Marina e o 'centralismo democrático'

Portal Plantão Brasil
25/1/2014 16:22

Marina e o 'centralismo democrático'

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2354 visitas - Fonte: Tijolaço

Um dos mais complexos problemas partidários, talvez tão antigo quanto a própria existência da democracia, é o famigerado dilema da distribuição do poder. Em outras palavras, os partidos costumam sempre sofrer um bocado com a questão do “centralismo democrático” atribuído aos comandos nacionais.



Quando Marina Silva saiu do Partido Verde, poucos meses após ser a candidata presidencial da legenda, usando seu tempo de tv, seus quadros, sua infra-estrutura, ela alegou que o PV não havia topado as mudanças organizacionais, que ela, Marina, e seu grupo, queriam implementar.



Uma das mudanças seria a inauguração de maior horizontalismo nas decisões políticas e partidárias, baseado em debates e mobilizações nas redes sociais, rompendo com o caciquismo dos grandes partidos.



Pois bem, a semana acabou com a Rede dando um show do que há de mais velho num partido. Após o núcleo regional da Rede em Minas Gerais publicar, com aval da assessoria nacional do partido e de membros da executiva nacional, um texto em que defende uma candidatura própria no estado, rechaçando uma aliança com o PSDB, o comando nacional da Rede emitiu uma nota “desautorizando” o grupo local.



Folha e Globo deram enorme destaque ao fato, por razões óbvias.







Como nossos jornalões são, assumidamente, aliados do PSDB, eles temem que os pruridos de independência da Rede prejudiquem a manutenção dos feudos tucanos em Minas e São Paulo. Por isso, a “desautorização” do núcleo mineiro da Rede se deu com muito mais força na mídia do que propriamente no partido.

Por isso, as ideias novas da Rede de repente passam a ser chamadas de “sectárias”.



A mídia bateu o pé na questão mineira: o PSB não pode abandonar o PSDB no estado porque isso afetaria o desempenho do PSDB no Sudeste, com um prejuízo particularmente simbólico para Aécio Neves, porque poderia lhe tirar votos justamente em seu estado natal, onde precisa obter uma vitória avassaladora para poder compensar o desempenho tradicionalmente medíocre do PSDB no Nordeste e em estados como Rio de Janeiro.



Só que a “desautorização” do comando nacional da Rede aos sonháticos mineiros não será tão facilmente resolvida com murros na mesa disfarçados de matérias de jornal.



Entrando nas fanpages dos núcleos mineiros da Rede, vê-se que eles estão bastante atentos aos esforços da “grande imprensa” de manipular o partido, tanto a nível local quando a nível nacional.







Por outro lado, nota-se, no PSB, uma certa esquizofrenia calculada. A notícia acima informa que a própria cúpula do PSB mineiro quer candidatura própria.

Mario Assadi Junior e Adenor Simões, membros da cúpula socialista em Minas Gerais, declararam-se favoráveis à uma candidatura própria em Minas Gerais. Mas os jornalões deste sábado não falam nada sobre isso. O Globo já decretou: PSB é aliado do PSDB em Minas e ponto final, conforme se pode constatar em matéria publicada hoje.



Trecho:

Outra situação que o PSB considera resolvida é a manutenção da aliança com o PSDB em Minas. Para os líderes do PSB, a despeito da rebelião ensaiada por um grupo da Rede em Minas, Marina e integrantes do grupo nacional da Rede já sabem que essa parceria não será desfeita.



A matéria do Globo, intitulada “PSB vai recorrer a pesquisas para convencer Marina a apoiar tucanos em SP“, corresponde a um último grande esforço de setores do PSB para convencer os marineiros a aceitarem ser sócios do PSDB em São Paulo e Minas.



Só que não vai dar certo. Porque os marineiros, mesmo que aceitem uma imposição vinda de cima, para apoiar tucanos em São Paulo e Minas, não o farão com o entusiasmo necessário. Ao contrário, as lideranças regionais da Rede temem, naturalmente, um processo de desfiliação em massa se a legenda se render aos cálculos eleitoreiros e pragmáticos que ela tanto critica em outros partidos. E dificilmente aceitarão que a Rede se renda, subitamente, ao mesmo centralismo democrático que vige no PSB de Eduardo Campos. Ainda mais porque o “centralismo” da Rede é ainda pior: além de vir do alto, do comando nacional, ele também parece vir de fora, da mídia, muito mais interessada em pavimentar a estrada de Aécio Neves do que estimular a “nova política” sonhada pelos marineiros.



As lideranças regionais da Rede serão forçadas a emitirem críticas cada vez mais estridentes contra qualquer decisão “nacional” que tente obrigar os militantes mineiros ou paulistas a fazerem campanha a favor de candidatos que eles não gostam.



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