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Para comentarista da Rádio Brasil Atual, tema terá impacto eleitoral e deve reforçar debate sobre reforma política e fim de doações de empresas a candidatos.
Processo não adormeceu na gaveta de Rodrigo Janot (esq.)
Ao enviar ao Supremo Tribunal Federal (STF) seu parecer a respeito do mensalão do PSDB, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, marcou uma diferença de atitude em relação ao seu antecessor, Roberto Gurgel. A avaliação é do cientista político Paulo Vannuchi, em sua participação hoje (11) na Rádio Brasil Atual. Vannuchi lembra que a conduta de Gurgel havia sido de “escandalosa omissão” no episódio do arquivamento das denúncias envolvendo o ex-senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e também o governado de seu estado, Marcono Perillo (PSDB).
O também chamado mensalão tucano, ou mineiro, como preferem alguns jornais, tem na prática como réu unicamente o ex-governador, ex-senador e ex-presidente do PSDB, Eduardo Azeredo, hoje deputado federal. “A peça (enviada por Janot) é considerada muito firme, muito rigorosa. Fala em 57 ligações comprovadas do ex-governador (1998) para Marcos Valério, e pede a condenação de 22 anos de prisão mais multa de R$ 451 mil pelos crimes de peculato e lavagem de dinheiro, por força de desvios, delitos cometidos para formar o caixa de campanha para a sua reeleição, que não conseguiu”, observou o analista.
Para ele, o julgamento desse processo é importante porque servirá como desafio para se verificar se a mídia brasileira e o STF manterão o mesmo comportamento duro, de linchamento, de presunção de culpa e não de inocência, que dedicaram aos réus do chamado mensalão petista, por força de envolvimento de altos dirigentes do PT. “Se a mídia e o Supremo se comportarem de maneira oposta, será a confissão cabal de que aplicam pesos e medidas diferentes. Se é nosso amigo, tratamos protegendo, defendendo; se é adversário, tratamos como inimigo e condenamos sem direito a defesa.” Fez muito bem o presidente nacional do PT, Rui Falcão, quando declarou à imprensa que deseja a Azeredo todo direito de defesa.
E quero comentar também, ouvintes, que esse julgamento como ele tem um único réu ele deve ter um desenvolvimento muito mais rápido do que o chamado mensalão, que tinha 40. E ele vai transcorrer nesses meses, nesse primeiro semestre, meados do ano, provocando, de algum modo, o oposto do que ocorreu no clima que se criava contra o PT, tentando dizer que os candidatos fossem eles, Fernando Haddad, fosse qualquer outro candidato de eleições municipais e não tinha nada a ver com o episódio do chamado mensalão, como se eles fossem também responsáveis. Então, claro, a imprensa provavelmente vai mudar de atitude, porque ela é pouco imprensa e ela é muito órgão de luta politica, partidária e até eleitoral.
Para Vannuchi, o tema do mensalão mineiro tem potencial de impacto do cenário político e também no eleitoral. E é também uma oportunidade: “Será impossível tapar o sol com a peneira e será possível mostrar que problemas de corrupção, caixa dois, desvios, contratos fajutos, empréstimos fajutos se disseminaram por todo programa partidário brasileiro. E exige uma reforma política que acabe com isso, e o único jeito de acabar é introduzindo o financiamento público e exclusivo de campanha e a proibição de doações de empresas para candidatos”.
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