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Desistência de Maurílio Biagi (PR) em ser vice do candidato do PT ao governo de São Paulo reflete encontro desastrado com usineiros em Ribeirão Preto;vernador Geraldo Alckmin (PSDB) atrai PSB e reafirma favoritismo em pesquisas de opinião; Paulo Skaf (PMDB), com cerca de 15%, é presença incômoda no segundo lugar, sem dar mostras de que pretenda abrir passagem; programa Mais Médicos, um dos faróis da campanha de Alexandre Padilha, é ofuscado por deserção de cubanos e suspeitas do Ministério Público sobre configuração trabalhista; conservadorismo histórico do interior de São Paulo já vai se mostrando uma barreira mais alta do que a imaginada pelos petistas
247 – O pré-candidato do PT ao governo de São Paulo tem de manter o sorriso nos lábios, é claro, mas não há dúvida de que Alexandre Padilha tem problemas de bom tamanho nestes momentos iniciais de sua corrida ao Palácio dos Bandeirantes. Enquanto os adversários que estão à sua frente nas pesquisas vão resolvendo problemas, o petista ganhou motivos para inesperadas dores de cabeça.
O primeiro motivo atende pelo nome de Maurílio Biagi. Filiado ao PR no ano passado com a única intenção de ser o vice de Padilha, o usineiro já comunicou ao ex-presidente Lula, articulador dessa aliança, que não quer mais concorrer. A desistência é efeito direto da desastrada reunião com líderes da categoria, em Ribeirão Preto, na semana passada, na qual Padilha acreditou que receberia apoio, mas que na prática foi uma demarcação de terreno oposicionista.
Com críticas à política do governo federal para o setor, a empresária Elizabeth Farina foi aplaudida de pé pelos presentes. Dias depois, sem respaldo entre seus iguais, Biaggi tomou a decisão de não entrar na chapa petista.
Na sequência, enquanto o PT procurava estudar melhor os futuros ambientes no interior do Estado nos quais pretende mergulhar seu candidato, o favorito na disputa alcançava um avanço estratégico. O governador Geraldo Alckmin acertou com o presidente estadual do PSB, Márcio França, uma composição entre os tucanos e os socialistas, isolando a intenção de Marina Silva de ter um candidato próprio no Estado.
Com isso, além de acrescentar tempo no horário eleitoral gratuito, Alckmin tira do páreo uma agremiação que poderia até mesmo lhe fazer oposição. Ponto para o tucano.
No PMDB, a pré-candidatura do presidente da Fiesp, Paulo Skaf, que já foi vista como uma solução pelos petistas, em razão do potencial para tirar votos do campo tucano, começa a se mostrar uma grande pedra no caminho para o próprio PT. Com uma exposição, em nome da Fiesp, de mais de 115 horas na televisão e outras 95 horas no rádio, nos últimos tempos, Skaf deve crescer, nas próprias pesquisas, em relação ao seus atuais 15% de preferências.
O índice atual de Skaf já é considerado alto, mas, caso cresça ainda mais, ele poderá se tornar uma espécie de Celso Russomano da eleição estadual. Como se recorda, Russomano foi um fenômeno nas pesquisas na eleição municipal paulistana, só tendo sido ultrapassado pelo petista Fernando Haddad na última semana do primeiro turno.
Com Skaf, caso uma articulação nacional maior com o PMDB não seja feita pelo PT para a retirada de seu nome, o mesmo efeito Russomano pode acontecer. Aposta-se na impugnação da candidatura dele por abuso de poder econômico e campanha antecipada, em razão do uso da máquina de propaganda da Fiesp para promover seu nome, mas até aqui não indícios de que a Justiça pretenda incomodar efetivamente Skaf a esse ponto.
Além de enxergar seus adversários executando as respectivas estratégias sem grandes sobressaltos, Padilha recebeu um golpe pela retaguarda. A deserção de três médicos cubanos do programa Mais Médicos lançou ruídos sobre a iniciativa imediatamente amplificados pela oposição. Em meio a essa reverberação negativa, o Ministério Público do Trabalho resolveu exigir do governo federal todos os termos dos contratos trabalhistas assinados em torno do Mais Médicos. Esse movimento é um prenúncio de que o programa deverá continuar na berlinda, no mínimo, pelas próximas semanas, deixando Padilha com um dos faróis de sua campanha bastante avariado.
Nesta sexta-feira 14, o pré-candidato do PT está em Campinas, segunda maior cidade do Estado. Ali, o partido fez boa figura na última eleição municipal, mas perdeu a parada. Padilha pretende seguir seu roteiro de visitas a grande cidades do interior, como forma de popularizar seu nome numa ampla região considerada anti-petista por natureza. Ao que se viu em Ribeirão Preto, no encontrou que custou ao petista o seu vice dos sonhos, a barreira de conservadorismo projetada pelo PT para ele ultrapassar pode ser bem mais alta do que se imaginava.
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