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A presidente Dilma fala em Davos um dia depois de queda forte na Bovespa, disparada do dólar e relatório do Fundo Pimco crítico ao Brasil; sua missão será transmitir aos investidores globais a ideia de que o país respeita contratos, controla a inflação e as contas públicas e está pronto para um novo ciclo de desenvolvimento; clima é de expectativa no mercado diante da mensagem que será levada por Dilma
Um dia antes da presidente Dilma Rousseff (PT) fazer seu esperado discurso no Fórum Econômico de Davos, na Suíça, a Bolsa de Valores de São Paulo, a Ibovespa, teve queda de 1,99% no pregão desta quinta-feira (23), depois da valorização de 1,56% na véspera. A queda foi provocada, principalmente, pela divulgação do relatório do Fundo Pimco (Pacific Investment Management), que atua principalmente nos países emergentes, e recomendou cautela aos investidores que pretendem aplicar no Brasil. É justamente contra este pedido de cautela que Dilma terá que focar sua fala, agendada para esta sexta-feira (24). Caberá à presidente convencer seus ouvintes de que o Brasil continua atrativo aos investimentos. Ou seja, terá que discursar sob pressão do mercado.
Contra a presidente não pesa apenas a queda da Bolsa, mas também a alta do dólar, em 1,27%, que encerrou o pregão cotado a R$ 2,402 para venda – maior valorização em cinco meses, depois dos R$ 2,432 registrados no dia 22 de agosto do ano passado, que foram determinantes para o BC adotar a política de leilões diários de swap cambial tradicional, que equivale à venda de dólares no mercado futuro.
A sinalização de mais aumento da taxa básica de juros (Selic) para conter a inflação pode também fazer pressão sobre a presidente. Sobre isso, inclusive, o relatório do Fundo Pimco pediu uma inflação controlada em patamares mais amenos. E foi mais exigente: "O Brasil precisa ancorar a política econômica sob uma rigorosa e crível meta de superávit primário, em vez de executar o mix atual de política fiscal expansionista, empréstimos públicos subsidiados e política monetária cada vez mais apertada. A régua subiu para que as autoridades do país mostrem progressos para atrair investimentos. Sem isso, a perspectiva de ordem nos mercados financeiros (e na bolsa) no Brasil são menos garantidas", diz o relatório.
É neste cenário de véspera com o qual Dilma está, neste momento, em Davos, se preparando para tentar transmitir sinais de confiança e cativar os estrangeiros a trazerem seu capital para o país. Nesta quinta, o ministro Guido Mantega já fez sua primeira participação no fórum. Ele participou de um painel intitulado "Brics em crise da meia idade?", onde dividiu o palco com os ministros das Finanças da Índia, da África do Sul, da Rússia e com o acadêmico chinês Liu Mingkang. Lá, o ministro atribuiu toda a culpa aos países desenvolvidos que deram origem à crise financeira de 2008. "Não acho que há uma crise dos Brics. Há, sim, uma crise mundial que fez com que a demanda diminuísse. Agora, os países que causaram a crise estão em recuperação e, com isso, voltará a crescer o comércio mundial", disse o ministro.
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