Pânico financeiro não assombra Dilma e o Brasil

Portal Plantão Brasil
25/1/2014 08:58

Pânico financeiro não assombra Dilma e o Brasil

Números da economia global e, especialmente, crises cambiais na Argentina e na Venezuela entusiasmam, se se pode dizer assim, os pessimistas

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1481 visitas - Fonte: Brasil247

O dia do juízo final da política econômica brasileira parece estar perto – e nada melhor do uma sexta-feira negra em números e projeções para alegrar, se se pode dizer assim, os pessimistas.



Depois de verem adiadas as concretizações de ilações de tempestade perfeita, a moda agora entre os que apostam no recrudescimento da crise global iniciada em 2008 é falar em furacão perfeito.



A queda entre 1% e 4% nas principais bolsas do mundo, de Nova York ao Japão, passando pela Europa, China e Brasil foi determinante para virar o humor global nesta sexta 24. O Brasil entrou na berlinda em razão de uma crise, essa sim verdadeira, que atinge em cheio duas entre as três maiores economias do subcontinente: a Argentina e a Venezuela.



A associação dessas notícias com a divulgação de números como a queda recorde da produção industrial em dezembro e, em letras, a baixa repercussão do discurso da presidente Dilma Rousseff, em Davos, no Fórum Econômico Mundial, contribuíram para criar um clima do tipo ‘eu não disse?’entre observadores de oposição.



A crise cambial na Argentina, que sofreu, no mercado, uma desvalorização de 20% do peso sobre o dólar num único dia ressuscitou a velha tese de contágio sobre o Brasil. A bruxa foi lembrada tanto mais que também a Venezuela entrou em aparente parafuso, anunciando uma politica de desvalorização controlada para maquiar perdas de 15% do bolívar sobre o dólar.



Os dois casos, porém, não são válidos para fazer frente à economia brasileira, uma vez que aqui há cerca de US$ 300 bilhões em reservas, contra estimados US$ 30 bilhões na Argentina, à beira de uma moratória. O grau de estatização da economia venezuelana, sempre dependente quase que exclusivamente do petróleo, é incomparável com o do Brasil, definindo duas economias com matrizes absolutamente diversas.



Mesmo assim, um clima contra o Brasil se desenhou no horizonte. Muitos observadores não gostaram de a presidente Dilma Rousseff não ter anunciado metas exatas para o superávit primário ou a inflação em seu discurso em Davos, ao meio-dia desta sexta 24. Caíram nas primeiras análises ortodoxas raios e trovoadas em relação aos número recorde de decréscimo da estimativa da produção industrial em dezembro, que desceu para 40,2 pontos na Sondagem Industrial da CNI. “É comum haver uma queda nessa época do ano, mas foi intensa”, disse o economista Marcelo Azevedo, da CNI.



Os críticos, é claro, acentuaram a última parte da frase, anunciando, na prática, que o Brasil pode sofrer uma desaceleração brusca. Não haverá, além do mais, investimentos privados que atendam a demanda para crescer, ao menos, em 2,5% este ano. Foi o que disse a gestora americana Pacific Investment Management Co (Pimco).



Para Michael Gómez, codiretor de gerenciamento de portfólio de mercados emergentes da empresa financeira, o governo deveria estabelecer metas estritas para seu superávit primário. O superávit primário é o que sobra depois que os gastos do governo são subtraídos da receita tributária, excluindo o impacto do pagamento de juros sobre a dívida pendente.



Em Davos, o ministro Guido Mantega anunciou para abril a divulgação de metas mais estreitas de superávit fiscal, mas a primeira impressão foi a de que não apenas ele, mas também a presidente Dilma deveriam ter levado até o fórum dos ricos um cardápio de atendimento às suas exigências.



A dupla que comanda a economia brasileira quis dizer, com a negativa, que preserva o território nacional como o mais adequado para fazer anúncios deste naipe. Dilma e Mantega sabem que, na crise, os números são voláteis e mudam a cada semana. Após uma sexta-feira negra sempre há um fim de semana de suspense e, com sorte, uma segunda-feira de calmaria.



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