Esquerda salvadorenha propõe aliança estratégica para vencer segundo turno em março

Portal Plantão Brasil
3/2/2014 16:24

Esquerda salvadorenha propõe aliança estratégica para vencer segundo turno em março

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Sánchez Cerén: “não temos maioria parlamentar e esses entendimentos políticos são os que nos irão permitir ter governabilidade"



San Salvador – A jornada eleitoral de ontem (02) em El Salvador foi considerada pelo partido governante Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FLMN) como uma contundente vitória, após obter 10 pontos de diferença para a Aliança Republicana Nacionalista (Arena).



O resultado obriga o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) a convocar para 9 de março um segundo turno entre os dois candidatos mais votados – Salvador Sánchez Cerén, da esquerda e Norman Quijano, da direita. Com 99.16% dos votos processados, Sánchez Cerén tinha 48.92% do total, enquanto Quijano, 38.95%.



“O que conseguimos foi uma proeza eleitoral e é o resultado de uma campanha inclusiva, limpa, cheia de propostas e muito criativa. Agora devemos nos unir e ampliar mais as alianças políticas e sociais que já construímos, porque a pior tragédia que pode acontecer a El Salvador é que a ultradireita oligárquica volte ao governo”, afirmou a Opera Mundi Sigfrido Reyes, presidente da Assembleia Legislativa.



Segundo ele, isso inclui uma aproximação com o ex-presidente Elías Antonio Saca e a colizão União, considerada por Sánchez Cerén como uma opção política “que conseguiu se posicionar como a terceira força do país, e expressando um pensamento novo”.



O candidato da FMLN afirmou que a esquerda não deve temer esses acordos. “Não temos maioria parlamentar própria e esses entendimentos políticos são os que nos irão permitir ter governabilidade, para avançar com os programas de transformação”, explicou.



Entre as filas do partido governante, há a certeza de vitória em 9 de março. “Todos os exemplos que tivemos na América Latina nos dizem que, com essa ampla vantagem no primeiro turno, é muito difícil que perdamos na segunda. Antes, ainda vamos ampliar a margem de votos”, concluiu.



O académico e filósofo Carlos Molina Velásquez sublinhou o importante papel desempenhado pelas autoridades eleitorais, que garantiram um processo eleitoral seguro, limpo e sem problemas, onde a vitória da FMLN ganha ainda mais valor. “Apesar de a FMLN não ter conseguido convencer boa parte do eleitorado indeciso, a perspectiva de ganhar no segundo turno é muito boa”, disse.



Para Molina, a Arena deve enfrentar agora o desencanto de seu eleitorado depois desse domingo. Por outro lado, acredita, os eleitores da FMLN ficarão ainda mais motivados e irão querer “votar massivamente, para conseguir o que escapou por escassos 15 mil votos.”



Além disso, é muito provável que o ex-presidente Saca deixe seus eleitores livres para votar em quem quiserem, já que, durante a campanha eleitoral, a Arena e seu candidato, Norman Quijano, desataram uma onda de desprestígio contra ele, após expulsá-lo do partido.



“Para a coalizão União, apoiar a Arena equivaleria a um suicídio político, porque seu objetivo é substituí-la, e capitalizar sua derrota para crescer. Os programas e as políticas sociais poderiam ser elementos onde a FMLN e a União coincidam”, concluiu.



Guerra civil



Professor, sindicalista, comandante guerrilheiro das forças da FMLN, Sánchez Cerén foi um dos artífices dos Acordos de Paz que puseram fim a dez anos de guerra civil em El Salvador. Já Quijano, prefeito da capital salvadorenha, San Salvador, é um político experiente da Arena, partido que, quando esteve no poder (1989-2009), aplicou um modelo neoliberal no país, que privilegiou os interesses de mercado e das grandes empresas nacionais e transnacionais.



Quase cinco milhões (4.955.107) de eleitores foram convocados a participar neste domingo (2) do processo eleitoral em El Salvador. Embora tenha ocorrido atraso na abertura de alguns locais de votação, a eleição aconteceu sem “registro de problemas ou incidentes maiores” segundo o TSE e foi elogiada por observadores internacionais.



O próximo presidente irá substituir Mauricio Funes, primeiro governante eleito pela FMLN após a guerrilha formar um partido. De 1980 e 1992, a guerra civil salvadorenha resultou na morte ou desaparecimento de 75 mil pessoas. Em 1992, com a assinatura dos acordos, a FMLN abandonou as armas e se transformou em partido político.



A campanha da esquerda apostou na continuidade do governo Funes, voltado para o desenvolvimento de programas sociais e no combate à violência, um dos principais problemas em El Salvador. Por outro lado, a oposição, liderada por Quijano, amparou sua campanha nas temáticas da insegurança, violência e militarização da sociedade.





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