De olho em eleições, Alckmin ignora alertas sobre desabastecimento e falta de investimento

Portal Plantão Brasil
17/2/2014 18:07

De olho em eleições, Alckmin ignora alertas sobre desabastecimento e falta de investimento

Há onze anos governador foi alertado sobre necessidade de obras no sistema Cantareira. Gravidade de queda no nível do reservatório e falta de recursos pintam cenário perigoso para próximos anos

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1870 visitas - Fonte: Rede Brasil Atual

São Paulo – Um verão quente e seco como nunca soa como a explicação perfeita para uma queda alarmante nos níveis do reservatório Cantareira, o principal responsável por abastecer de água a Grande São Paulo. Mas não é a São Pedro nem ao desperdício que se deve culpar pela ameaça de desabastecimento. Ou não apenas: falta de planejamento por parte do governo estadual é o resumo da história que deixa sob suspense o oferecimento de um serviço fundamental para dez milhões de pessoas nas zonas norte, leste, oeste e central de São Paulo, além de moradores de dez municípios da região metropolitana da capital.



Observando os dados e conversando com quem acompanha o setor, conclui-se que a Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) deveria ter iniciado ainda no ano passado uma campanha para redução de consumo. A queda no nível é contínua desde maio de 2013, mas só no dia 1º de fevereiro a gestão Geraldo Alckmin (PSDB) decidiu propor à população que passasse a reduzir o consumo em troca de um abatimento no valor da conta. Com mais três semanas de seca, chegou-se ontem (16) ao menor nível da história: 18,5% do total.



Voltando um pouco mais no tempo, desde 2009 o reservatório Cantareira, composto por quatro represas, atua no limite. O armazenamento máximo é de 990 milhões de metros cúbicos de água, mas trabalha com uma média entre 65% e 70% disso. O sistema é capaz de tratar e remeter até 33 mil litros por segundo.



O relatório final do Plano da Bacia do Alto Tietê, de dezembro de 2009, elaborado pela Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo (FUSP), já apontava a “necessidade de contar com regras operativas que evitem o colapso de abastecimento das regiões envolvidas e minimizem a influência política nas decisões”, porque o sistema tem “altas garantias de atendimento (de água), porém com déficits de grande magnitude”, o que indica que a possibilidade de queda do nível da represa era conhecida.



O mesmo relatório aponta o fato de o reservatório estar no seu limite. Isso há quatro anos. “Outra análise importante em relação ao Sistema Cantareira é que este já se encontra no seu limite de exportação. (...) Desta forma, outras medidas devem ser elaboradas para atender ao acréscimo de demanda na RMSP, como a transposição de água de outras bacias mais distantes.”



Segundo o presidente do Conselho Mundial da Água e professor de Engenharia Civil e Ambiental da Escola Politécnica (Poli) da USP, Benedito Braga, o problema é mais antigo e o relatório de 2009 seria uma reafirmação de questões colocadas há ao menos dez anos. “A USP trabalhou para o Comitê do Alto Tietê em um plano de recursos hídricos nos idos de 2003 e lá já se falava das obras que era preciso realizar para ter segurança hídrica na região metropolitana de São Paulo. E o que é que foi feito?”



Para Braga, a demanda por água não está sendo afetada simplesmente pelo baixo índice de chuva, embora este seja um componente importante. O problema é a falta de planejamento e realizações em determinadas áreas. “A infraestrutura não acompanhou o crescimento da demanda. Não só pelo crescimento demográfico, mas também pela melhoria do padrão de vida da população, que agora usa mais água, mais energia, gera mais resíduo sólido.”



Uma parcela dessa dificuldade em se adequar à demanda pode ter relação com o buraco nos investimentos da companhia no ano de 1999. A Sabesp vinha em um crescente nos anos 1990, atingindo um pico R$ 1,18 bilhão em 1998. No ano seguinte, o valor foi menos da metade disso: R$ 457 milhões. O mesmo patamar só foi retomado – e superado – em 2008, quando ela investiu R$ 1,85 bilhão. Desde então vem subindo e deve chegar a R$ 2,62 bilhões neste ano.



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