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RODRIGO FREITAS
“Paramos num estacionamento e deixamos as malas dentro do carro que tínhamos alugado. Fomos lanchar. Em dez minutos, não havia mais nada dentro do veículo”. Essa história pode até parecer relato de turista que foi furtado no Brasil. Mas, o caso verídico é do administrador Marcelo Faria Peito, 49,de Belo Horizonte, e aconteceu em Miami, nos Estados Unidos. Ocorrências do tipo têm se tornado cada vez mais frequentes naquele país.
No ano passado, foram 224 ocorrências de furtos a brasileiros nas duas principais cidades da Flórida – Miami e Orlando –, segundo dados do Consulado-Geral do Brasil em Miami. É uma média de um furto a turista brasileiro a cada 38 horas. Em 2012, a média foi de um caso a cada 3,1 dias (117 ocorrências), praticamente a metade dos casos de 2013. Em 2011, foram 126 furtos a brasileiros: média de um crime a cada 2,8 dias.
O caso do administrador Marcelo Faria Peito, que viajou à Flórida com dois amigos em outubro de 2013, é emblemático e diz muito sobre as características de brasileiros que viajam aos EUA. Despreocupados por estarem no primeiro mundo, eles acham que a possibilidade de crimes ocorrerem é ínfima. “Quando olhei para as malas, falei para meu amigo: ‘Vamos deixar aqui mesmo, sem proteção?’. Ele respondeu: ‘Você não está no Brasil. Aqui é primeiro mundo”, conta Marcelo.
O grupo de amigos tomou um prejuízo de US$ 10 mil. “Só eu tinha comprado acho que uns dez pares de tênis. Eu fiquei com a roupa do corpo. Um dos meus amigos tinha comprado instrumentos musicais”, diz Marcelo, que procurou a polícia local, mas não teve o caso resolvido. “Pegaram nossos emails, mas não deu em nada. Estou esperando até hoje”.
A lição para o administrador ficou clara após o episódio. “Agora, fico mais atento. Não me preocupa se é primeiro mundo ou terceiro, o negócio é ficar atento para evitar esse tipo de situação que me ocorreu. Fiquei com a impressão de que Miami é mais perigosa do que Orlando. Miami tem gente do mundo inteiro. Orlando é mais tranquila”, avalia.
FAMÍLIA. História parecida tem a artesã Rosângela Oliveira Astone, 59, que viajou com a família por 35 dias, percorrendo diversas regiões dos EUA. No fim do périplo, a família teve as três malas que estavam no bagageiro do carro roubadas. “Foi uma decepção quando entramos no estacionamento. E olha que era estacionamento fechado, vertical. Eu nunca pensei que isso pudesse acontecer ali. E não sou preocupada com essas coisas. Nem sequer costumo trancar malas”, conta a artesã, que mora em Vila Velha (ES).
A família de Rosângela chegou a procurar a polícia local, mas a recepção não foi das melhores. “A polícia tratou a gente muito mal, como se não fôssemos ninguém. Meu marido desistiu de continuar os trâmites”, conta.
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