma política de cunho keynesiano. “Roosevelt conseguiu atenuar um pouco a situação, mas a economia dos EUA só iria ganhar vigor na Segunda Guerra Mundial, quando o país se tornou o maior produtor mundial de bens de capital”, afirmou.
Já a crise de 2008, de acordo com Mantega, foi combatida com muita expansão monetária, o que salvou uma série de bancos da falência. “O Lehman [Brothers] quebrou, mas se não fosse a intervenção do Estado colocando dinheiro, grandes bancos não resistiriam à crise. Na história do capitalismo não houve intervenção monetária tão grande”, afirmou . Além disso, lembrou o ministro, houve uma cooperação internacional para combater os efeitos da crise, por meio do G-20.
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