Enfim, alguém trata o “rolezinho” como o que é: “curtição” jovem. O preconceito não é novidade

Portal Plantão Brasil
18/1/2014 10:29

Enfim, alguém trata o “rolezinho” como o que é: “curtição” jovem. O preconceito não é novidade

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1582 visitas - Fonte: Tijolaço

A Folha publica hoje a melhor análise sobre os “rolezinhos” que já li.



É a de Leandro Machado, que diz ter participado de vários deles, sete ou oito anos atrás, quando era um adolescente de periferia.

Não era no shopping porque, diz ele, “não havia shopping” na minha região.



“Agora tem, o de Itaquera”.



“O “rolezinho” era invisível e geralmente acontecia numa praça do bairro ou num posto de gasolina. No fundo, queríamos era “pegar alguém”. Acho que isso não mudou.”



Não, Leandro, o “problema” é que o que mudou é que a mídia – e a internet, sobretudo – tornou o rolezinho visível.



E provocou as reações que sempre provoca na nossa elitista abordagem do mundo, onde o que não é igual às elites é perigoso.



Não era diferente quando as senhoras da vila de subúrbio onde eu morava achavam perigosíssimo caminhar pelas ruas próximas do Vitória quando tinha baile de soul music e aqueles que o senador Aloísio Nunes Ferreira chama de “cavalões” saíam pelas ruas com seus sapatos “cavalo de aço” bicolores, vindo ou indo das favelas do Complexo do Lins ou da “Barreira” do conjunto do BNH .



Depois, no Rio, a onda que fizeram com os arrastões nas praias, na melhor tradução prática do ditado – nem sempre dito com ironia – de que “branco correndo



Leandro não deixa de ver o sentido discriminatório:



“Sempre houve, sim, certo preconceito de quem analisava de fora: que pobre não tem o direito de desejar esses produtos caros só porque é pobre. Que pobre deve se contentar com o Lojão do Brás e se preocupar com outras coisas.



Quem pensa assim, geralmente, diz: “Veja que absurdo, é pedreiro e tem um tênis de R$ 700. Deveria investir em livros”. E daí? O dinheiro não é da pessoa que o ganha?”.




Mas foge do que ele chama de “coitadismo”.



“Esses meninos são vítimas do império do consumo, etc…” Tá, e quem não é? Não estamos todos navegando nesta canoa furada?”



Ele tem razão, dizendo que mesmo que houvesse parques, praças e espaço de montão para todos, podia acontecer “rolezinho” por mera “zoação”



O “rolezinho”, os jovens que querem “zoar, pegar geral e dar beijo na boca” não tem nada de novo.



O que tem de novo é o foco político com que é visto, que revela o uso que a mídia e os poderes dominantes querem fazer da garotada.



Na falta de comunistas prontos a comerem criancinhas e já que os médicos cubanos não são uma brigada avançada para anexar o Brasil à ilha do Caribe, “salta” uma ameaça de iminente invasão das praças de alimentação.



É só isso, nada mais.



O resto é tão velho quanto o meu avô amarrar cobra morta num barbante e botar nas calçadas de Conservatória para dar susto nos passantes.



Esquecer que se foi jovem é um veneno.



PS. Em compensação, a Folha traz também artigo do Andrea Matarazzo defendendo a repressão aos rolezinhos nos shoppings em nome do “direito de ir e vir”. Ir e vir sem ver pobre, “seu” Conde?



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