14128 visitas - Fonte: Pragmatismo Político
Seis meses após humilhação na chegada ao Brasil, casal de cubanos do Mais Médicos desabafa: “Fomos escravos sim, porém escravos da saúde. Por ela, faremos qualquer sacrifício, e aqui estamos, trabalhando para este povo que já é nosso também”
É em Reriutaba, a 309 quilômetros de Fortaleza – cidade palco de uma das cenas mais vergonhosas do Brasil nos últimos anos – que trabalha o casal Isidro Rosales Castro, de 49 anos, e Esperanza Anabel Dans Leon, de 48.
Eles participam do programa Mais Médicos, através do acordo firmado entre Cuba e a Organização Pan-americana da Saúde. Trabalham de segunda a sexta-feira, oito horas por dia; o marido, na zona rural da cidade, enquanto a esposa atende na área urbana de Reriutaba.
Ambos dizem que o que os impulsionou a deixar Cuba para trás foi o amor pela medicina e também foram hostilizados e chamados de “escravos” por profissionais cearenses, na Escola de Saúde Pública de Fortaleza. “Fomos do grupo que, com muita dor, sofreu agressão na escola, mas com muito amor demonstrado pelo povo e autoridades de governo e de saúde, apagamos rapidamente esse impacto negativo”, relata Isidro.
Ao falar sobre a questão tão polêmica do pagamento, o cubano explica. “Ninguém está aqui obrigado. O dinheiro é necessário, porém não define a vida nem a dignidade das pessoas que trabalham mais por amor que por benefícios pessoais”, garante. “Geralmente, os médicos cubanos têm sentimento de solidariedade, de ajuda desinteressada a outros povos. Muitos de nossos profissionais já estiveram na África, na Ásia, nos países mais pobres da América Latina”, completa Isidro.
De acordo com o programa, os profissionais do Mais Médicos recebem bolsa de formação e ajuda de custo pago pelo Ministério da Saúde. No Ceará, 154 municípios contam com médicos do programa. As cidades ficam responsáveis por garantir alimentação e moradia.
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