2355 visitas - Fonte: Tijolaço
O pessoal que gosta de falar em “liberdade de expressão” para defender a abominável incitação aos “justiceiros” feitas pela apresentadora do SBT Raquel Sheherazade, deveria ler sobre o que aconteceu, no final do ano passado, com a diretora de comunicação da InterActive Corp , empresa proprietária de sites como match.com, Meetic, Vimeo (o maior concorrente do Youtube) e The Daily Beast.
Justine Sacco, que é nascida na África do Sul, postou em seu twitter, ao embarcar para uma viagem para aquele país, de Londres, uma “brincadeirinha”:
“Indo para a África. Espero não contrair Aids. Brincadeira. Sou branca!”
O comentário se espalhou para as redes sociais e a empresa da qual era executiva não apenas repudiou a a atitude de sua diretora, mas a demitiu.
É uma empresa exclusivamente privada, que não se beneficia de concessões públicas.
Justine também procurou subterfúgios para o que fez.
“Longe de mim ter uma ideia racista, era só para dar risadas”
Mas não “colou” e ela resolveu assumir plenamente o erro.
“Palavras não podem expressar o quanto me arrependo e o quanto é necessário para mim pedir desculpas ao povo sul-africano, que ofendi com uma mensagem desnecessária e insensível. Por ser insensível a essa crise – que não discrimina por raça, gênero ou orientação sexual, e sim nos aterroriza de forma uniforme -, e por milhões de pessoas que vivem com o vírus, sinto vergonha”
Aqui, porém, a mídia – inclusive o seu empregador, o SBT – tratou a apologia da brutalidade como simples folclore e, sem uma palavra de condenação, abriu todos os espaços para Raquel Sheherazade, na base do “foi sem querer, querendo”, repetir o que dissera, agora com mais cuidados.
Não estou, fique claro, sugerindo sua demissão do SBT nem que seja cassado seu direito de trabalhar ou de opinar.
Mas essa moça se sentiu legitimada, até, para ir dizer ao mundo que “O Brasil não é um país civilizado”.
Mas se as empresas de comunicação e, sobretudo, aquela que lhe dá uma rede nacional de televisão para expressar “opiniões pessoais” não tomam sequer a atitude de condenar o apelo à brutalidade, não se pode negar que ela tenha, nisso, alguma razão.
A menos, claro, que achemos que os EUA são uma ditadura castrista, onde a D. Justine não tinha liberdade de expressão
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