1410 visitas - Fonte: Tijolaço
Ontem, quando falei da bomba que atingiu o cinegrafista da Band tive o cuidado de registrar que ela fora lançada por black blocs , mas com a ressalva de que eram, até ali, as informações disponíveis.
Hoje, isto está superado com a confissão do tatuador Fábio Raposo, de 23 anos, de que teria pego um rojão, dado a outro homem que passava e que este disparou-o.
Imagens recém reveladas pelo Terra, gravadas pela TV Brasil, que reproduzo abaixo, mostram claramente Fábio e outro homem, que ele próprio admite que tinha a cabeça coberta conversando e, em seguida, este segundo homem colocando a bomba no chão para dispará-la.
Acompanhei, durante a tarde de ontem as páginas dos Black Blocs afirmando que a bomba fora lançada por policiais.
Hoje, não têm mais o que dizer, a não ser que o rapaz não é um black bloc, embora portasse uma máscara antigases.
Está visivelmente apavorado.
O outro homem, por tudo o que já se sabe, será rapidamente identificado.
Não era sequer intenção dele atirar a bomba contra algum grupo de policiais, pois não havia nenhum por perto.
Não se pode afirmar que tenha deliberadamente tentado acertar o cinegrafista.
O que não o exime de responsabilidade e não torna em nada menos condenável o que fez.
Há 33 anos atrás, o sargento Guilherme do Rosário e o capitão Wilson Machado foram atingidos pela bomba que eles próprios carregavam no Riocentro. Provavelmente não visavam atingir ninguém, especificamente, apenas semear o pânico e a confusão, embora soubessem e assumissem o risco de com isso provocar ferimentos e morte.
Na ocasião, também, tentaram negar a origem do atentado dizendo que um “guerrilheiro” teria posto a bomba no carro.
Não estou dizendo que todos os meninos e meninas que estão nessas manifestações sejam terroristas e muito menos que queiram ferir ou matar pessoas.
Mas todos estão sendo, voluntária ou involuntariamente cúmplices dos que são, e alguns são e não têm limites na sua, até agora, tolerada irresponsabilidade.
Tomara que o Santiago, o cinegrafista, se recupere, e há sinas de ligeira melhora em seu estado.
Mas esse é o fim dos blocs, como movimento “aceito” pela mídia como “parte” das manifestações.
Um atitude que deve partir, se isso fosse possível, dos próprios manifestantes.
Agora, o anonimato, a falta de organização e de líderes, a ausência de qualquer tipo de comando que torna possível – bloc ou não – que qualquer um dispare um petardo na direção de pessoas inocentes, os iguala a um bando de agressores, diante dos olhos da população.
Os filhos do ódio político, da irracionalidade coxinha, da mídia que os saudou como “abre-alas do futuro” passaram da conta em suas traquinagens.
Santiago está entre a vida e a morte.
Como eu disse ontem, falando da jovem negra Keshia Thomas, que se atirou sobre um neonazista para evitar que fosse linchado, alguém tem de dizer: não, isso não.
E fechar a porta do inferno.
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