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Jurandir terá de explicar por que sistema que provoca falhas graves nos trens não funciona
O promotor Marcelo Camargo Milani disse hoje (3) que o secretário de Transportes Metropolitanos do estado de São Paulo, Jurandir Fernandes, tem até 20 de fevereiro para explicar ao Ministério Público de São Paulo convincentemente ou suspender o contrato de reforma do sistema operacional dos trens do Metrô, conhecido como CBTC. Do contrário, “moveremos ação contra ele e também contra a empresa que ganhou a licitação, a Alstom”. O prazo foi pedido pelo próprio governo do estado e pelo Metrô.
O sistema de operação CBTC, totalmente informatizado, identifica os trens na tela do computador. Mas o sistema está provocando graves problemas operacionais e o Metrô não está conseguindo fazê-lo funcionar, notícia que a RBA divulgou ao longo de todo o ano passado, versão sempre negada ou atenuada pela empresa. "Nos testes, os trens abrem a porta e desaparecem da tela. Os operadores não sabem onde o trem está. Por isso cunharam o apelido de trem-fantasma. O CBTC é um dos principais motivos dos atrasos no cumprimento dos contratos", esclarece o promotor.
Além disso, Milani anunciou que estão suspensos, por 90 dias, quatro dos dez contratos firmados para reforma de 98 trens das linhas 1 e 3 do Metrô. Nesses contratos, o MP “verificou indícios de que eram viciados e de que existia ausência de competitividade”. Em outras palavras, formação de cartel, denúncia que foi encaminhada ao órgão pela primeira vez em 2008, mas que só começou a vir à tona no ano passado por meio de reportagens. Questionado sobre se já está configurada, na opinião do MP-SP, a formação de cartel nos contratos de reforma dos trens, Milani afirmou que "no fundo, sim".
No começo de dezembro, o MP recomendou ao Metrô paulistano a suspensão dos dez contratos para reforma dos 98 trens das linhas 1 e 3. "O Metrô acolheu a recomendação e na data de hoje suspendeu 4 contratos por 90 dias. São os contratos cujas reformas estão por fazer.”
Segundo o promotor, a partir de amanhã as empresas envolvidas nos contratos começarão a ser convocadas. “Primeiro, para entregarem os dez trens que estão nos pátios dessas fábricas; e, segundo, vamos procurar outra resolução para os trens ainda não entregues. Se as empresas não cumprirem o que pedimos em audiência, isto ensejará numa eventual posterior ação por parte do Ministério Público para cobrar o prejuízo que já está constatado. Vamos fazer um levantamento do já pago, do que já está nas fábricas e do que resta ser cumprido para chegar aos valores”, explicou. “Em não cumprindo, não está descartado o pedido de dissolução dessas sociedades objeto desses contratos.”
Segundo o promotor, dos 98 trens, 46 foram entregues e dez estão nos pátios das empresas em reforma. A reforma dos outros 42 trens só será executada “se as empresas pagarem o prejuízo causado”.
O MP estima que os contratos – cujo valor chega a R$ 2,5 bilhões – suspeitos de formação de cartel provocaram prejuízo estimado de R$ 800 milhões aos cofres públicos.
Os quatro contratos suspensos, firmados em processo que foi dos anos 2008 a 2009, são os seguintes: ModerTrem (Alstom e Siemens); BTT (Bomberdier, Tejofran e Temoinsa), consórcio Reformas Metrô (Alstom e Iesa) e MTTrens (MPE, Projetos Especiais e Temoinsa), segundo o promotor.
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