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O Parlamento ucraniano aprovou por 328 votos a favor o impeachment do presidente Viktor Yanukovich, acusado pelos congressistas de ter violado os direitos humanos ao reprimir violentamente os protestos antigoverno em Kiev. De acordo com números oficiais, os confrontos entre manifestantes e as forças de ordem deixaram cerca de 80 mortos, mas a oposição diz que o número de vítimas fatais passa de 100.
Ao mesmo tempo, foi anunciada a libertação da líder opositora Yulia Tymoshenko, que estava presa em um hospital onde se recuperava de uma hérnia de disco. Premier do país por duas vezes (de janeiro a setembro de 2005 e de dezembro de 2007 a março de 2010), ela havia sido condenada a sete anos de cadeia por abuso de poder em 2011, em um processo que a acusou de assinar acordos para a compra de gás russo prejudiciais aos cofres públicos.
Ainda ontem (21), o Congresso havia referendado uma alteração no código penal que descriminaliza o delito pela qual a ex-primeira-ministra foi sentenciada. Neste sábado (22), os parlamentares deliberaram pela soltura "imediata" da líder opositora. A medida recebeu 322 votos favoráveis.
O cerco sobre Yanukovich começou a se fechar neste sábado (22) quando o Parlamento elegeu Oleksandr Turcinov, braço direito de Tymoshenko, como novo primeiro-ministro interino. Ex-chefe dos serviços secretos, ele já tinha sido escolhido nesta manhã para ser presidente do Congresso, depois da renúncia de Volodimir Ribak, um dos homens mais fiéis ao governo. Além disso, Arsen Avakov, também de oposição, foi designado para comandar o Ministério do Interior temporariamente.
Desde ontem (21), pelo menos 41 parlamentares abandonaram o Partido das Regiões, ao qual pertence o presidente. Com isso, o número de congressistas fiéis a ele caiu de 205 para 164, de um total de 450. Para piorar sua situação, uma nota publicada no site do Ministério do Interior diz que a polícia "serve ao povo" e "compartilha o seu desejo de rápidas mudanças".
Resistência Prevendo sua queda, Yanukovich deixou a capital e dirigiu-se para Kharkov, perto da fronteira com a Rússia. Em uma emissora de televisão da cidade, o presidente disse que é vítima de um "golpe de Estado". "A situação da Ucrânia é igual a da Alemanha em 1933, quando os nazistas chegaram ao poder", declarou. Enquanto isso, manifestantes tomaram o controle da sede da Presidência, situada a 20 km de Kiev Kharkov está localizada na parte oriental do país, área marcada pela influência russa e pela forte ligação com a nação vizinha. Um grupo de congressistas da região chegou a afirmar que o Parlamento "não é legítimo". A capital fica no lado ocidental da Ucrânia, que deseja uma maior aproximação com a Europa.
Crise Os protestos na Ucrânia começaram em novembro do ano passado, após Yanukovich engavetar um acordo de associação e livre comércio com a União Europeia para não afetar suas relações com a Rússia. No entanto, as primeiras mortes durante as manifestações aconteceram apenas em janeiro deste ano, depois de o Congresso aprovar uma lei para coibir os atos.
Duramente criticada pela oposição, a legislação acabou levando mais pessoas às ruas e logo depois foi revogada pelo governo. Em uma tentativa de acalmar a fúria da população, Yanukovich também sacrificou o premier Mikola Azarov, que deixou o cargo em meio às negociações com opositores. (ANSA)
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