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Surfando no caso Pasadena, os dois adversários da presidente Dilma Rousseff, Aécio Neves e Eduardo Campos, decidiram colocar a Petrobras no centro do debate político; ambos têm usado a queda no valor de mercado da companhia como uma prova de que Dilma não é a "gerentona" que, com esse figurino, venceu a disputa presidencial de 2010; para a empresa e seus acionistas, é uma boa notícia, pois nunca foi tão fácil, para o Palácio do Planalto, desconstruir esse discurso; basta corrigir os preços da companhia
"Desde que assumiu a Presidência a atual presidente, o prejuízo, a perda de valor de mercado, somadas Petrobrás e Eletrobras, chega a cerca de US$ 100 bilhões. Essa é a gestão eficiente, é a condução dada por alguém que conhece dos assuntos?", questionou o senador Aécio Neves (PSDB-MG) na semana passada.
"Em três anos, a Petrobras vale a metade do que valia e deve quatro vezes mais do que devia. Às vezes fico seriamente desconfiado se isso não faz parte de um plano para desvalorizar e vender a Petrobras", disse o governador pernambucano, Eduardo Campos.
Como se percebe, tanto Aécio quanto Campos encontraram um tema para a disputa presidencial de 2014. Enxergam na Petrobras a possibilidade de desconstruir a imagem de gestora eficiente da presidente Dilma Rousseff, a partir do caso Pasadena – a refinaria texana que foi comprada pela Petrobras com um parecer "tecnicamente falho e omisso", segundo uma nota do próprio Palácio do Planalto.
Se a Petrobras será ou não a "bala de prata" das eleições presidenciais de 2014, há controvérsias. Eliane Cantanhêde, colunista da Folha, aposta que sim. "A Petrobras foi a estrela das eleições de 2010 e pode ser novamente na de 2014 – às avessas", diz ela. Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania e blogueiro do 247, afirma que não.
A boa notícia, para a estatal e seus acionistas, é que o fator político pode ser o estímulo necessário para que seja corrigida a política de preços da Petrobras – desde o início do governo Dilma, a presidente da empresa, Graça Foster, vem tentando, sem sucesso, emplacar uma fórmula de reajustes, alinhada com o dólar e o valor do barril no mercado internacional.
Caso isso aconteça, o discurso da oposição será automaticamente esvaziado, uma vez que a correção dos preços pesa muito mais no balanço da companhia – e no valor de mercado da empresa – do que eventuais perdas em projetos como o de Pasadena. Em outras palavras, para o Palácio do Planalto, nunca foi tão simples desconstruir o discurso político da oposição.
Um sinal de que os acionistas estão muito mais atentos à política de preços do que a Pasadena veio na semana passada, quando a gestora britânica Aberdeen e outros acionistas minoritários da Petrobras lançaram campanha para a eleição de um novo membro independente do Conselho de Administração da companhia. O objetivo é eleger José Monforte, ex-Citibank, que se juntaria a Mauro Cunha, atual conselheiro independente. Segundo os investidores, a política de definição de preços de gasolina e diesel da Petrobras tem sido prejudicial para acionistas da empresa nos últimos anos e "ainda requer transparência". "Olhando mais adiante, acreditamos que isso comprometerá a capacidade de investimento e de expansão da Petrobras no longo prazo", declararam, num comunicado. A eleição desse novo conselheiro está marcada para 2 de abril.
Cabe, agora, ao governo decidir o que faz mais sentido do ponto de vista econômico e eleitoral: segurar os preços dos combustíveis, de olho na inflação, ou dar maior autonomia à Petrobras e esvaziar o discurso de seus opositores.
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